Uma das coisas que mais prazer me dá é chegar a um destino novo, desconhecido, descer do barco, do avião, do comboio e pisar, pela primeira vez uma terra virgem, para mim claro.
Sentir o cheiro da terra molhada, da folhagem tropical, das especiarias, dos corpos, da brisa salgada, é já uma viagem dos sentidos.
Respirar o ar pesado dos trópicos, a humidade das monções, o sopro quente dos ventos, é uma mudança para outra dimensão.
Subir ao Tirol e ver montanhas brancas a toda a volta, numa estética de cartão postal, não faz o meu género.
Visitar Versalhes e admirar a geometria cuidada dos jardins, não me deslumbra.
Sou um viajante de Pessoas.
Gosto de me cruzar com os habitantes de Tlaquepaque, no México, num mercado de verduras ou artesanato.
Paro em Times Square, numa esquina, para olhar os novaiorquinos num frenesim sem sossego.
Bebo uma água de côco em Ipanema ou no Pelourinho baiano, e olho as mulatas de saídas de praia coloridas ou tabuleiros de vatapá.
Mas abreviemos, para chegar ao assunto deste post...a Índia, e as suas múltiplas caras.
A Índia, país com 1652 dialectos e 23 línguas oficiais,em que mais de 25% da sua população ( o que perfaz uns 300 milhões de pessoas) vive abaixo do nível da pobreza, provoca em mim, sentimentos contraditórios.
Se, por um lado, reune muito do exotismo que eu aprecio, como palácios sumptuosos, arquitectura sui generis, uma gastronomia exuberante e saborosa que faz as minhas delícias, indumentárias coloridas, hábitos que para nós são singulares, tipos físicos variados e religiões que se cruzam, como o hinduísmo, o budismo ou o islamismo, por outro lado ostenta uma pobreza que atinge níveis aviltantes e que me provoca um choque e, porque não dizê-lo, vergonha por todo o conforto e desperdício ocidentais.
O contraste entre os Hotéis de Luxo com um serviço de primeira classe ou os Restaurantes com chefs internacionais, relativamente às crianças famélicas que passam por nós carregando às costas o irmão aleijado, ou os velhos esqueléticos e quase nus que vagueiam de olhar perdido, assim como as jovens prostitutas cadavéricas que vendem os seus "encantos" na Old Delhi, impedem-me de apreciar devidamente este destino que, considerado a 4ª maior economia do Mundo, está na 122ª posição, entre 182 países, em renda per capita.
Compreende-se porquê...
Não estou nada de acordo consigo. Em todas as sociedades existem ricos e pobres. Pensar que se pode evitar tal,é cair na utopia do comunism,o que deu os resultados que todos nós sabemos mas que alguns teimam em tentar esconder.
ResponderExcluirNão percebi no é que estamos em desacordo.Eu não contesto o facto de em todas as sociedades coexistirem Ricos e Pobres.O que a mim me desagrada,não só na Índia mas só que aqui a situação é mais extremada,é o estado de degradação física,moral e social em que,em pleno sec.XXI, todos nós permitimos que outros seres humanos vivam.E, embora forneçam fotos"emocionantes"não gosto de ver autênticos farrapos humanos( crianças,velhos,mulheres) a arrastarem-se pelas ruas para grande gáudio dos "camones" e das suas Nikon e similares.
ResponderExcluirNeste caso acho que tem toda a razão.
ResponderExcluirFazer turismo para ver a desgraça de crianças e velhos é doentio, é melhor ficar em casa.
A Índia não é só pobreza,basta assistir a um casamento local para constatar isso.E em monumentos encontram-se poucos países como esse.
ResponderExcluirmy recommendation, as an indian, or part of it
ResponderExcluirmichael wood- bbc- the story of india- 2007- 6 episodes