Sufocado entre a multidão de seres iguais,
tentei soerguer-me, respirar o ar que previa existir
acima daquelas cabeças.
Por um breve segundo, senti o beijo do vento frio.
Um grito, há muito reprimido, soltou-se.
Foi um pequeno instante, que valeu uma eternidade.
Depois a multidão, envolveu-me, de novo.
E lá segui, rumo a coisa nenhuma.
quarta-feira, 1 de abril de 2009
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Para começo de dia, um verdadeiro pesadelo...
ResponderExcluirBelo texto a ilustrar, na perfeição, o quadro do Edvard Munch.
ResponderExcluirPode ser tão libertador um grito.
ResponderExcluirSó que gritos individuais não se ouvem...
ResponderExcluirO grito deveria ser da multidão.
Excelente texto.
ResponderExcluirE ao lê-lo, só me recordava de Soren Kierkegaard: "A Multidão é a Mentira".
Pequenino, mas com um belo par de...frases!
ResponderExcluirO "rumo a coisa nenhuma" consegue ser ainda mais sufocante do que a formatação da "multidão de seres iguais"!
ResponderExcluirÉ como eu me sinto alguns dias.
ResponderExcluirBelo poema/conto.