sábado, 31 de outubro de 2009

O Futuro das Palavras - Miguel Sousa Tavares

A seguir ao Reader, chegou agora o Kindle, que promete tornar muito mais fácil e confortável a leitura de e-books.
A troco de 300 euros e com um simples toque nos botões, tal como nos ipod, é possível aceder aos catálogos das grandes livrarias online e fazer desfilar um sem-número de livros já disponíveis (só a Amazon tem neste momento disponíveis 700.000 títulos - que não pagam direitos de autor por já ter expirado o respectivo prazo).
No futuro imediato, e quando for regulado o pagamento de direitos de autor ainda vigentes, o leitor de e-books poderá, por um preço simbólico e sem ter de se deslocar a uma livraria ou fazer uma encomenda, seleccionar o livro que quiser e, se não gostar do início, passar logo a outro, sem gastar mais do que o preço de um café.
Calcula-se que dentro de cinco anos 20% do mercado livreiro já estejam tomados pelos e-books e, dentro de dez anos, as expectativas variam entre os 30% e os 50% .
No mercado discográfico, o download das músicas, legal ou pirateado, já atingirá os 80% (os músicos sobrevivem dando concertos, mas os escritores não sabem cantar...) Mas a primeira coisa a morrer vão ser as livrarias: com 30% a menos de quota de vendas e sem poderem subir o preço dos livros sob pena de ainda perderem mais para as livrarias virtuais, só lhes restará fechar portas.
Depois, morrerão as editoras, tal como as conhecemos, e, com elas, as distribuidoras.
No mundo dos livros virtuais não há papel, nem capas, nem grafismo: não há objecto físico, há apenas um aparelho que tudo contém, uma Biblioteca de Alexandria que cabe no bolso de um casaco.
E a seguir morrerão os autores - que, sendo pagos em percentagem sobre o preço de capa do livro, verão este descer vinte ou trinta vezes.
Com o tempo, o livro-físico tornar-se-á um nicho de mercado, editado por alguns sobreviventes e destinado a alguns resistentes que não dispensarão os livros nas estantes, que conhecem de cor o cheiro e a capa de cada livro.
Ao contrário do universo do "Fahrenheit 451", os livros desaparecerão em fogo lento, sem necessidade de fogueiras nem fogos-de-artifício a celebrar o seu fim.
Assim nos projectam o futuro. Este é o cenário que está agora em cima da mesa.
É certo que ainda é cedo para antever o que verdadeiramente se irá passar e que, à partida, tudo o que é novo tem um tom assustador.
Porém, nos últimos anos temos assistido a uma aceleração incontrolável do mundo virtual face ao mundo que conhecíamos.
Com tremendas vantagens, nuns casos, com tremendas perplexidades e consequências ainda por avaliar, noutros casos.
Quem diria que qualquer cidadão, de telemóvel em punho, se pode tornar um jornalista freelance que fornece imagens de 'vídeo-amador' às televisões ou fotografias de paparazzo aos jornais?
Quem diria que grande parte da produção da informação se transferiria dos jornalistas para os frequentadores de blogues e a discussão pública sairia do espaço dos media para o espaço da net - onde a formação de opinião se 'democratizou', isto é, se tornou instantânea, não verificada, anónima e impune nos seus abusos?
E quem diria que essa informação e debate de opinião 'democratizados' anunciariam a morte iminente dos jornais?
E quem diria que elas acabariam por fazer inverter a regra sagrada do jornalismo - noticiar o que é de interesse público e não o que é do interesse do público - levando os telejornais a abrir com o crime passional de Alguidares-de-Baixo e não com a Cimeira mundial do Clima?
Assim com os livros: mais livros, mais acessíveis, muito mais baratos, sem ocupar espaço algum e, ainda por cima, poupando as florestas.
Não será esta uma legítima ambição dos consumidores?
Valerá ainda a pena o esforço de tentar resistir e defender um mundo com jornais em papel e livros-objectos?
E em nome de quê - da cultura, do prazer de ler jornais e livros em papel?
Responderão que a liberdade de escolha é sagrada e que cabe ao mercado decidir.
É uma armadilha fatal: porque hoje, no tempo da democracia e do mercado instantâneos, quando a maioria decide uma coisa a minoria é esmagada.

