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Não era a primeira vez que Giselle aparecia no Copacabana Palace.
Com o pretexto de que não conseguia aguentar mais as saudades, deixava o apartamento de São Conrado, onde passava a maior parte do tempo, e fazia uma passagem pelo Copa, onde a sua chegada era sempre um momento de grande burburinho.
Realmente, o seu 1,80m, a que uma socas compensadas, último grito da moda, aumentavam dez centímetros, somado a um rosto perfeito de traços eslavos e uns olhos verdes rasgados, seriam mais do que suficientes para chamar a atenção de todos os homens e mulheres presentes.
Porém, se a tudo isto somarmos o facto de ser presença em todos os grandes desfiles de Moda, capa de inúmeras revistas, destaque no Sambódromo pelos Unidos da Tijuca e exemplo escolhido de bissexualidade assumida em todas as reportagens, nem sempre ma imprensa rosa, para as quais era sempre convidada, percebe-se porque a sua entrada na pérgola do hotel, era sempre um momento de rara emoção.
As vezes em que se encontrara com Sérgio, abreviara a visita sob pretexto de algo urgente a fazer, porém quando estávamos as duas sozinhas, mergulhávamos nas águas da piscina, aproveitando o ensejo para nos tocarmos sem grandes pudores, e depois, limpavamo-nos, reciprocamente, com as toalhas felpudas do hotel ou passávamos o óleo bronzeador pelas costas, nádegas e pernas da outra, causando ondas de excitação nos hóspedes que nos rodeavam.
Verdade se diga que, também nós, entontecidas pelo desejo, tínhamos que recorrer, muitas vezes, ao banho turco ou à sauna do hotel, dependendo do que estivesse vazio, e onde nos beijávamos sôfregas, percorrendo cada centímetro do corpo da outra com os dedos e a língua até explodirmos num orgasmo quase sempre simultâneo, que nos apaziguava momentaneamente, mas que nos fazia marcar, com carácter de urgência, um encontro mais demorado no apê de Giselle.
Fora também assim que começara o dia de hoje…
Eu bebia um suco de carambola, uma das frutas que descobrira nas minhas incursões brasileiras, quando a vi cruzar o átrio do hotel no seu catwalk de pernas longas e bem torneadas.
Talvez a morte de Deolinda e a explosão da véspera, com a morte dos venezuelanos à mistura, me tivessem deixado mais fragilizada mas quando Giselle me beijou no canto da boca e aspirei o aroma do Crème Onctueuse Parfumée Lolita Lempicka com que tantas vezes a massajara já, percebi que tinha que possuí-la, e ser possuída, de imediato.
Sem passarmos pelos preliminares da piscina, do óleo ou da sauna, subimos abraçadas até ao piso do meu quarto.
No elevador, ascensor por estas bandas, senti-me observada, pareceu-me até vislumbrar alguns sorrisos irónicos, mas não estava nem aí, já pouco me importava a opinião dos outros, ou o que pudessem pensar ou dizer…
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
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Seu J.V., a coisa hoje ficou sexy e brava !!
ResponderExcluir(lol ! )
Eu adorava a pequena praia de São Conrado (no entanto tinha bem no meinho uma espécie de 'esgoto' nojento, viria da Lagôa ?
Os teus personagens só andam pelo melhor hotel do Rio (o Copacabana Palace). Bom p'ra eles...
:-)
Adoro o suco referido, se encontra em qualquer barzinho de beira da estrada na Vieira Souto ou em qualquer outra, entre Copacabana e o Leblon...
Parabéns !!!
:-))
O quê? "Un homme et une femme"????
ResponderExcluirAnouk Aimée? Oui, c'est moi!