na pirâmide da gratificação.
É compor e reproduzir,
com o grau de semelhança que se quiser,
o mais perfeito e fascinante objecto.
E, ainda por cima, fala!
É um lugar-comum dizer que não se é nada se não fossem as mulheres que fizeram parte da sua vida: a mãezinha, uma avó extremosa, a professora primária que lhe ensinou o gosto pelas letras, a tia viúva que o introduziu nas artes do amor…
É um pena, mas não é o caso.
As mulheres da minha vida, sendo de carne e osso, são afinal de grafite e carvão, no papel.
Não é um fetiche; é uma aula.
O curso é técnico.
O Design quer-se uma disciplina séria, com parâmetros rígidos de actuação; matérias matemáticas e condimentos técnicos são o alimento do jovem estudante de Design (por favor, leia-se disain e não désain, como tantos insistem…). Pelo menos, é assim que os meus directores
querem vender o curso.
Eu não podia estar mais em desacordo.
Se acredito que foi preciso, a seu tempo, deslindar o Design das Belas-Artes, para se perceber que o designer é um acatador de encomendas, por oposição ao artista que cria a seu bel-prazer, hoje, perante as matérias tão técnicas que nos invadem as universidades, acho mais que oportuno reclamar a Arte para o Design.
A discussão do que é, ou não é, Design já não se coloca; a forma segue a função, neste sentido e não no antónimo, é uma máxima que tem sido apreendida pelo comum dos mortais. Já se percebeu que quando não funciona não há design e que uma peça não pode ter mais design que outra: ou tem, ou não. Pode é ser mais bonita, agradável, apetitosa, que outra. Mas lá está, se não funcionar…
A Arte, por seu lado, não se explica. Não tem função aparente e no entanto as maiores civilizações da história desvendam-se pela sua arte. O artista é um pária e, não obstante, imensamente adulado nos círculos da arte, especialmente depois de morto; a Arte é gratuita e desinteressada e, ainda assim, é ver obras custar o equivalente ao PIB de uma pequena república africana.
A Arte, por seu lado, não se explica. Não tem função aparente e no entanto as maiores civilizações da história desvendam-se pela sua arte. O artista é um pária e, não obstante, imensamente adulado nos círculos da arte, especialmente depois de morto; a Arte é gratuita e desinteressada e, ainda assim, é ver obras custar o equivalente ao PIB de uma pequena república africana.
O que tem de bom, então, a Arte? A meu ver, a liberdade.
Do artista e do observador (não gosto do termo apreciador que lhe confere um estatuto elitista). Livre de criar, livre de lhe emprestar significados; livre de conceitos, livre de preconceitos; vem de dentro e retorna, noutro corpo, para dentro, para a alma.
Agora digo-vos: é imperioso que se ensine jovens universitários a despertar para o tema da observação e representação através do desenho, com sentido artístico; usam-se modelos nus. Prefiro a mulher pela sua inquestionável superioridade em relação ao homem – é mais bonita, mais poética, sedutora; é a ninfa dos poetas e a musa dos escultores.
Agora digo-vos: é imperioso que se ensine jovens universitários a despertar para o tema da observação e representação através do desenho, com sentido artístico; usam-se modelos nus. Prefiro a mulher pela sua inquestionável superioridade em relação ao homem – é mais bonita, mais poética, sedutora; é a ninfa dos poetas e a musa dos escultores.
E tudo isto acontece no decorrer de um curso supostamente técnico.
Faz sentido? Todo.
É compor e reproduzir, com o grau de semelhança que se quiser, o mais perfeito e fascinante objecto.
E ainda por cima, fala!
Tem personalidade, tem carácter, tem autonomia.
E tudo isso pode o desenho captar.
Têm dúvidas?
Olhem para as mulheres de Ingres e sintam a sua sensualidade; deliciem-se com a melodia que cantam as mulheres de Matisse; deixem-se envolver no bailado das mulheres de Degas e, por fim, viajem com as nativas de Gauguin.
É sustentada pela estética, pela arte.
Caso contrário os projectos de arquitectura seriam feitos por engenheiros!
… Ãh? São?!... Estão aqui a dizer-me que sim,
que os projectos de arquitectura podem ser assinados por engenheiros... Sabiam disto?
