domingo, 30 de novembro de 2008

Publicidade - Ontem, Hoje e Amanhã

Por uma questão de organização vamos dividir este post em três partes - A Pré-História da Publicidade, a Antiguidade Clássica e a Era Moderna, que são os dias actuais.
Eu que trabalhei em Publicidade em quatro países ( embora um deles, Moçambique, fizesse parte, na altura, de Portugal) e durante cerca de 35 anos, apanhei o fim da Pré-História, toda a Antiguidade Clássica e os primórdios da Era Moderna. É um pouco dessa experiência que vou tentar partilhar, de uma forma simples e sucinta.

Nos anos mais longínquos, o slogan de que mais se fala é o célebre Primeiro estranha-se e depois entranha-se, criado por Fernando Pessoa para definir o sabor inesperado da Coca Cola.

Digamos que como publicitário Pessoa é um grande Poeta. Não sei se a fraca qualidade do texto terá contribuido para o afastamento da Marca, que só voltaria ao nosso mercado muitos anos depois.


Os anuncios eram essencialmente feitos para a Imprensa e baseavam-se numa ilustração, com um pequeno texto, em que até as letras eram desenhadas à mão.
Os Pintores Carlos Botelho, famoso pelos seus quadros de Lisboa, D.Thomaz de Mello(Tom) que reinava no mundo dos stands e das exposições, João Câmara Leme, Sebastião Rodrigues ou
Luís Filipe Abreu, são alguns dos nomes sonantes da época.










Na Antiguidade Clássica descobriu-se o poder dos textos.
Os Escritores, debaixo de olho pela Pide e pela Censura, e com poucas hipóteses de empregos convencionais, encontravam nos seus trabalhos para as Agências de Publicidade, muitas vezes como free lancers, uma forma de arredondarem os proveitos mensais.
Na Belarte, uma das maiores empresas dessa altura, tive o prazer e a honra de, eu um puto de 17 anos, ter trabalhado com o Ary dos Santos, que irrompia atelier adentro a declamar Aristóteles, visita de casa de minha Avó, não acharia esquisita esta forma de estar só.
Preparava então o seu livro Adereços, Endereços, de que ainda guardo um exemplar autografado.
É dele uma das mais bonitas, e eficazes, Campanhas de então - a Minha Lã, Meu Amor encomendada pela Woolmark.
Noutra Agência, a Publiarte, viria a trabalhar com o Luís Sttau Monteiro e o José Cardoso Pires, eu como maquetista, visualizador como agora se chama, e eles como copywriters.
Mas também o Manuel da Fonseca, com quem tive almoçaradas de horas, ouvindo histórias intermináveis, o Orlando Costa, pai do Ricardo e do António Costa, director da Marca, o Urbano Tavares Rodrigues e tantos outros, davam o tom intelectual e de esquerda que a profissão tinha, então.
A língua técnica era o Francès com os depliants, desdobráveis que se transformaram em flyers, as maquettes, na actualidade layouts, os croquis que sãos agora os roughs, e por aí fora.
Começavam a fazer-se os primeiros Filmes para Televisão, com produções muito rudimentares.
Trabalhava eu, então, na Ciclorama do António Cunha Telles, por onde passavam, todos os dias, o Fernando Lopes, o Paulo Rocha ou o António Macedo. Os reis dos filmes de Animação eram o Mário Neves, pai do talentoso Mário Jorge, e o João Martins, com quem fiz vários trabalhos.


As Agências, até aqui nacionais em exclusivo,
começaram a ser compradas por multinacionais.
A Martins da Hora
tornou-se McCann,
a DC3, Abrinicio, entre dezenas de outros casos.
estava prestes a entrar-se na Era Moderna em que os Escritores, os Gráficos vindos da António Arroio e das Belas Artes, seriam substituidos, e bem quanto a mim, pelos técnicos de Comunicação, de Relações Públicas, de Gestão, etc.
Ter-se-á perdido alguma boémia, romantismo e irreverência, mas ganhou-se, com certeza, mais eficácia e profissionalismo. Espero eu...



O primeiro sintoma de mudança foi o surgimento do Inglês como língua oficial.
Webdesigners, Consultants, Concept Board passaram a ser palavras habituais.
Tagline, Bodycopy, Packshot ou Buzzwords entraram nos diálogos diários de publicitários, no geral jovens recém formados, com os seus clientes, product managers, vindos de uma formação académica muito similar.
A técnica de produção evoluiu imenso, introduz
-se o humor em muitas das peças veiculadas, medem-se os resultados, comparam-se as diversas abordagens, os media planners escolhem criteriosamente os media mais indicados para cada produto.
