Miguel Sousa Tavares in Expresso

A Capa do Dia


Escolas já estão a travar avaliação dos Professores, devagar se vai ao longe; CMVM investiga 27 crimes de mercado, não há fome que não dê em fartura; terroristas irladenses tinham base no Algarve, terroristas de ao pé da porta, não fazem atentados; Saramago :"Não procurem os hematomas, tenho a pele bastante dura", água mole em pele dura...; Face Oculta: Manuel Godinho fica em prisão preventiva, vale mais prevenir do que remediar; Banco de Portugal abre inquérito a Armando Vara, enquanto o Vara vai e vem, folga o Costa...

Apanhem o safado do Gato!!!

O objectivo é cercar o Gato. Vá clicando nas bolas claras
e tornando-as escuras. Mas, para começar, clique Aqui!!!

Enviado por Contessa

Serradura - Mário Sá-Carneiro

A minha vida sentou-se
E não há quem a levante,
Que desde o Poente ao Levante
A minha vida fartou-se.

E ei-la, a mona, lá está,
Estendida, a perna traçada,
No infindável sofá
Da minha Alma estofada.

Pois é assim: a minha Alma
Outrora a sonhar de Rússias,
Espapaçou-se de calma,
E hoje sonha só pelúcias.

Vai aos Cafés, pede um bock,
Lê o "Matin" de castigo,
E não há nenhum remoque
Que a regresse ao Oiro antigo:

Dentro de mim é um fardo
Que não pesa, mas que maça:
O zumbido dum moscardo,
Ou comichão que não passa.

Folhetim da "Capital"
Pelo nosso Júlio Dantas
Ou qualquer coisa entre tantas
Duma antipatia igual...

O raio já bebe vinho,
Coisa que nunca fazia,
E fuma o seu cigarrinho
Em plena burocracia!

...Qualquer dia, pela certa,
Quando eu mal me precate,
É capaz dum disparate,
Se encontra a porta aberta...

Isto assim não pode ser...
Mas como achar um remédio?
Pra acabar este intermédio
Lembrei-me de endoidecer:

O que era fácil partindo
Os móveis do meu hotel,
Ou para a rua saindo
De barrete de papel

A gritar "Viva a Alemanha"...
Mas a minha Alma, em verdade,
Não merece tal façanha,
Tal prova de lealdade...

Vou deixá-la decidido
No lavabo dum Café,
Como um anel esquecido.
É um fim mais raffiné.

Mário de Sá-Carneiro

Novo Alfa, o Destruidor


Bem, confessemos que não é um anúncio deslumbrante, mas vem na onda actual dos jogos de computador...

TAXI - O Pinga Amor

Uma boneca “tipo” Barbie balouçava em movimentos de hula hula, pendurada no espelho retrovisor.
A chapinha metálica, colada no tablier, era elucidativa.
“ Lá em casa manda ela e nela mando eu”.
O taxista com o cabelo, comprido e oleoso, a cair sobre a gola levantada, perguntou-me, de chofre:
“O senhor já almoçou, não foi?”
Enquanto eu, sem perceber a razão de tal pergunta, olhava o relógio que marcava quatro e vinte da tarde, ele continuou “…pois eu, ainda não !”.
E perante esta afirmação, aparentemente, irrefutável, prosseguiu depois de menear a cabeça, fazendo ondular a farta cabeleira:
“Uns têm o vício da droga…”
Continuei mudo, sem saber o que responder.
“…outros do jogo ou do álcool !”.
Suspirei, paciente, à espera da conclusão, que surgiu, rapidamente.
“Pois o meu vício…são as Mulheres!!!”
E, dito isto, o rosto inundou – se -lhe de um sorriso largo, de êxtase.
“Gordas, magras, novas, velhas, feias e bonitas, gosto de todas” disse numa só vez “…é preciso é que sejam fêmeas, não sei se me entende !?!!!?
Grunhi, como é de bom tom fazer nestas ocasiões, e resignei-me a ouvir a continuação, que não demorou.
“Todas as semanas passo duas ou três noites fora de casa. Digo à minha bicicleta que faço o turno da noite para juntar mais uns trocados, mas é mentira…vou mas é para a galderice com os colegas.”
Tudo isto entremeado de piscares de olho e gargalhadas alvares.
“Mas o melhor foi hoje (suspiro)…por isso é que ainda estou com a barriga vazia !”.
Esbocei um esgar que se tentava assemelhar a um sorriso.
“…de barriga vazia mas de papinho cheio!”
Engatou nova mudança e, em simultâneo, engatou na história.
“Há coisa de duas horas entrou-me pelo carro adentro uma garina de encher as medidas. Saia curta, belas coxas, bonitona…”
Pareceu-me que se babava, quando continuou”… tirei-lhe a medida e pus um CD do Tony Carreira a tocar. É tiro e queda…”
Não percebi a ligação, mas a deficiência deveria ser minha.
“A gaija, mal a música começou a tocar, desata-me numa choradeira…que o homem dela, isto e aquilo, que a tinha enganado com a Rosette cabeleireira, um coirão que se dizia amiga dela…e que a ela só lhe apetecia era pagar-lhe na mesma moeda. Vingar-se com o primeiro que lhe aparecesse…pôr-lhe um par de cornos ainda maior que o dela”.
E com um sorriso malandro”Percebe, agora, porque é que ainda não almocei?”

