Para um qualquer transeunte menos informado, a fila imensa que seguia o carro funerário lembrava o cortejo fúnebre de um artista de novela famoso, um jogador de futebol de primeira linha ou, no mínimo, de um político bem popular.
A longa procissão, que envolvia desde carros topo de linha aos fuscas mais remendados da cidade, misturava os senhores do crime que queriam demonstrar o seu apoio a Sérgio Cassini com elementos do povaréu, comovidos com a morte brutal daquela portuguesa na flor da idade e esperançosos de entreverem algumas figuras gradas do society local.
As viaturas seguiram a passo de caranguejo pela Rua do Jardim Botânico, por entre choros convulsivos e aplausos dos passantes que projectavam para o acontecimento o gosto pelo dramalhão mexicano e pela folia constante, sentimentos contrastantes, ou talvez não, que são dos mais queridos do povo brasileiro.
O percurso pela Rua Umaitá continuou vagaroso, até chegarem ao cemitério de São João Batista, onde uma multidão aguardava para se despedir de mais uma infeliz vítima do criminoso desconhecido, mas a que a imaginação popular já dera contornos de cérebro do Mal.
No momento em que os famosos começaram a sair das suas limusines e carros blindados, ouviu-se um bruááá imenso…
Dezenas de socialites, turbinadas pelo bisturi de Ivo Pittanguy e sucessores, ombreavam, lado a lado, com as vedettes do show bizz, podendo reconhecer-se o mulherão que é Cláudia Raia, amparada pelo marido, Regina Duarte e o seu eterno sorriso de orelha a orelha, que não seria o mais apropriado para a ocasião, ladeada pelos manos Caetano, enquanto o ex-Ministro da Cultura, Gilberto Gil, conversava com a ex- governadora de São Paulo Martha Suplicy,
sua colega pêtista.
O cemitério de São João Batista, sem “p” à boa maneira brasileira, situa-se no bairro do Botafogo, na Real Grandeza.
Tendo sido inaugurado há mais de 150 anos, ocupa uma área considerável e alberga muitas das figuras mais importantes da Cultura brasileira, com destaque para o Mausoléu da Academia Brasileira de Letras, onde estão muitos dos “Imortais” da mesma.
Quando o ataúde da nossa heroína desceu do carro fúnebre fez-se um silêncio respeitoso entrecortado aqui e ali por lamentos vários.
Logo atrás do caixão, caminhavam, de braço dado, Gabriela Torres e Sérgio Cassini. Um casal de grande beleza física, representantes máximos, pelo menos na aparência, de uma elite bafejada pela perfeição física e pela riqueza.
Teodorico, um pouco mais atrás, olhava-os com inveja, perdido nos seus sentimentos contraditórios.
Começava a odiar aquela mulher que lhe despertara uma paixão violenta para agora o tratar com soberana indiferença…mas ao mesmo tempo, desejava-a de uma maneira tão total, como nunca o sentira antes.
Lá mais para trás, um vulto escapuliu-se por entre os mausoléus...
Ainda vai haver crime no cemitério...
ResponderExcluirUau, J.V !
ResponderExcluirNotinhas à parte:
Humaitá, uma avenida enorme, que liga Botafogo ao Largo Sousa Machado, tem tasquinha de 'tuga' por tudo quanto é lado e todas ela têm caldo de mocotó às 4ªs ou 5ªs, já não lembro...
Também te deu hoje para o name-dropping, vamos a saber:
1. A clínica do Pitanguy é em Cabo Frio ou Angra, ou coisa que o valha. O gajú tem uma ilha só dele por aí, ou em Angra dos Reis, ou no raio que o parta...
2. A Suplicy (psi...) era casada com o Eduardo Matarazzo, senador, café, uma das mais antigas famílias de S.P. (indústria).
Na minha assim não tão modesta opinião, mais idiota que aquilo (essa gaja...) não há.
3. Sobre a Cláudia Raia... passo.
A Regina Duarte é uma senhora, e está tudo dito.
4. Parece que o Gil é melhor ministro que cantor, mas isso é uma questão de opinião.
5. Quem são os "manos Caeano" ?
Ele próprio e a Maria Bethânia ?
Nunca percebi porquê (amizades ? ) Caetano sempre apoiou públicamente os gajús do Brizolla no Rio, também foi o único lugar onde alguma vex foram eleitos...
Mas Caetano é magia pura, here, there and everywhere.
:-)
Isto já vai longo, acabei.
:-)
N.B.
ResponderExcluirEnganei-me no nome do largo, Sousa Machado são uns gajos de aqui (ou de Angola ?), nesse largo (Machado de qq. coisa) havia gajinhos e gajinhas a "fazer" capoeira -- a arte marcial -- às tantas da noite, uma perdição...
:-)