quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Aída - Verdi

Giuseppe Verdi nasceu em Roncole, filho de um taberneiro, e devido ao seu interesse pela música, demonstrado desde a mais tenra idade, teve o apoio de um rico comerciante local que lhe pagou os estudos musicais, primeiro em Busseto e mais tarde em Milão.
Verdi viria a casar com a filha deste seu mecenas, Margherita Barezzi, tendo-se tornado Mestre de capela e Maestro da banda de Busseto, o que lhe atraiu muitos inimigos.
Aos 26 anos, já a viver em Milão, escreveu a primeira das muitas óperas, quase trinta, que viria a compor, Oberto, Conte di San Bonifácio.
A segunda ,Un giorno di Regno, foi recebida com frieza, em 1840, tendo nesse mesmo ano morrido a sua mulher, com apenas 27 anos de idade e os dois filhos do casal.
Verdi prometeu nunca mais compor, o que felizmente para os seus muitos admiradores, não veio a acontecer.
Nabucco seria o seu primeiro grande sucesso e o famoso coro Va pensiero su ali dorate tornar-se-ia mesmo, uma espécie de Hino Nacional para todos os italianos.
Seguiram-se Rigoletto, Un ballo in Maschera, La Traviata,La Forza del Destino, Otello, Falstaff e a célebre Aida, que nos traz aqui hoje.
Em toda a Itália , Verdi era considerado um herói nacional tendo sido mesmo eleito deputado e,mais tarde, senador.
Quando morreu devido a uma trombose era tido como o maior compositor italiano, rivalizando apenas com Richard Wagner, na Alemanha.








"Verdi e Wagner são dois grandes vultos que se encontraram num mesmo tempo e tomaram caminhos diferentes: um escolheu a mitologia pura e o outro o realismo puro..."
Michaelangelo Veltri, Maestro argentino

A Ópera Aida foi encomendada pelo governo egípcio para a inauguração do canal do Suez.
É uma obra em quatro actos e sete cenas,com música de Giuseppe Verdi e libreto de António Ghislazoni, estreada no Cairo, em 1871.
As personagens principais são Aida, Princesa da Etiópia, tornada escrava, Radamés, general egípcio apaixonado por Aida, Amnéris, filha do Faraó, Amonasro, Rei da Etiópia e pai de Aida, o Faraó e o sumo sacerdote Ramfis.

No 1º Acto, Ramfis informa Radamés que a deusa Ísis decidiu que ele deve comandar o exército egípcio e derrotar os etíopes que cobiçam o Egipto.
Este, orgulhoso da escolha da deusa, quer alcançar uma vitória e dedicá-la à jovem escrava etíope Aida, por quem está apaixonado.
Amneris desconfia do motivo da alegria do militar e sente ciúmes pela sua escrava que julga, com razão, motivo de toda aquela excitação.
Aida divide-se entre o amor que sente por Radamés e o medo pelo destino de seu pai e o povo a que pertence.
"Celeste Aida forma divina, mística coroa de luz e flor,do meu pensamentoés a rainha, da minha vida és o esplendor.O teu formoso céu quisera devolver-te,as suaves brisas do solo pátrio,colocar sobre a tua cabeça uma coroa real" Radamés no I Acto





O segundo acto começa com a preparação para a festa de recepção do vitorioso general egípcio, que levou a melhor contra as forças etíopes.
Amnéris na tentativa de descobrir quais os verdadeiros sentimentos de Aida diz-lhe que Radamés morreu na batalha e, perante a dor manifestada pela jovem etíope, esclarece as dúvidas que ainda tinha.
Ao informar a escrava da verdade, diz-lhe que ela também ama o general e que Aida não tem qualquer hipótese de lho roubar.
A acção continua junto ao trono do Faraó que recebe Radamés e os prisioneiros etíopes.
Aida, ao ver o seu pai, incógnito entre os soldados, não resiste e abraça-o, comovida.
O Faraó resolve conceder a Radamés, como prémio pela sua vitória, o pedido que ele quiser fazer e este implora, seguindo as palavras de Amonasro, clemência para todos os prisioneiros.
Mantendo a sua palavra, o Faraó manda libertar todos os etíopes, com excepção de Aida e seu pai.
No mesmo momento, para grande consternação dos enamorados, anuncia o noivado do general com sua filha e a sua sucessão futura no lugar de faraó.


