sexta-feira, 6 de março de 2009

Só de Amor - Maria Teresa Horta


Ardente
Ardendo
no mar à sua roda
O corpo nada
e lentamente acorda
Pegas-me na mão
a saber
se existo
Se me exponho
ao contràrio
da tua alma
Deitas-me na cama
sem saberes
se eu fico
Encostas-me à parede
onde a cal
...acalma
Um corpo secreto
e espesso
por onde deslize o silêncio
A saliva da tarde
que vire o desejo
do avesso

Ponho um beijo
demorado
no topo do teu joelho
Desço-te a perna
arrastando
a saliva pelo meio
Onde a língua
segue o trilho
até onde vai o beijo
Não há nada
que disfarce
de ti aquilo que vejo
Em torno um mar
tão revolto
no cume o cimo do tempo
E os lençois desalinhados
como se fossem
de vento
Volto então ao teu
joelho
entreabrindo-te as pernas
Deixando a boca
faminta
seguindo o desejo nela

Os astros dos teus
dedos
a voarem até à minha cintura
A vencerem o espaço
dos corpos
A luz morena
dos teus ombros
a pôr-se à minha
cabeceira

Aperta-me forte
ao coração
Abraça-me depressa
sobre as asas
Debruça-me em mim
e porque não?
Envenena-me de ti
porque me salvas




Maria Teresa Horta
Só de Amor
(Publicações Dom Quixote)

2 comentários:

  1. Ora aqui está uma Mulher com maiúscula, um Exemplo para muitas...

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  2. Mulher/Homem não é isso que aqui está em causa, como aliás é acentuado pelas fotos de ambos os sexos.Poemas de grande erotismo e sensualidade.

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