Comigo isso acontece muitas vezes. De tão presente, o motorista de um veículo torna-se invisível.
Quantas vezes, após uma viagem de muitos quilómetros, se me perguntassem se o chauffer era branco ou negro, tinha barba ou guiava de óculos escuros, não saberia o que responder.
Mal entro num táxi é como se entrasse numa cápsula espacial com destino desconhecido. Aproveito para pôr os pensamentos em dia ( …mas os dias são sempre mais curtos do que os meus pensamentos!), enviar mensagens ( não gosto de falar ao telemóvel na presença de um desconhecido), anotar alguma ideia em risco de desaparecer…Mas também, acontece, por vezes, o oposto, como esta série de estórias o demonstra à exaustão.
Motoristas que exigem de nós uma atenção constante, como qualquer criancinha mimada ou, então, com uma conversa tão interessante e singular que captam a nosso interesse, sem problemas, e fazem com que o trajecto se encurte substancialmente.
Voltando a este caso concreto…
Entrei no automóvel, indiquei o destino pretendido, e procurei uma posição confortável na esperança, gorada como iria comprovar rapidamente, de passar pelas brasas, durante a previsível meia hora de viagem. Foi então que a pergunta “ Tem alguma preferência no trajecto?” me fez olhar melhor para a pessoa que ocupava o lugar da frente.
Melhor dizendo, a pergunta não teve nada de estranho, a diferença foi apenas no timbre feminino que não será o mais comum nesta profissão. Já tenho sido conduzido por outras mulheres motoristas profissionais, mas essa continua a não ser a situação mais habitual.
Estava eu a começar a debitar a resposta chapa 5 que tenho guardada para esta questão habitual e que é “ Escolha o/a Senhor/a…” e já a delicada senhora, com a janela toda escancarada, gritava lá para a frente, para alguém que buzinara “ Ouve lá ó meu ganda c$#%&0 porque é que não metes essa m&?%$a no…?” E, depois, já mais calma, voltada para mim “ O senhor desculpe mas estes caramelos fazem-me perder a cabeça. Já uma mulher séria não pode ganhar a vida honestamente…”
Assenti que sim com a cabeça.Tenho-me perguntado, várias vezes, porque é que eu, que até tenho mau feitio e nariz empinado, assertivo segundo alguns, concordo ( pelo menos, exteriormente) com tudo o que os condutores me dizem. E se ele gostam de dizer coisas…
“ Isto está a precisar é de outro Salazar!” Sim, senhor…com a cabeça, sem palavras.
“ O que nós devíamos era de passar a ser espanhóis!” Sim, senhor…com a cabeça.
“ Nunca acreditei que os Américas tivesse chegado à Lua. Já li que foi tudo montagem…” Como? Sim, senhor…
Desta vez estava a começar a ser mesma coisa…“ Os motoristas de táxi são a profissão mais machista que existe…” E eu, logo, que sim, que sim.
“ Olhe-me este gaijo que não f#?%e nem sai de cima. Ouve lá ó cabeça d’atum…porque é que não fazer um m#”$%&e à tua mulher, para ela não ter que te andar a pôr os c%$/!s com o padeiro?” Mas logo de seguida, com um sorriso cândido, toda voltada para trás “ O meu marido, um p#”&%!$*o da p$%%a, fugiu com um ‘mariconço’ qualquer, e eu fiquei-lhe com o táxi !”
E, já chegados ao destino, enquanto me entregava o troco “ A única coisa que me f#%e o juízo é que estes s”#$%!&s não sabem lidar com uma senhora…”
Vou pegar na minha pichola e dar cabo de todos os fdp's que acharem necessário outro 'botinhas'...
ResponderExcluir:-)
Excelente G.
:-))
Faz falta outro Salazar ?
ResponderExcluirPara quê se já cá temos um ??
James, vc anda distraido...:)
Z.M., não acho que isso seja justo.
ResponderExcluirO gaijo pode ser estúpido, ou semi-analfabeto, mas não é nenhum proto-fascista, acho eu...
Já sentia a falta de uma volta num Taxi destes...
ResponderExcluirGalo...
ResponderExcluirIsto é verdade, ou foste tu que inventaste???!!!
Ora, ora C. sabes perfeitamente, a vida imita a arte...
ResponderExcluir:-)