O 3º Acto inicia-se nas margens do Nilo, onde se encontra o templo de Ísis.
Ramfis e Amneris descem de uma barca e dirigem-se ao templo para preparar
o casamento que se realizará no dia seguinte.
Entretanto Amonastro pede a sua filha que durante a conversa que esta vai ter com Radamés lhe pergunte qual o caminho secreto que o exército egípcio utilizará para atacar de novo os etíopes.
Depois de resistir a esse pedido, Aida acaba por ceder e por conseguir que o seu amado
cometa essa inconfidência.
Este, ao aperceber-se da sua traição involuntária, entrega-se ao Sumo sacerdote enquanto Aida e o seu pai fogem.
" Fujamos dos ardores inóspitos destas terras nuas; uma nova pátria abre-se perante o nosso amor. Ali, entre bosques perfumados de flores, num extâse feliz esqueceremos o mundo". Proposta de Aida no III Acto






No último acto, Amneris, ainda apaixonada pelo militar preso,
tenta que ele peça clemência ao Faraó.
Este recusa e vem a ser condenado à morte por Ramfis e pelos outros Sacerdotes.
Enquanto Amneris amaldiçoa os Sacerdotes e reza por Radamés, o militar é sepultado.
Nesse momento, surge Aida que consegue entrar no túmulo para morrer juntamente
com o seu apaixonado.
Ao longe ouvem-se os cânticos dos Sacerdotes.
"Morrer! Tão pura e tão bela! Morrer de amor por mim. Na flor da tua juventude, fugir da vida! O céu criou-te para o amor, e eu te mato por te haver amado! Não, não morrerás.
Amei-te demasiado! És demasiado bela!"
Lamento de Radamés no IV Acto
Quando lhe fizeram a proposta de "escrever uma ópera para um país muito distante" Verdi
percebeu que era maior a distância cultural que geográfica, e subestimou a proposta.
Porém quando o Banco Rothschild se ofereceu como garantia do pagamento multimilionário proposto, Verdi meteu mãos ao trabalho.






"Creio que a vida é a coisa mais estúpida e, o que é pior, inútil.Que fazemos?Que fizemos? Que faremos? Tudo resumido a resposta é humilhante e tristíssima : Nada!"
Extracto de uma carta de Verdi à sua amiga Clara Maffei
























A estreia de Aida no Cairo, no dia 14 de Dezembro de 1871, foi um acontecimento social de projecção internacional com a presença de reis, príncipes, embaixadores, nobres e banqueiros. Contudo, para espanto geral ,Verdi não esteve presente no evento." Temi que os egipcíos me mumificassem" foi a explicação do compositor.
Contrariamente às duas outras obras já estreadas na Avenue de l'Opera, Carmen e Madame Butterfly, Aida não tem despertado grande interesse nas adaptações cinematográficas.
Um filme de 1953, com uma jovem e sensual Sophia Loren a fazer o papel da Princesa/Escrava etíope e voz de Renata Tebaldi, tem como únicos atractivos as curvas da estrela italiana, então em princípio de carreira.
Estávamos em 1953, ou seja há 56 anos...basta fazer as contas, como dizia o outro, para chegarmos à idade da Loren que ainda está ali para (...e com) as curvas, como se viu na entrega dos Óscares...

















Nota do “Galo”: Na Avenue de l’Opera já matámos a Carmen, a Madame Butterfly e, agora, a Aida. Prometemos para a próxima, uma Ópera com Happy End.
Abaixo poderão ver e ouvir a Gloria all’Egitto com que acaba o 2ºActo e a Celeste Aida, aqui interpretada por Pavarotti, com que começa a Ópera.



4 comentários:

  1. E a ópera regressou!
    Brindo com champanhe. Sem corantes nem conservantes.
    Quimera

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  2. Não sendo a "Aida" uma das minhas óperas de eleição, não posso, no entanto, deixar de partilhar com os outros amantes do belcanto, aqui do "Galo", uma verdadeira "pérola", pouco conhecida, e que me foi revelada por um grande amigo e músico de profissão:

    AIDA
    Gwyneth Jones/Placido Domingo
    Coro e Orquestra da Ópera de Viena, direcção de Ricardo Muti. Viena, 1973 (ed. Bella Voce).

    Ela, wagneriana de primeiríssima escolha...
    Ele, o que se sabe...

    E já agora, João, para quando uma óperazinha daquelas alemãs, leves(?!), curtas(?!) e fáceis(?!), como por exemplo o "Tristão e Isolda", de Richard Wagner, ou a "Salomé", do outro Richard, o Strauss???!!!
    Já não sou a primeira a pedir este disco...

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  3. nao e a primeira vez que discordo da nº. e nao sera a ultima, mas eu tenho as duas e prefiro na minha completa ignorancia a do abbado...gostos sao gostos.

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  4. e ja agora este gaju tambem era alemao (Bonn, 16 de dezembro de 1770)

    beethoven

    fidelio

    a minha e a do bernstein, gundula, lucia popp, kollo, fischer-dieskau, wiener ph.

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