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Quem não estava a perceber nada desta história era o Ti Jaquim que coçava a cabeça enquanto murmurava” Em vez de Bést e Bêise afinal é...Bést e Bêise? Mas onde é que está a diferença?”
Não era a altura indicada para perder tempo com explicações fonéticas. Os meus olhos rodaram à procura de qualquer indício…que surgiu a meia dúzia de metros do local onde nos encontrávamos.
As quatro estátuas que delimitavam o jardim onde estávamos tinham sido colocadas sobre quatro imponentes pedestais. Num deles poderia estar o tal ‘tesouro’ se é que tal coisa existisse.
Não deixaria de ser irónico estar afinal tudo escondido mesmo ao pé da casa do Comendador em terreno seu.
Mas, ao mesmo tempo, seria estranho, porque o pretenso amante do escritor laureado fora sempre conhecido pela frugalidade quase monástica da sua vida e se tivesse um tesouro ali mesmo à mão de semear…
A não ser que tal facto não fosse do seu conhecimento.
Comecei o périplo das estátuas pela que se encontrava mais perto do local onde passáramos as últimas horas em escavações.
O estilo era inconfundível – tratava-se de mais um trabalho do mestre Barata Feyo, o mesmo escultor que realizara o Almeida Garrett que examináramos no Porto. Isto estava tudo ligado.
O retratado, desta vez, era outro Poeta, António Nobre que segundo as datas gravadas no pedestal viver entre 1867 e 1900.
A Cristina que me seguia de perto fez as contas de cabeça” Morreu novo…com 33 anos!”
“Como o Cristo…” concluiu o Ti Jaquim, a despropósito.
A segunda estátua, como aliás todas, o que viríamos a constatar rapidamente, homenageava outro poeta. Também ele dos finais do século XIX, morto com apenas 31 anos – Cesário Verde.
Depois, foi a vez de Mário de Sá-Carneiro que se suicidou aos 26 anos de idade, deixando, apesar disso, uma obra singular.
Ansiava por chegar ao último, também ele poeta, certamente…
Não foi surpresa ver quem é que aquela escultura, mais imponente, colocada num pedestal mais alto e elaborado, representava…
Um dos maiores Poetas de Língua portuguesa, se não o maior.
Com poemas escritos também em inglês o que terá facilitado, certamente, a sua descoberta por Hemingway…
O Maior, the Best…Fernando Pessoa.
Bem...vamos lá avançar.E já vamos em quantos episódios?
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