Sentado na esplanada da praia, o homem olhava o entardecer
de olhos fixos na linha do horizonte.
À sua frente, o copo de cerveja permanecia mudo e quedo
com a espuma a desfazer-se, copiando o que lá mais abaixo
acontecia às vagas que deslizavam até à areia.
Os barcos dos pescadores recortavam-se nos tons laranja do céu
e bandos de gaivotas rodopiavam sobre os restos de peixe
abandonados junto às embarcações.
Ao longe o perfil discreto da capital.
As barracas de colmo em que alguns banhistas retardatários,
ingleses na sua maioria, ainda se mantinham estoicamente
apesar da baixa significativa da temperatura,
lembraram-lhe outras paragens, anos atrás.
No Mussulo, as águas quentes convidavam a mergulhos consecutivos.
Rapazes vendiam pequenas lagostas e frangos à cafreal.
Enquanto o seu grupo de amigos festejava ruidosamente,
o homem deixava a imaginação recuar no tempo e no espaço…
O barulho naquele bar, em Shangai, era quase ensurdecedor.
Montes de chineses faziam as suas apostas
de olhos fixos na linha do horizonte.
À sua frente, o copo de cerveja permanecia mudo e quedo
com a espuma a desfazer-se, copiando o que lá mais abaixo
acontecia às vagas que deslizavam até à areia.
Os barcos dos pescadores recortavam-se nos tons laranja do céu
e bandos de gaivotas rodopiavam sobre os restos de peixe
abandonados junto às embarcações.
Ao longe o perfil discreto da capital.
As barracas de colmo em que alguns banhistas retardatários,
ingleses na sua maioria, ainda se mantinham estoicamente
apesar da baixa significativa da temperatura,
lembraram-lhe outras paragens, anos atrás.
No Mussulo, as águas quentes convidavam a mergulhos consecutivos.
Rapazes vendiam pequenas lagostas e frangos à cafreal.
Enquanto o seu grupo de amigos festejava ruidosamente,
o homem deixava a imaginação recuar no tempo e no espaço…
O barulho naquele bar, em Shangai, era quase ensurdecedor.
Montes de chineses faziam as suas apostas
numa algazarra incompreensível,
aparentemente carregada de agressividade.
Pagou a forte bebida com um sabor exótico, e saiu para a rua.
As ruas tortuosas e sujas fizeram-no regressar num flashback
à sua cidade natal, no nordeste transmontano,
onde os miúdos da sua idade se entretinham a jogar à bola,
enquanto ele, de longe, os observava.
Já em pequeno gostava de ser espectador
e de não se meter em actividades colectivas.
Deixou-se levar pelo sonho, pela imaginação que, desde sempre,
o perseguira em intermináveis histórias sem fim.
Imaginou-se, em adulto, a viajar por paragens exóticas,
talvez por África e pela Ásia…
Viu-se a si próprio, anos depois, sentado na esplanada de uma praia,
olhando o entardecer, de olhos fixos na linha do horizonte…
Lourenço das Arábias
Pagou a forte bebida com um sabor exótico, e saiu para a rua.
As ruas tortuosas e sujas fizeram-no regressar num flashback
à sua cidade natal, no nordeste transmontano,
onde os miúdos da sua idade se entretinham a jogar à bola,
enquanto ele, de longe, os observava.
Já em pequeno gostava de ser espectador
e de não se meter em actividades colectivas.
Deixou-se levar pelo sonho, pela imaginação que, desde sempre,
o perseguira em intermináveis histórias sem fim.
Imaginou-se, em adulto, a viajar por paragens exóticas,
talvez por África e pela Ásia…
Viu-se a si próprio, anos depois, sentado na esplanada de uma praia,
olhando o entardecer, de olhos fixos na linha do horizonte…
Lourenço das Arábias
Embora tenha gostado dos anteriores,foi com este que pela forma e pela temática mais me identifiquei.Gostei muito,Lawrence...
ResponderExcluirMe deu vontade de chorar.Está de mais...
ResponderExcluirEste "microconto" fez-me viajar por aqueles finais de tarde de verão depois de um belo dia de praia, em que o corpo e a mente pedem uma pausa para introspecção. Boa "Lourenço das ..."
ResponderExcluirEscrita à parte, gostei da sensibilidade na abordagem da solidão, princípio e fim de olhos fixos na linha do horizonte...
ResponderExcluirTrês contos e três estilos diferentes. Boa a selecção e boa a colheita!
Começo a ter pena da minha falta de vocação literária.
ResponderExcluirTalvez ainda ganhe coragem...
A Margarida tem razão.Três géneros de escrita tão diferentes mas três bons resultados finais, com leitura muito agradável.
Este último protagonista,e o seu autor?dado ao isolamento e à observação merece o meu aplauso.
Vá lá não estejas tristinho...tens sempre os nossos "ombros" para te consolares.
ResponderExcluirFiz uma visita ao templo da Sabedoria e agora já estou preparado para enviar algumas pérolas da dita...
ResponderExcluirUau!!!!!!!!
ResponderExcluirDeem-me contos de viagens. Gostei da atmosfera.
ResponderExcluirGosto de "flashbacks".
ResponderExcluir"The Story Within the Story".