
O Chefe do Estado não escondeu o quanto esta matéria lhe desagrada e que, se seguisse as suas convicções religiosas o diploma seria vetado. "A ética da responsabilidade tem de ser colocada acima das convicções", sublinhou Cavaco Silva.
O Presidente da República quis sobretudo mostrar que o pragmatismo foi a base da decisão.
Cavaco Silva recusou-se a "a contribuir para arrastar o processo" e, desse modo, a "afastar os políticos da resolução dos problemas" que afectam Portugal. E nesta segunda semana, em que o País continua sob fogo cerrado dos mercados, Cavaco sentiu a necessidade de dizer aos portugueses que não se esquece dos "milhares" de desempregados, do "agravamento da situação de pobreza" e do "elevado endividamento externo".
As suas palavras soaram a crítica ao Governo, por ter demorado demasiado tempo a reagir aos sinais de degradação das condições económicas. "No Ano Novo alertei para o momento difícil", recordou cinco meses depois de o ter feito. Lembrou que nessa altura disse que "podíamos caminhar para uma situação explosiva".
Agora, advertiu, "não é tempo de inventar desculpas para adiar a solução dos problemas". Ou seja, dizia que com a promulgação do casamento entre pessoas do mesmo sexo o Governo não tem nenhum pretexto para abrir uma nova frente de conflito com Belém, distraindo a atenção dos reais problemas nacionais.
Casamento e Crise, duas palavras que aparecem muitas vezes associadas embora, geralmente, não desta maneira...