Quando, chegado às Amoreiras, desci do táxi, vi que uma jovem roliça entrava para o mesmo, logo de seguida.
Mesmo antes do carro se pôr em movimento, a música do Tony Carreira começou a ouvir-se…

Travis Bickle
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Do Contra

Chapeuzinho Vermelho - Millôr Fernandes

Era uma vez (admitindo-se aqui o tempo como uma realidade palpável, estranho, portanto, à fantasia da história) uma menina, linda e um pouco tola, que se chamava Chapeuzinho Vermelho. (Esses nomes que se usam em substituição do nome próprio chamam-se alcunha ou vulgo).
Chapeuzinho Vermelho costumava passear no bosque, colhendo Sinantias, monstruosidade botânica que consiste na soldadura anômala de duas flores vizinhas pelos invólucros ou pelos pecíolos, Mucambés ou Muçambas, planta medicinal da família das Caparidáceas, e brincando aqui e ali com uma Jurueba, da família dos Psitacídeos, que vivem em regiões justafluviais, ou seja, à margem dos rios.
Chapeuzinho Vermelho andava, pois, na Floresta, quando lhe aparece um lobo, animal selvagem carnívoro do gênero cão e... (Um parêntesis para os nossos pequenos leitores - o lobo era, presumivelmente, uma figura inexistente criada pelo cérebro superexcitado de Chapeuzinho Vermelho. Tendo que andar na floresta sozinha, - natural seria que, volta e meia, sentindo-se indefesa, tivesse alucinações semelhantes.).
Chapeuzinho Vermelho foi detida pelo lobo que lhe disse: (Outro parêntesis; os animais jamais falaram.
Fica explicado aqui que isso é um recurso de fantasia do autor e que o Lobo encarna os sentimentos cruéis do Homem.
Esse princípio animista é ascentralíssimo e está em todo o folclore universal.) Disse o Lobo: "Onde vais, linda menina?" Respondeu Chapeuzinho Vermelho: "Vou levar estes doces à minha avozinha que está doente. Atravessarei dunas, montes, cabos, istmos e outros acidentes geográficos e deverei chegar lá às treze e trinta e cinco, ou seja, a uma hora e trinta e cinco minutos da tarde".
Ouvindo isso o Lobo saiu correndo, estimulado por desejos reprimidos (Freud: "Psychopathology Of Everiday Life", The Modern Library Inc. N.Y.).
Chegando na casa da avozinha ele engoliu-a de uma vez - o que, segundo o conceito materialista de Marx indica uma intenção crítica do autor, estando oculta aí a idéia do capitalismo devorando o proletariado - e ficou esperando, deitado na cama, fantasiado com a roupa da avó.
Passaram-se quinze minutos (diagrama explicando o funcionamento do relógio e seu processo evolutivo através da História).
Chapeuzinho Vermelho chegou e não percebeu que o Lobo não era sua avó, porque sofria de astigmatismo convergente, que é uma perturbação visual oriunda da curvatura da córnea.
Nem percebeu que a voz não era a da avó, porque sofria de Otite, inflamação do ouvido, nem reconheceu nas suas palavras, palavras cheias de má-fé masculina, porque afinal, eis o que ela era mesmo: esquizofrênica, débil mental e paranóica pequenas doenças que dão no cérebro, parte-súpero-anterior do encéfalo.
(A tentativa muito comum da mulher ignorar a transformação do Homem é profusamente estudada por Kinsey em "Sexual Behavior in the Human Female". W. B. Saunders Company, Publishers.)
Mas, para salvação de Chapeuzinho Vermelho, apareceram os lenhadores, mataram cuidadosamente o Lobo, depois de verificar a localização da avó através da Roentgenfotografia.
E Chapeuzinho Vermelho viveu tranqüila 57 anos, que é a média da vida humana segundo Maltus, Thomas Robert, economista inglês nascido em 1766, em Rookew, pequena propriedade de seu pai, que foi grande amigo de Rousseau.