...E agora, qual será a próxima etapa da Publicidade?

Fat Joe&Miss Piggy chegam à Roseta

Miss Piggy e Fat Joe são os mais recentes residentes do Monte da Roseta. Estes dois leitõezinhos alentejanos, irmãos da mesma ninhada ( os restante sete foram entregues a um benemérito local, o Restaurante Joaquim dos Leitões) foram buscar os seus nomes à principal personagem feminina dos Marretas e ao anafado e popular rapper.

De início, chegou a pensar-se em Porky&Bess, para a delicada dupla, mas a maioria venceu...


Muitos anos de pocilga incestuosa, com muitos leitõezinhos à mistura
são os votos do "Galo"...

Jorge Amado e as suas(muitas) Mulheres

Para gostar dos livros do Jorge Amado não é preciso ter comido vatapá, bebido uma água de coco em Itapuã, assistido à passagem de um bloco carnavalesco, ter estado num terreiro de Santo, ou, muito importante, olhado com atenção o requebro de uma, ou mais, baianas da gema. Não é preciso...mas ajuda a compreender, e a gostarmos ainda mais.








As minhas primeiras leituras do Jorge Amado, não foram as suas obras mais populares.
Os Subterrâneo da Liberdade, em 3 volumes, e
O Cavaleiro da Liberdade, que antes fora baptizado A Vida de Luis Carlos Prestes, todos proibidos em Portugal, e lidos às escondidas, despertaram-me para a obra do grande escritor baiano e colocaram a semente daquele que seria um dos Amores da minha Vida- o Brasil.
Os livros eram muito realistas e politizados, com situações extremadas em que os trabalhadores eram sempre honestos, corajosos e viris e os capitalistas uns exploradores, sem escrúpulos nem moral.
Era a fase em que Amado pertencia ao Partido Comunista Brasileiro, tendo até sido eleito para um cargo governativo. Em 1956, o escritor abandonaria o Partido.






Jorge Amado nasceu em Itabuna, na Baía, e teve três irmãos que, à boa maneira brasileira, tinham todos a mesma inicial Jofre, Joelson e James.



Passou a infância em Ilhéus, a adolescência em Salvador, mas com vinte anos já vivia em Ipanema, no Rio.
Os seus primeiros trabalhos retratavam de um modo neo-realista as condições de vida do povo brasileiro. Cacau, Suor ou O País do Carnaval são bons exemplos dessa fase.
Seguiram-se Jubiabá, Mar Morto, Capitães de Areia, Terras do sem Fim e Seara Vermelha.
Todos estes foram editados pela Publicações Europa- América, tornando Jorge Amado o escritor brasileiro mai popular da minha geração.



E chegamos à época que originou este post.
Em 1958, na sua nova casa de Petrópolis, perto do Rio, já afastado da militância política, Jorge Amado escreveu Gabriela, Cravo e Canela, o seu primeiro livro em que a personagem título é uma mulher de grande força, o que traria uma nova graça e sensualidade à sua obra.
A primeira edição do livro foi de 100 000 exemplares, seguindo-se uma adaptação para a Televisão , que originaria uma telenovela de grande sucesso, com Sónia Braga na protagonista e
Armando Bogus no seu Nacib.
Anos depois, Sónia repetiria o papel no Cinema mas desta feita contracenando com Marcello Mastroianni.

Depois de Os Velhos Marinheiros e Tenda do Milagres, surge Dona Flor e seus dois Maridos, novo grande êxito, que Bruno Barreto adaptaria ao Cinema com Sónia Braga a fazer de Dona Flor e José Wilker e Mauro Mendonça nos maridos safado e bem comportado, respectivamente.
Entretanto Jorge Amado ia sendo homenageado com todos os prémios possíveis, recebendo a maior honra que um baiano pode ter- ser escolhido como tema carnavalesco por várias Escolas - Carnaval com Bahia de Jorge Amado, Jorge Amado , Axé Brasil e Tieta do Agreste, foram três desses enredos.


Vem depois Tieta do Agreste, boom de vendas e como já se tornava hábito, adaptação televisiva de sucesso, desta feita com Bety Faria( que seria substituida por Sónia Braga, sempre ela, na versão para Cinema).
Numa das minhas viagens ao Brasil, mais precisamente a Natal, tive ocasião de viitar as locações naturais em que as filmagens da novela
foram feitas.


