No espectáculo Uma flor para a Madeira, Jardim disse: "Portugal é tão grande, o nosso coração é tão grande."
Surpreenda- -se quem queira. Eu acho natural ele dizê-lo.
Tal como ele dizer as parvoeiras - como nenhum político português moderno jamais disse - com que enfeitou discursos, invectivas e provocações.
Só que, como o outro que nunca traiu a mulher sem fortes motivações lúbricas, nunca Alberto João Jardim atacou sem um ganho para os seus. Os seus: os madeirenses.
Haja alguém, neste país, tão preso às gentes, não às ideias para elas.
Jardim é um político. A minha definição de político é muito económica: é aquele que gere bens escassos. Só os fartos podem dar-se ao luxo da coerência.
"Aquele senhor Pinto de Sousa lá do 'contenente'..." de anteontem era ontem o "sr. primeiro-ministro, nós queremos agradecer--lhe..."
E ontem Jardim era sincero, como anteontem Jardim não o era. Ontem, no elogio, eu sei que ele não nos piscou o olho; anteontem, no insulto, quem não estivesse agarrado às ideias feitas saberia ver-lhe a traquinice.
De todos os políticos portugueses, todos, nenhum me agradaria conhecer mais.
Mas eu não sou ninguém: nenhum político português, desaparecendo bruscamente, deixaria saudades fundas a tanta gente.
E não era do líder, era do homem que é líder.
Ferreira Fernandes in Diário de Notícias
terça-feira, 2 de março de 2010
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Eu conheci (muito vagamente...) o Alberto João (é assim que o tratam na Madeira.)
ResponderExcluirEle pode ser desagradável, but it's an act.
Ele é tudo menos estúpido, garanto-vos.
:-|
Ora aqui está alguem que teve a coragem de publicamente elogiar o JJ que muitos admiram mas não o revelam.
ResponderExcluirTalvez seja o único politico em Portugal que "os" tem negros e no seu sitio, coisa que já é cada vez mais rara em Portugal.Que me seja perdoada a imagem...mas é assim que eu penso desde há muito !
A Madeira tem sorte no homem que lhe orienta o destino,está provado perante a tragédia que se abateu ali.
E o nosso pinóquio, bem assessorado, deu uma cambalhota e aproveitou inteligentemente a ocasião para agradar a muitos portugueses,sou obrigado a reconhecer embora contrariado...
...e não é "cinzento"...
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