Millôr Fernandes

Dilúvio

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Houve a BB, a MM e, agora, a SS

Esta foi uma semana S.S. ( não se assustem, não tem nada a ver com os nazis), porque a Sofia Silveira teve um post de homenagem, apareceu, hoje mesmo, toda atracaçada ao David Fonseca e, ainda por cima, tem o seu comentário escolhido como "o da semana", pela emoção, veracidade e fragilidade, que ele nos transmitiu a todos nós, mais cínicos e empedernidos(?)...

"A Franguinha disse...

Querido Galo,
Foi com grande emoção que li e reli esta homenagem... por muitos motivos.

E não querendo ser lamechas mas já sendo, e já tive oportunidade de lhe dizer, que muito do que sei devo-lhe a si, pelo seu sentido critico que me tem feito crescer como profissional e já algumas vezes na minha vida particular.
Obrigada por todas as oportunidades de pôr à prova e em prática as minhas loucuras gráficas!
É de coração que participo neste blog e que cada desafio sinto-o como sendo meu.

Galo, Obrigada acima de tudo por ser meu amigo.

Obrigada a todos pelos vossos comentários!
É a maior recompensa para quem está deste lado do palco!

Um abraço e... fiquem atentos, é que a minha criatividade nunca se esgota! eheheh..."

O Professor Galórus traça o Retrato Psicológico de alguns Comentadores

Como prometido, e depois da análise da selecção de Capas, feita por alguns dos habituais Comentadores do "Galo", o Professor Galórus, conhecida sumidade no mundo da Astrologia, da Metafisica e do Paranormal, enuncia as suas conclusões, não sem antes dizer que muitos dos comentários eram demasiado sucintos, prejudicando o resultado final do seu trabalho.

Mas passemos a palavra ao Professor...

MTH - Personalidade avessa a esbatidos e meios tons.
Vê a Vida a Preto e Branco .Para ela existe o Bem e o Mal,
a Esquerda e a Direita, Explorados e Exploradores.
Todos os outros espaços intermédios, não fazem parte do seu imaginário.
Alv ega - Personalidade complexa, com grande desarrumação mental, em permanente ebulição." Cultura vasta, porém confusa" como disse alguém.
Debaixo duma certa provocação, que pode ser confundida
com agressividade, esconde-se alguém para quem a amizade,
de alguns, é muito importante.
Miss Sixty - Personalidade de origem conservadora, com uma
situação estável e segura, mas que, no seu íntimo, anseia
e precisa de se libertar, pontualmente, através da leitura,
do cinema e de outras manifestações artísticas,
em que se revê, mesmo que apenas como espectadora.
Zé Manel - Personalidade em que os valores familiares e de amizade têm grande preponderância. Conservador em relação aos princípios morais em que foi educado, demonstra, por outro lado, grande sentido de humor e adaptabilidade à mudança.
Quimera - Uma das personalidades mais complexas que me foi dado observar. A multiplicidade das suas facetas faz com que, na mesma pessoa, convivam a sensualidade com a racionalidade, o sentido de humor com a tristeza, a sensibilidade artística com a prática empresarial.
Enfim, um belo leque de Personalidades, diferentes, ricas, sensíveis e multifacetadas...
Professor Galórus
Post relacionado:

A Sofia Silveira agarrada ao David Fonseca, ou será o contrário?!???

