Mais ou menos em estado de choque ouvi então toda a história que a, cada vez mais, ‘Foxy Lady’ tinha para me contar.
Acontecia que o Comendador Salcedas já era um cliente antigo.
Embora discreta nos pormenores, Cristina lá foi levantando um pouco do véu de alguns dos negócios anteriores, em comum.
O primeiro contacto fora por causa de uns ‘Keith Haring’ que o Comendador queria adquirir, não se importando nada com a veracidade das obras mas sim com o impacto que fariam junto aos inúmeros convidados dos seus jantares, tão ricos e ignorantes como ele.
Não que as cópias, executadas por um basco, a viver algures fora do seu país, fossem de qualidade inferior, dado que até enriqueciam a colecção de um dos mais conhecidos museu espanhol de arte moderna…
Seguira-se o pedido de espionagem junto a uma empresa de vinhos de um seu amigo, rival e concorrente, oriundo da Madeira.
E aí a Cristina concedeu-me um sorriso e uma confidência – este último era também seu cliente, em serviços muito semelhantes aos do outro.
Só há dois meses, fora contactada para uma reunião nos escritórios do Norte, o que até achara estranho porque os seus serviços costumavam ser pedidos com o máximos de discrição, não existindo, na maioria dos casos, qualquer contacto pessoal entre ela e os seus ‘investidores’.
No escritório faraónico do comendador, decorado com imensas obras de arte
( algumas das quais fornecidas a ‘preços módicos’ pela própria Cristina), paredes forradas a madeira e espessas carpetes orientais, foi-lhe., então, pedido que encontrasse um especialista na obra de Hemingway, mas que não estivesse demasiado embrenhado nas ‘capelinhas’ intelectuais.
De preferência, que fosse um bom vivant para quem o dinheiro vivo tivesse importância. Se é que, para alguém, não a tem…
Nessa parte da conversa, senti-me a ser catalogado junto aos tais mercenários de outro tipo de trabalhos, mas, não quis interromper, para que não se perdesse o fio à meada.
“ Depois das minhas pesquisas preliminares, comecei a aparecer na ‘ Estrela do Bairro’ e a observá-lo de longe. Fui ouvindo as suas conversas, falando com a D.Rosa a seu respeito, assim como com vizinhos seus , colegas e amigos…”
Quer dizer que tenho estado, há já imenso tempo, no Big Brother e sem saber de nada…
Cristina deve ter-se apercebido do meu ar amuado, porque sugeriu:
“ Eu não tive direito a um pequeno-almoço reforçado como o seu, o que me diz a irmos comer qualquer coisa?”
Não sei se teria sido a intensidade da conversa, o cheiro a maresia ou o forte vento a fustigar-me a cara, mas na realidade, o estômago já começava a dar sinais…
E, ainda por cima, mesmo ali ao lado, faziam umas Ameijôas à Bulhão Pato e uma Açorda de Marisco, divinais.
Mas, mais uma vez, a Foxy Lady cortou-me as voltas.
“ Então, vamos metermo-nos no carro porque a próxima paragem é em Sintra…"
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
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The plot thickens...
ResponderExcluirBoa bola G !
Nota marginal:
a Foxy Lady está proibida de nos ajavardar Sintra, senão eu pego nos meus vizinhos e ensinamos-lhe com quantos paus se faz uma canôa.
Estou a brincar...
:-))
Ainda vai parar à Regaleira com cenário apropriado, cheio de simbolismos.Maçons será?
ResponderExcluirOkies , cenários, se alguém por aí tiver um dente dôce e se não estiver numa de monumentalidade tardo-gótico-manuelino (a Regaleira e os respectivos jardins não são de se deitar fora... e há logo à entrada um barzinho semi- pois...)
ResponderExcluirAs queijadas são na SAPA (na Volta do Duche), os travesseiros são na Periquita --- melhor na 1 ao pé do Palácio da Vila, que na 2 lá umas três ruas acima... --- e os pastéis de nata no Gregório, à entrada da vila quando se vem do Estoril.
Dix quem sabe e é de lá, e eu confirmo, cuidado com as calorias...
:-)
Voto na hipótese da Quimera!
ResponderExcluirE não esquecer as "nozes", no Gregório...