Lá fora o debate não vai melhor - Ferreira Fernandes

O eurodeputado Paulo Rangel denunciou em Estrasburgo "um plano do Governo para controlar os meios de comunicação social" que põe em causa "a liberdade de expressão."
Ao que parece, um plano gorado: o que disse Rangel foi distribuído pela Lusa e, ainda ontem, foi difundido pelas televisões.
Rangel também diz que "Portugal já não é um Estado de Direito".
Serei o último a desmenti-lo. Não porque concorde, mas porque não discuto com um jurista português o que é um Estado de Direito, mais depressa polemizo (e, aliás, também perco) com um climatologista que garante ser este um Inverno tórrido.
Rangel disse ainda que um "jornalista muito conhecido, Mário Crespo, (...) viu censurada uma crónica sua, também por sugestão, ou aparente sugestão, do primeiro-ministro."
Esta versão ainda não a tinha ouvido. Nem na versão dura, Sócrates para o director do JN: "Sugiro que o censure." Nem, do mesmo para o mesmo, na mole: "O Crespo ainda escreve aí? Ainda?..."

A intervenção de Paulo Rangel no Parlamento Europeu engalinhou os eurodeputados socialistas pela má razão: por "denegrir a imagem do País junto dos restantes políticos europeus", disseram eles num comunicado.
Essa é a razão parola. Combatam-no se ele não fala verdade, defendam-no se ele fala verdade.
A verdade já não é consoante aquém ou além Pirenéus.

Ferreira Fernandes in Diário de Notícias