Contavas, com graça,
os teus sonos irrequietos
das noites dos primeiros
tempos, quando ainda
faltavam quatro horas
para que
também eu acordasse.
Lembro o cheiro da tua pele,
a doçura dos teus abraços,
a alegria transformada em sorriso com que os lábios beijavam todos os dias.
Como um ribeiro fresco arrefecias a minha vontade de tudo querer fazer ao mesmo tempo.
Lembro-me de ti nas minhas primeiras guerras vitoriosas, nos jogos em que ganhava sempre e só mais tarde descobri que estavam viciados por amor.
Vivo agora um rio vazio quando sinto a tua ausência, quando estás esquecida no teu mundo que já não é nosso, quando me atiras com palavras até então desconhecidas ou quando caminhas sem me querer ao teu lado.
Convivo mal com a bicicleta cor de sangue que me deste e ainda tenho, com o Taihti pintado por Gaugin ou Diego Rivera que tu sempre adoraste, com as fotografias de Marraquexe repletas de cores e cheiros diferentes que ambos fizemos.
Lembro-me de ti, Mãe, sempre, mas já não suporto a dor das recordações. Quero-te!
Procuro-te continuamente e perco as forças, perco o ânimo, pergunto-te, pergunto-me porque não estás?
Quin
domingo, 29 de março de 2009
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Um abraço da Quimera
ResponderExcluirUm micro Conto carregado de realismo, saudade e tristeza.
ResponderExcluirMelancolia e saudade, embrulhadas em breves, embora curtas, palavras.
ResponderExcluirAplaudo de pé.
Só pode ter sido escrito por uma mulher...
ResponderExcluirGostei, mas soube-me a pouco.Continue.
Sensibilidade à flor da pele. Adorei.
ResponderExcluirnice...go on. :-)
ResponderExcluirMuito melhor que o Quin do Lápis.
ResponderExcluirNão sei porque é que dizem que só pode ser de uma mulher!?!
Os homens só sabem falar de"Gaijas"?????
Como se compreende pelo seu comentário, que só podia ter sido escrito por um homem, o Conto só podia ter sido escrito por uma mulher.
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