sábado, 20 de setembro de 2008

Todos iguais, todos diferentes


Aqueles dois irmãos eram gémeos idênticos.
Idênticos, não... eram tirados a papel químico. A mesma altura, cor de olhos e de cabelo, timbre e tom de voz, maneira de andar, de comer, de sorrir, enfim, iguais como duas gotas de água (...perdoem-me o lugar comum!).
Já tinham até namorado, em simultâneo, a mesma rapariga, sem ela notar nenhuma diferença superficial ou, mesmo, mais aprofundada.
Quando estudantes tinham tido as mesmas notas, tirado o mesmo curso, arranjado emprego na mesma empresa.
Tinham comprado carros iguais, casas geminadas, passavam férias juntos.
Tiveram sarampo, tosse convulsa e varicela na mesma altura. Curaram-se no mesmo dia.
Gostavam dos mesmos pratos, da mesma marca de cerveja, dos mesmos restaurantes.
E era assim com os filmes, livros e música. O que agradava a um, era o preferido do outro.
A roupa era comprada em duplicado.Todos os dias combinavam o que vestir.
Jogavam os dois ténis. Praticavam ambos natação.Gostavam de ver futebol...
...E era essa a única diferença!
Enquanto um era doente do Benfica, o outro era fanático pelo Sporting.
Naquele dia, frente ao écran gigante só se diferenciavam pelos cachecóis - vermelho num, verde e branco no outro.
Tentaram controlar-se durante todo o jogo, mas quando o árbitro marcou um penalty inexistente e o mano comemorou ruidoso, Caim não resistiu...
...Foi buscar o revólver e descarregou-o no irmão, enquanto Abel festejava ainda o golo acabado de marcar.

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