Quadrilha revisitada

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim
que amava Lili que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos,
Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com
J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história.
João comprou uma empresa de activos financeiros com capital offshore localizada numa ilha do pacífico e Teresa escreveu vários best-sellers de auto-ajuda baseados na sua procura espiritual.
Raimundo morreu ao volante do seu Lamborghini Murcielago a caminho do Casino de Monte-Carlo e Maria ficou p’ra tia de Cascais, dando muitas festas de arromba no final da época de verão, na Quinta Patino, à conta de outro patinho.
Joaquim suicidou-se quando a brigada anti-crime fiscal lhe entrou pelo escritório adentro para lhe congelar as contas e penhorar os bens e Lili casou com J. Pinto Fernandes, que ainda não tinha entrada na história mas veio a entrar, primeiro como dirigente desportivo de um clube de futebol da divisão de honra, mais tarde presidente de junta e, actualmente, exilado no Brasil e candidato, em simultâneo, à prefeitura de Paranaguá e à Câmara Municipal de Valongo.
É… Carlos Drummond de Andrade foi mesmo o poeta profeta.

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