Telhas e Telhados de Vidro

Era uma vez um pequeno pássaro colorido que voava na sua alegre ingenuidade em pleno céu aberto.
Lá de longe havia um caçador que o seguia já há algum tempo e que estava deveras interessado na sua colorida plumagem!
A mira fez contacto e.... o inevitável aconteceu, uma asa atingida, um grito de dor contido pela surpresa, a descida em espiral seguida pelo abrupto contacto com o solo.

Quando o pequeno pássaro recupera da surpresa pelo seu pequeno corpo ter sobrevivido ao ataque, ao impacto e mais ainda a não ter sido capturado pelo seu “predador”, é então que olha em redor e vê que se encontra num aconchegante e desconhecido “ninho”!
Um ser estranho aproxima-se, afaga-o e começa a falar-lhe com uma voz tranquilizadora, a língua dos passáros!
O pequeno pássaro agora todo cinzentão num misto de terror e desconfiança debate-se inicialmente, acabando por se deixar embalar por aquela voz bondosa, mantendo sempre os seus temores e receios presentes.
Recebe tratamento, carinho, atenção e dedicação, coisas que começavam a tornarem-se estranhas na sua vida.

A plumagem arruinada pelo susto começa, passo e passo, a retomar as suas cores originais, a sua asa recuperada, as suas forças revigoradas e a confiança reconquistada.
A vida continua, o pássaro colorido habitua-se à dedicação e estima que lhe são dispensadas, até que um certo dia vê o seu salvador em conversa animada com aquele que o tinha atingido, o terror apodera-se dele, imagina que tudo o que se passou foi encenado e preparado para o apanhar, todos os seus receios reaparecem!
Fica decepcionado, faz paralelismos com o passado, recorda o irrecordável e compara o incomparável!

Tudo isto para dizer que todos os “pássaros do mundo” têm, de alguma forma, as suas feridas de combate, seus receios e angústias..... que podem no entanto ser ultrapassadas com força de vontade e ajuda de uma mão amiga, mas que, de quando a quando e sem aviso, emergem como fantasmas e vagueiam pelo indicifrável mundo chamado Mente!

Muitas vezes estes fantasmas são mesquinhos e maldosos, oportunistas das debilidades alheias e tudo fazem para reinstalarem o receio e as inseguranças passadas!
Outras vezes porém são apenas indicadores subtis de aproximação de perigo – a tarefa difícil é saber distingui-los!
Cabe a cada um de nós entender, decidir e escolher o melhor caminho, o livre arbítrio está do nosso lado.
Desejo-vos uma feliz e serena caminhada!

Lisa