Será que explica a qualidade de alguma arquitectura que alcatifa Portugal, de norte a sul?
Eu disse “alguma”? Foi benevolência minha.
Seguramente diferente de desenhar um carro - que adoro de paixão - ou uma paisagem que sempre me arrebata, não poderei nunca comparar o prazer que sinto ao desenhar o corpo de uma mulher a qualquer outro que já tenha experimentado.
Seguramente diferente de desenhar um carro - que adoro de paixão - ou uma paisagem que sempre me arrebata, não poderei nunca comparar o prazer que sinto ao desenhar o corpo de uma mulher a qualquer outro que já tenha experimentado.
E ainda fico com uma recordação do momento.
Quem pode gabar-se do mesmo?
Ei! Polaroid não vale!!
Moira de Trabalho
Moira de Trabalho
Moira de Trabalho ou "caixinha das surpresas" ?
ResponderExcluirPrcisarei de escrever mais?
Lindo...
ResponderExcluirCaixinha de surpresas??? Guarda Jóias em caixinha de música...com bailarina!
ResponderExcluirPalmas...muitas!
Alguém hoje acordou, e a inspiração desceu em cima. :-P
ResponderExcluirTem um "baixo-assinado" ? Porque eu também 'tou aí .
Se houvesse dúvidas de que o Prémio tinha sido bem atribuído , bastaria este texto e desenhos para provar que acertámos.
ResponderExcluirEsta é a verdadeira Cultura, utilizando nomes, Degas, Matisse, Gauguin, quando são mesmo necssários e não para mostrar que se sabe mais que os outros.Palmas !!!
Belo traço Moira.
ResponderExcluirFaço minhas as palavras da "oradora" precedente.
ResponderExcluirMTH, alguém definitivamente morreu, e tu ficaste dona dos "nomes" e da verdadeira Cóltura.
ResponderExcluirDeixa cá ver... Estaline, Brezhnev, ou Pires Jorge ?
Desenhos, texto, a Arte e o Design...tudo a valer a pena!
ResponderExcluirBons temas para discussão!
ResponderExcluir"O que é" a arte, ou melhor ainda "para que serve"?
A MdT, postula que o que tem de melhor é a Liberdade! Nobre sentimento...Boa!
Mas vem a MTH e diz: é Cultura!... Boa, também gosto, mesmo sem saber se nos referimos ao mesmo...
Mas MdT, parece-me que este "post" saíu um pouco ao correr da pena, saltitando entre vários temas para boas polémicas:
Como será Arte sem técnica? Será arte?
António Aleixo; os naífs; o Jorge Peixinho (esta foi maldade...http://cvc.instituto-camoes.pt/figuras/jorgepeixinho.html)
E a forma (O Design) segue a função?
http://www.infopedia.pt/mostra_recurso.jsp?recid=2593&docid=10581800
desta peça dizia o seu criador:
"O meu espremedor não serve para espremer limões, serve para iniciar conversas".
E os Arquitectos? São Designers (de casas, ou só de casas)?
Gosta-se das peças do Siza, como da sua arquitectura?
Como todos nós, gosto do trabalho aqui exposto da MdT.
E vou gostar de vê-la ao seu melhor.
Força aí...
Nossa rica sobrinha... ela até sabe o que é o "externocleidomastoideu" do corpo das mulheres!
ResponderExcluirEstamos satisfeitas!!!
OdP !
ResponderExcluirO espremedor dele não serve para espremer limões,as cadeiras dele não servem para se sentar, e é uma aventura tentar escovar os dentes com a escova-de-dentes dele... :-P
Ai, ai...
ResponderExcluirO que eu fui fazer...
Abri a caixinha de Pandora... essa é que é essa.
Muito grata pelos comentários de todos. Voltarei dentro de momentos (não digo é quantos).
Olhar do Planalto,
Gostei do desafio, do debate das polémicas; havemos de voltar a elas; e se há exemplo que dou nas aulas, é esse mesmo - o do espremedor que só deve ser usado no fim de semana em que os pais não estão.
MTH,
Os nomes que só devem ser ditos quando necessário - valente afirmação! Vou debruçar-me sobre isso e, se resultar, postar sobre o assunto.