terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O Casamento entre Homossexuais

Como já afirmei várias vezes, neste mesmo local, não gosto de dividir
o Mundo em Branco e Preto, em Esquerda e Direita, em Bons e Maus
ou qualquer outra dicotomia que não deixe espaço para as nuances,
os meios tons esbatidos, as zonas de sombra, as alternativas, as excepções...
Vem isto a propósito do Prós e Contras de ontem,
sob o tema do Casamento entre Pessoas do mesmo Sexo.
De um lado, os defensores do Não, apregoando a Defesa da Família,
da Procriação, do bem estar das Crianças, dos Princípios religiosos...
Do outro, os apoiantes do Sim, lutando pela Liberdade individual,
pela Expressão aberta dos seus Sentimentos,
pela Legalização e Oficialização das suas relações afectivas.
De ambos os lados se ouviu dizer que o Casamento,
mais do que um simples contracto para protecção das duas partes,
para tal bastaria a União de Facto, era um Símbolo.
Símbolo de Amor, de Escolha, de Liberdade.
Para uns, tendo como principal objectivo os Filhos
e a manutenção da Espécie,
para outros, tendo como intenção a celebração do Afecto
entre duas pessoas e, no caso específico dos homossexuais,
o fim de serem considerados portugueses de 2ª.
Penso que até aqui, haveria aspectos defensáveis dos dois lados...
O pior foi quando os oradores começaram a botar faladura.
O Padre António Vaz Pinto tentou conciliar a Conferência Episcopal,
com a Quinta da Marinha e o sagrado Sacramento do Matrimónio,
meteu os pés pelas mãos, num jogo de esgares lamentável.
Vaz Pato, juíz penso eu, defendia com unhas e dentes
que casamento sem Filhos não tinha razão de ser.
De seguida, a agressiva Constitucionalista Isabel Moreira
debitou o seu desprezo, em altos gritos, pelos opositores das suas ideias.
Defendia o Sim.
Fernanda Câncio, a noiva do nosso PM, seguiu-lhe o exemplo
falando aos seus adversários como se fossem atrasados mentais.
Deve ser defeito lá de casa.
Se algum dia procriarem, vamos ver vários pequenos Himmlers
a correrem pela sala.
No lado do Não, foi igualmente atroz, vários juristas ainda jovens,
Eduardo Nogueira Pinto, Salter Cid ou Rui Castro
destilaram os seus preconceitos homofóbicos,
temendo pelo bem estar das crianças entregues a casais deste tipo.
As duas claques batiam palmas, qual Sporting/Benfica,
ululavam, soltavam assobios e vaias.
Na realidade, senti muito mais ódio e intolerância
do lado do Não do que do lado do Sim,
se exceptuarmos os casos da jornalista Câncio
e da já citada constitucionalista feroz.
A noite foi contudo salva pela participação
do Professor Carlos Pamplona Corte-Real
calmo, tranquilo, e bem documentado e, principalmente,
pelas poucas vezes em que
o antrópolago Miguel Vale de Almeida, homossexual assumido,
defendeu as razões do Sim, terminando com uma citação dos Gato Fedorento.
Foi bem o exemplo de que em todas as opções políticas, religiosas
ou sexuais pode haver pessoas de 1ª, 2ª ou, mesmo, de 3ª.
Muitos dos que falaram ontem, pertencem a este último grupo.
Mas Vale de Almeida é, com toda a justiça, de Primeira...

6 comentários:

  1. Gostei de ver a sua posição de tolerância e até de simpatia para com o lado da razão, o lado do Sim.Há quatro anos que vivo com a minha companheira e não tenho quaisquer direitos sobre a casa que foi comprada em nome dela mas é paga pelas duas,não posso ser encarregada de educação do filho que ela tem de uma relação anterior e para os meus pais é apenas uma colega e amiga.Talvez agora tudo isto mude.

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  2. Para um hetero da sua geração não deve ser fácil tomar a posição que tomou.Parabéns, e obrigado.

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  3. Excelente. O Galo sempre na linha que tem norteado este espaço de tolerância e boa disposição.
    Gostei da escrita positiva da MTH.

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  4. Não tenho nada contra,embora não perceba muito bem,um homem gostar de outro,mas não me peçam que aceite o facto de poderem casar e poderem adoptar crianças.Se é tão óbvio porque é que nem 5% dos países legalizaram essa situação?Quanto ao Sócrates, o que e está é a tentar distrair o povo e dar, como é habitual, um toque de esquerda moderna sem qualquer alteração social ou económica digna de tal.

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  5. PMP,que você perceba muito bem ou muito mal é o que menos interessa para o caso.

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  6. É curioso que os que temem que as criancinhas sejam entregues a "casais deste tipo", esqueçam que muitos dos homosexuais de hoje foram educados por casais heterosexuais e very straight. Será que são então as Pessoas que contam e não o género?
    Quimera

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