A Sofia Silveira, ontem, no final do dia, "se mandou" para Beja, a fim de assistir a um Concerto do David Fonseca, seu ídolo de longa data.
O momento alto do espectáculo foi quando o idolatrado a abraçou, com convição ( vejam só o rubor da "piquena"!). Fã, é fã...

(In) Slow Motion - Retro & Toy Cameras

É um novo projecto fotográfico de Elsa Mota Gomes
e Armando Cardoso,
que tem a sua génese na recuperação da “forma lenta de olhar”
a que o analógico nos incita e de certa forma nos obriga.

O recurso a câmaras hoje já consideradas “retros”, a “toy cameras“
e a “pinholes” torna-se um elo entre o espaço / tempo
e a expressão fotográfica dos autores.

As imagens agora apresentadas são todas inéditas.
Foi utilizada apenas película a preto e branco,
revelada pelos autores e digitalmente trabalhada.
A impressão foi feita em jacto de tinta, em papel FineArt .

Em rigorosa “ante-estreia” o Galo apresenta algumas das imagens
que poderão ser vistas a partir do próximo dia 6 de Novembro
e até 30 de Dezembro,
de Segunda a Sexta, das 10 às 14 e das 16 às 20 horas
e aos Sábados das 10 às 14h, no espaço J. Valles,
na Rua Gonçalves Zarco 2-A, em Lisboa.

Apareçam !
Armando Cardoso



As três primeiras fotografias são do Armando Cardoso,
as três próximas são da Elsa Mota Gomes.

Agora, marquem lá na Agenda uma ida à Exposição
Vai valer a pena...


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Até apetece estar doente...

Para quem tem uma dor de cabeça repentina
ou fez um corte no dedo, e nunca sabe
onde estão os comprimidos ou os ban-aids,
surgiu agora, esta pérola do design prático
- os Help Remedies.





Criado pelos designers Chapps Malina e Little Fury, estes "arquivos" de remédios guardam-se em qualquer lado e, além disso, são biodegradáveis, feitos basicamente de milho(?).









Para saberem mais acerca deste assunto vão até à Farmácia.

O sobrescrito marrón

31

A primeira coisa que Miltinho viu, quando entrou no quarto do hotel,
foi o grande envelope colocado sobre a cama.
Quase a adivinhar o seu conteúdo, abriu-o, com as mãos trémulas.
As fotografias espalharam-se, em cascata, por sobre a colcha branca.
Miltinho, recuou, perante as imagens chocantes.
Ninguém adivinharia que estava drogado e inconsciente
durante a sessão, em que o fotógrafo tivera o cuidado
de o enquadrar de modo a ser facilmente identificável,
mas de forma a que o seu rosto não se visse claramente.
Mesmo, na única fotografia, em que estava de olhos fechados,
tal facto, seria interpretado como um momento de êxtase.
Reparou, então, num pequeno bilhete
que caíra do interior do sobrescrito.
“ Miltinho, se você não quiser que estas fotos
e outras ainda mais comprometedoras, cheguem às mãos
do seu “querido” patrão, vai ter que se mandar até ao final
da semana, e nunca mais contactar com o Grupo,
ou pôr os pés no Rio de Janeiro.
Se não seguir estas instruções, vai passar a ser conhecido

