A rapariga desceu os degraus até ao rio.
Era uma rapariga só.
Nos seus olhos brilhava uma luz distante, perdida, no fundo negro das pupilas.
A cidade sentiu-lhe os passos leves e descalços.
A cidade sentiu-lhe os passos leves e descalços.
Os seus degraus, empedrados, acariciaram-lhe os pés, que sobre eles passavam.
O rio esperou, no seu marulhar sereno, no seu deslizar, ora para montante, ora para jusante ao sabor das marés.
O rio esperou, no seu marulhar sereno, no seu deslizar, ora para montante, ora para jusante ao sabor das marés.
O rio viu-a descer os degraus da cidade que lhe acariciavam os pés descalços...
O vento beijou os cabelos da rapariga, fazendo-os voltear.
O vento beijou os cabelos da rapariga, fazendo-os voltear.
Alguns cobriram-lhe o rosto... suavemente ela afastou-os e dos seus dedos a solidão saiu e perdeu-se no vento.
O sol brilhou com mais força aquecendo o vento que beijava os cabelos da rapariga descalça e leve, aquecendo os degraus que acariciavam os pés da rapariga descalça e leve, aquecendo a cidade que envolvia a rapariga descalça e leve.
A rapariga descalça e leve franziu as rugas finas que lhe circundavam os olhos e dos seus lábios de solidão saiu um queixume que a cidade amparou...
O sol brilhou com mais força aquecendo o vento que beijava os cabelos da rapariga descalça e leve, aquecendo os degraus que acariciavam os pés da rapariga descalça e leve, aquecendo a cidade que envolvia a rapariga descalça e leve.
A rapariga descalça e leve franziu as rugas finas que lhe circundavam os olhos e dos seus lábios de solidão saiu um queixume que a cidade amparou...
A rapariga contemplou o rio, olhou a cidade, sentiu o vento e abriu-se e a solidão fugiu dos seus lábios, deixou os seus dedos e a rapariga soube que naquela cidade, com aquele rio, com aquele sol, com aquele vento... seria feliz...
Contos do Feeling Estranho
Bonita história!
ResponderExcluirOxalá o cenário seja a Cidade Branca, do filme do Wim Wenders...
Desta vez não fiquei com um feeling estranho!
ResponderExcluirUma história que vai fluindo pela cidade, um texto cheio de harmonia...
Romântico, a meio caminho da Poesia, mas agradável e quase visual.Estou como a Margarida F.S., não gostei do primeiro com esta assinatura, mas este é bastante superior.
ResponderExcluirOu pelo menos eu acho.
Sim, fluente, harmónico, com um toque de poesia.
ResponderExcluirE eu continuo sem inspiração para meus contos de alcova( só me falta inspiração na escrita...).
ResponderExcluiruau !!
ResponderExcluirEu sou mais Clint Eastwood que Wim Wenders mas gostei do conto. Venham mais...
ResponderExcluirtem cheirinho ao Vina e ao Drummond, just my 2 cents ;-)
ResponderExcluiradorei.
Pensei, por momentos, estar a ver a minha doce
ResponderExcluirPamina...
Pedro Miguel P...
ResponderExcluirClint Eastwood é outra conversa!
Se nunca viu, deixe-me aconselhar-lhe " Na Linha de Fogo", com Rene Russo e John Malkovich, outro "grande".
O filme já tem uns anos, é de Wolfgang Petersen, e parece que os dois "grandes" nunca se encontraram durante as filmagens...
Se fôr ver, ou rever, olhe-me bem aquele trabalho de montagem...