Seguir-se-ia Teresa Baptista Cansada da Guerra, que sem se ter tornado uma personagem mítica como as suas antecessoras , não deixaria contudo de engrossar as hostes das Mulheres de Jorge Amado, belas, arrojadas, sensuais e atraentes, enfim, magníficas representantes das mulheres brasileiras.


A Fundação Casa de Jorge Amado em pleno Pelourinho ( onde este artolas que vos escreve , foi assaltado) é local de romagem dos muitos turistas nacionais e estrangeiros que aportam a Salvador.
Outra homenagem, mais popular e certamente mais do agrado do escritor, é ver os seu títulos espalhados por toda a cidade.
A Tenda dos Milagres e Os Velhos Marinheiros são nomes de restaurantes, Capitães de Areia um bar, numa cidade em que tudo, das comidas como a muqueca ou o siri de camarão, às caipirinhas, as músicas de Caetano ou Dorival Cayimi, as cores das casas e a sua arquitectura, o artesanato, a cuíca e outros instrumentos musicais, sem esquecer as belas baianas...tudo nos faz lembrar o grande seu Jorge ...














Guardámos para o fim, de propósito, a mulher mais importante da vida do Escritor - Zélia Gattai.
Amante, esposa, companheira de largas décadas, Zélia acompanhou-o sempre nos momentos de glória e também nos de exílio ou prisão, nos Prémios e na doença, nos êxitos, nos desgostos, e até, no prazer da escrita.
Saravá Jorge Amado, Saravá Gabriela, Dona Flor, Tieta e Teresa, Saravá Zélia Gattai...


sábado, 29 de novembro de 2008

Just Peanuts

Durante 50 anos, entre 1950 e 2000, Charles M.Schulz criou, escreveu e, inclusive, desenhou as legendas, de uma das comic strips mais queridas do público - os Peanuts.

A tira diária começou em jornais, de apenas sete cidades, Washington, Chicago, Minneapolis, Allentown, Bethlehem, Denver e Seattle.

Quando terminou, um dia após a morte de Schulz,
a série era distribuida por 2600 jornais
de 75 países e traduzida em 21 línguas.

O autor dos Peanuts, Charles M. Schulz, criou alguns dos personagens mais populares da história das Bandas Desenhadas para jornais e desenvolveu a técnica de fazer pequenos relatos
em quatro ilustrações, nos diários, ou em meias páginas, nos suplementos de fim-de-semana.





















Snoopy, um dos mais famosos cães dos Quadrinhos, é um beagle que começou por ser apenas o animal de estimação de Charlie Brown, a personagem principal, mas que foi ganhando terreno, tendo-se tornado o desenho mais emblemático da série.
Os seus outros companheiros são Franklin, Lucy Van Pelt, Linus Van Pelt, Peppermint Pepper e Sally Brown..



Charlie Brown é um herói muito sui generis, pois associa
uma timidez extrema, com falta de auto confiança, nervosismo,
e uma total inabilidade para fazer voar um papagaio de papel,
ganhar um jogo de baseball ou de futebol.


Schulz, para além
dos elevados rendimentos
auferidos com a sua criação, ultrapassou
1 bilião de dólares
de Direitos de Autor
pelo Merchandise
dos seus bonecos.














Peças de vestuário, como t-shirts, pijamas, bonés,
ou escolares, mochilas, cadernos, dossiers, e ainda, relógios, peluches, jogos, máquinas fotográficas e acessórios de moda, são apenas alguns dos milhares de artigos que, com a chancela Peanuts, e utilizando principalmente o Snoopy, nos surgem em todo o lado, para todos os públicos.












Como com facilidade, se comprova pela meia página acima, a estilização dos personagens evoluiu bastante com o decorrer do anos, tornando-se aparentemente mais simples, com grande depuração gráfica.















Essa maior depuração facilitou a adaptação dos
bonecos às peças tridimensionais e aos filmes de animação, que no Cinema e na Telvisão, ampliaram o êxito global dos Peanuts.

Os Peanuts é considerada a mais longa história, alguma vez contada
pelo Homem, já que durou 50 anos, sem interrupções.
Muitos dos temas escolhidos abordavam a Literatura, Arte, Música Clássica, Teologia , Medicina, Psiquiatria, Desporto ou Leis.
Foram vários os Prémios ganhos destacando-se 2 Peaboy Awards, 4 Emmys e a atribuição de uma Star Hollywood no Walk of Fame.
Alguns sponsors habituais, como a Coca Cola, a Kellog's ou a McDonald's, criaram um Museu, com todos o personagens Peanuts, que assim poderão ser vistos por muitos e bons anos...
Existe ainda um Musical e várias longas metragens dedicadas ao tema.