como o Viadinho do Pagode, ou do Pacote, quem sabe”.
O negro atlético sentou-se com a cabeça entre as mãos,
sentindo toda a sua vida a esvair-se para um qualquer bueiro de rua.
Sérgio nunca poderia ver aquelas fotografias.
Miltinho conhecia bem o desprezo que o chefe nutria
por todo o tipo de homossexuais.
Tinha que seguir o conselho, ou a ordem, melhor dizendo,
do fotógrafo desconhecido.
Felizmente, tinha dinheiro amealhado, suficiente para começar
de novo a vida em qualquer outro ponto do Brasil,
mas como deixar para trás uma vida partilhada com Sérgio,
desde a adolescência?
Como esquecer o que o Dotô Salvatore tinha feito por ele?
Como passar um pano sobre a felicidade de ter podido ajudar
sua família quando esta passava dificuldade?
Como abandonar Sérgio, seu irmão de vida,
mesmo que não de sangue ou classe social?
E porque aquele cara misterioso queria tanto
afastar ele do Rio e do Grupo?
Embora não muito dado a pensamentos profundos,
Miltinho começou a somar dois e dois.
Todo aquele trabalho para o poderem chantagear,
não tinha, na realidade, nada a ver com ele directamente.
O que queriam conseguir era o seu afastamento,
para Sérgio ficar mais enfraquecido e desprotegido.
Mas isso não iam conseguir.
Iria enfrentar a vergonha, se necessário, mas o salafrário,
ou salafrária, não se ficaria a rir.
Mas quem poderia ser? A putinha da Gabriela? Tinha dúvidas…
Algum grupo rival, a tentar ganhar terreno? Era possível,
Sérgio tinha semeado inimigos na sua ascensão até ao topo.
Velic? A imagem gigantesca do sócio do patrão,
de quem nunca gostara, veio-lhe à memória.
Espera aí…o cara com cabelo à Bob Marley !!!

Melanie Safka - Ruby Tuesday

No show do Ed Sullivan, Melanie Safka canta Ruby Tuesday...

O ano era o de 1971, há 38, portanto. E, já agora, onde é que vocês estavam e o que faziam, por essas alturas?

Começo eu. Nessa data, terminei os dois anos de comissão militar em Moçambique, em Nampula, com mais precisão, e montei o meu primeiro atelier de Publicidade, que, pouco depois, talvez no ano seguinte, se transformou em Agência. Após um mês a bordo do Niassa, com mais 2000 militares, tomei o gosto pelas viagens e embarquei para Londres, à época a Swinging London, onde fiquei deslumbrado com os Filmes, a Moda, os Espectáculos, tudo enfim...

Agora é a vossa vez...

Quem está ZON, está ON


O eterno Benfica- Sporting
Enviado por Maria Moura

O teatro do Amor

Na esquerda baixa uma pequena mesa, tampo redondo e “pé de galo”, um telefone preto modelo 1950 parecia deslocado num cenário desprovido de adereços que desviassem a nossa atenção.
Escutadas as indispensáveis pancadinhas de Moliére, a porta colocada lá no fundo do cenário abriu-se lentamente e entrou formosa dama, vestido longo, farta e loira cabeleira, jóias quase espampanantes e um sorriso que eu diria, bem matreiro.
-Maria, vem cá e traz o chá, quente por favor.
Olha não esqueças os bolinhos que ontem o Senhor Marquês de Olinda cá deixou.
Uma voz sumida vinda de perto, respondeu:
-Sim minha Senhora, já vai.
Segundos não eram passados entrou a serviçal, fardada e de branca touca com um tabuleiro bem composto que pousou em frente ao cadeirão vermelho onde se sentava a bela dona daquilo que se presumia ser um vetusto palacete, talvez situado na Lapa ou mesmo na Foz.
-A senhora deseja mais alguma coisa?
- Já agora vê se chove porque o Senhor Marquês prometeu voltar se o tempo estivesse ensolarado mas eu ainda há pouco vi pela janela do quarto umas quantas nuvens de mau presságio.
-Sim minha Senhora.
Ela saiu e escutou-se o toque do telefone.
Dois passos lestos e levantando o auscultador, escutou embevecida antes de responder:
-Mas Marquês venha rápido, não consigo esquecer o calor das suas mãos aquecendo os meus seios, a ternura dos seus beijos, a doçura dos bolinhos que me ofereceu, venha rápido por favor, bem sabe o que o espera e para mais a Maria foi ver o céu e o Sol brilha.
Desligou e como que falando para si, escarneceu:
- O AMOR É…ter que aturar este velho babado que só tem forças nos dedos da mão mas há falta de melhor…
Caiu o pano, entre aplausos de uma plateia vazia, melhor, estava lá eu , apaixonado como sempre por aquela bela mulher .
É assim o amor.

