Logo à entrada causou-me imensa satisfação o espaço da Mediateca, integrando um bem apetrechado sector audiovisual e uma biblioteca com centenas de volumes.
Tudo devidamente ordenado, classificado, denotando um plano de culturalização e promoção da literatura.
A sessão teve início com um vídeo excepcionalmente criativo sobre o tema de que iríamos falar. Um documentário dinâmico, pleno de inventividade técnica e... realizado pelos próprios alunos.
A surpresa seguinte, no prosseguimento da sessão, teve como protagonista uma aluna, de nome Carla, que transmitiu aos colegas, numa dissertação de vinte minutos e de improviso, com um nível lexical não aprendido decerto nos concursos televisivos, a essência de um romance de quase 400 páginas. Não se julgue esse exercício como resultante de um "empinanço" do livro ou de partes do livro. Não. O que a Carla fez, com admirável proficiência, foi uma leitura atentíssima da obra para depois não só gizar o enredo mas também e sobretudo realçar a filosofia e a pedagogia subjacentes, de forma mais ou menos discreta, à narrativa.
O espaço dedicado às perguntas, que se prolongou por uma boa hora, não foi menos cativante. Perguntas formuladas com imensa lucidez, objectividade, pertinência. Pobre de mim, tão necessitado ando de ânimo e confiança que não desperdicei o ensejo para me entregar, fraterna e familiarmente, aos meus jovens interlocutores. Não o teria feito com os alfabetizados funcionais com que me cruzo todos os dias. Assim, dei comigo a desenlaçar confidências que uma hora antes juraria não fazer.
Em silêncio me deliciei com apartes brevíssimos dos professores presentes. De facto, nas alusões a um autor, a um tema, a uma situação, lá estavam os mestres (professores Sérgio Quaresma e Luís Martins) advertindo os eventuais interessados para a possibilidade de consultarem um determinado livro na biblioteca ali ao lado.
Saí desta escola modelar com a tristeza de saber que outras (muitas outras?) estarão longe de alcançar um tão elevado nível de excelência.
Ocorreu-me então a ideia espaventosa de os nossos alunos do ensino básico e do secundário se organizarem, também eles, num briguento sindicato que reinvidique, estrepitosamente, obstinadamente, o "acesso garantido" a escolas excelentes.
Mesmo que nenhum, ou poucos, ascendam ao "topo da carreira".
Pedro Foyos
Jornalista
Agradável surpresa.
ResponderExcluirPedro Foyos, estás quase completamente por fora, ou estás a brincar ??
ResponderExcluirSempre houve "sindicatos" de estudantes, até ao final dos anos 60 dominados pela extrema-direita, depois pelo PêCê, e na altura do 25.04 pelas diversas estremas-esquerdas.
A coisa chamava-se movimento associativo, e não me digas por favor que nunca ouviste falar nisso...
No secundário o nome da coisa era MAEESL, e eles eram fortíssimos em liceus importantes como o Pedro Nunes, o D.João de Castro, o Gil Vicente, o Amália, o Filipa de Vilhena, etc.
Olha só, o João Carlos E. (Pedro Nunes, salvo erro) que agora anda armado em liberal e o raio-que-o-parta era um dos manda-chuvas...
Não acredito nessa conversa de os putos de agora serem a geração "rasca" ou "x" ou "perdida", ou lá o que é.
Acho que isso é apenas conversa de adultos que estão absolutamente a leste e não entendem nada, são incapazes de olhar o mundo com outros olhos que não os seus...
:-(
O PF está a fazer, suponho eu, um paralelo com a pressão exercida pelos professores que ,assim, conseguiram atingir os seus objectivos.
ResponderExcluirA questão de um real Sindicato não estava a ser equacionado mas o Alvega a 500 à hora, como é costume, passou por cima da mensagem...
Trave, homem, se não ainda tem um ataque cardáco !
Se passei ao lado (ler e comentar aqui não é exactamente o meu destino, sorry P.G., I basically do what I fuckin' can...) tenho pena, lamento e etc.
ResponderExcluirHá vida --- e quanta... --- para além daqui, há mutíssimos anos (poix...) e tudo, as solicitações são mais que muitas, again, so sorry if I missed the friggin' point and offended you.
As coisas são como são, e o que não tem remédio remediado está.
Fique bem,
A.
Ah, e , acabei de reler o texto do P.F. e o teu comentário, e acho que vou passar umas horinhas a tentar decidir qual deles é que fax menos sentido...
ResponderExcluirQuanto a mim, o que está em questão, aqui, acima de tudo, é a qualidade da Escola e do Ensino, enquanto "formadores" de indivíduos e mentalidades...
ResponderExcluirPois é, Pedro … mas, infelizmente, a Escola Secundária de Mem Martins é a excepção e não a regra !
ResponderExcluirEntendi ( julgo, pelo menos …) a tua “mensagem “, ao sugerir, de uma forma sarcástica, a criação de um Sindicato dos Alunos e, sarcasticamente também, respondo: porque não ?
Se já temos uma aberração chamada Sindicato dos Juízes ( que mais não é que uma forma promíscua de baralhar questões corporativas com posições de órgão de soberania) , o que impede os alunos ( que também não são uma classe profissional …) de ter o seu “Sindicato” ? Até já estou a imaginar a primeira reivindicação: “Se os Professores atingem todos o topo da carreira, nós também queremos progressão automática e sem exames até atribuição do Mestrado “ ! Ou há igualdade …