Don Quixote

As Dietas


quinta-feira, 29 de outubro de 2009

5º Salão Erótico de Lisboa

Começa amanhã e prolonga-se até 1 de Novembro, a quinta edição
do Salão Erótico de Lisboa, na FIL, Parque das Nações, recheada
de actividades, em todos os sentidos que esta palavra possa ter...
Entre as novidades, estará a República Checa, como país convidado, a par do “mundo fetish”, da área de Jogos Eróticos, do sushi erótico, das sessões gratuítas de sadomasoquismo e das aulas de strip-tease.

A Área Mulher apresentará danças orientais, de salão e no ,já, clássico varão, para além de dicas de maquilhagem e sedução. Em simultâneo, poderá conhecer o Tantra, uma disciplina espiritual que usa a sexualidade como controlo da energia.

Bodypainting, áreas gay e swinger mostram bem a diversidade de "oferta" deste Salão dedicado ao Erotismo.


Como, para o "Galo," o Erotismo é algo de muito importante, mas que não tem nada a ver com todo este "circo", não estaremos entre os dezenas de milhares de visitantes, que são aguardados pela organização.

De qualquer modo aqui fica a informação...

Salão Erótico de Lisboa
Sexta-feira, 30 de Out.: 14h/01h

Sábado, 31 de Out.: 14h/01h
Domingo, 1 de Nov.: 14h/23h
Custo dos bilhetes: 20€
Maiores de 18 anos

A Capa do Dia

Penalistas arrasam condenação de Isaltino, se for autarca game à vontade ; Jorge Lacão:"Não podemos governar aos ziguezagues", se for político, não beba ; operação Face Oculta: Armando Vara constituído arguido, se for gestor público não fale ao telefone; Sócrates leva "homem-sombra"para o Governo, se gostar mais da sombra, não venha para o sol...

Sobreviver à doença, escapar à cura - Ricardo Araújo Pereira

Primeiro, houve o pânico provocado
pela gripe A.
Agora, há o pânico provocado
pela vacina contra a gripe A.
A doença gera pânico;
a cura gera ainda mais.

Já se demitiram ministros por causa de anedotas relacionadas com a saúde pública portuguesa, mas isso não foi suficiente para que a saúde pública portuguesa deixasse de parecer uma boa anedota.
Talvez seja útil fazer um pequeno resumo das últimas e intrigantes ocorrências no âmbito da nossa sempre divertida saúde.
Primeiro, houve o pânico provocado pela gripe A.
Agora, há o pânico provocado pela vacina contra a gripe A.
A doença gera pânico; a cura gera ainda mais.
O medo é tanto que eu tomaria uns calmantes, se não tivesse medo de os tomar.
Bem disse o filósofo José Gil que os portugueses tinham medo de existir: entre deixar de existir, por causa da gripe, ou continuar a existir, graças à vacina, vacilamos.
Na dúvida, receamos as duas.
Não é fácil ser doente - e deve ser ainda mais difícil ser médico, que tem de confortar o paciente quando contrai a doença e confortá-lo mais ainda enquanto lhe administra a cura.
Visto de fora, desde que se descobriu o novo vírus da gripe os portugueses passaram a correr para um lado gritando "Fujam, vem aí a doença!", e depois passaram a correr para o outro gritando "Fujam, vem aí a cura!" A fugir, estamos sempre. Só muda o perseguidor.
Qual é, afinal, o mais grave? O vírus da gripe ou o vírus da vacina?
Até ver, são ambos relativamente inofensivos.
Um é curado por profissionais de saúde, o outro é transmitido por profissionais de saúde.
A gripe A é mais fraca do que a gripe vulgar e a vacina provoca os mesmos efeitos secundários que qualquer outra vacina.
Nem a gripe nem a vacina são particularmente perigosas para o homem.
No entanto, ambos os vírus são letais para o meio ambiente.
Temo que não haja árvores suficientes para abastecer os jornais do papel necessário para todas as notícias, publicadas e por publicar, sobre os malefícios da gripe A e os ainda maiores malefícios da vacina da gripe A.
Não admira: a toda a hora surgem novas informações.
Receava-se que houvesse vacinas a menos.
Agora, uma vez que ninguém as quer tomar, receia-se que sobejem. Também causa dano. Suspirou-se por uma vacina. Agora, suspira-se por uma vacina contra a vacina.
A ciência que resolva este problema.
Já começamos a habituar-nos ao pânico da vacina.
Precisamos urgentemente de outra coisa relacionada com a gripe A para recear.

Ricardo Araújo Pereira in Boca do Inferno (Visão)

O Cego fêdêpê

A Miss Sixty afirma que uma das melhores maneiras de começar o dia, é com umas boas gargalhadas. Nós estamos de acordo e por isso deixamos aqui os seus "apanhados"...

Déjà vu

Eu: “Então, como te correu o dia?”
Ele: “Péssimo, nem me digas nada! Apanhei trânsito mal cheguei aos primeiros semáforos, no acesso para a ponte é que me lembrei que me tinha esquecido dos óculos de sol e que sem o GPS o dia ia ser mais complicado. Com isto cheguei atrasado,...”

O meu pensamento: “Lá está ele a queixar-se... já nem o estou a ouvir.
A seguir vai dizer que está cansado, e que dói-lhe qualquer coisa... homens!
Vou continuar a olhar para ele com os olhos bem abertos para mostrar que estou muito interessada na conversa... até vou parar de mastigar o bife para parecer mais convincente!
Sabe lá ele o que é que é péssimo!
Cá o meu hoje foi banal!
Acordei e percebi que estava com o período.
Quando assim é, o melhor mesmo é ir tomar um duche.
O calor abrasador do lado de fora da janela obrigava-me a vestir algo, fresco e leve...
Corri a casa à procura daquela saia e da tal camisola que não estava em lugar algum.
Vesti e despi várias soluções que acabaram num monte de roupa espalhada em cima da cama.
Saia encontrada. Vamos lá a despachar.
Oh não! Pêlos nas pernas... de volta à banheira!
Oiço gritar: “Oh mãeeeeeeeeee!”
Corro a preparar-lhe o leite e a vesti-lo.
Entre um “despacha-te” e um “apaga a televisão”, acabei de me arranjar, meti um pacote de bolachas dentro da mala,
mais uns tampões e a agenda que estava na sala. Papel da visita de estudo assinado e o lanche da tarde.
Ainda tinha 5 minutos, é melhor apanhar a roupa.
Mais um raspanete e uma conversa séria da importância de lavar os dentes.
Uma birra. Duas.
Não há duas sem três.
Uma nódoa na t-shirt acabada de vestir. Mãe que se preze não deixa isto ficar assim.

Troca de roupa. Mais uma conversa séria.
Luzes apagadas. Chaves na mão. Duas malas, dois sacos e a mão dele.
A conversa do costume. “come tudo”, “porta-te bem”, “presta atenção”, “não faças asneiras”.
O momento lúcido. Dar-lhe um beijo e um abraço, dizer que o adoro e virar as costas.
Fingir todos os dias que não dói.
Oito horas laborais. Um patrão. Um grupo de colegas de humores variáveis.
Um jantar para fazer, uma casa para tratar, um filho para amar, mimar e ralhar.
Um Trifene200 e um gole de água.
Agora só falta a história e o meu reportório de músicas para adormecer.

Nisto a pergunta dele interrompe o meu pensamento.
Ele: “Dói-me a cabeça. Vou-me deitar, tratas do resto?”

Abano a cabeça num gesto afirmativo.

Respiro fundo, o dia terminou e ainda há muito que fazer.
Todos os dias parecem um déjà vu.

Mas O AMOR É... assim.
Esquecendo-me de mim.
Faço tudo por ele.
Não por ti. Que se lixe o teu dia!

Meninadoceucorderosa

Qual, destas Capas, é a sua preferida?




































































































Analise a gama cromática que mais lhe agrada, a composição que lhe parece mais perfeita, a qualidade técnica mais conseguida e, por fim, o assunto que mais mexeu, à época , consigo...
Escreva a sua resposta, devidamente pormenorizada e, na volta do correio, perdão, mais tarde, receberá.. pelo mesmo meio, a sua análise psicológica.
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Fresco e lavado...

...querem melhor prova de que veio, directamente, da horta?

Enviado por Quimera