domingo, 23 de novembro de 2008

Um Filme das Arábias

Vi o Lawrence da Arábia no velhinho Tivoli, no princípio dos anos 60, e lembro-me que a frase que então mais se ouvia era "...saí do cinema com os pés cheios de areia".
Queriam com isso dizer que as cenas passadas no deserto eram muitas e longas, durante os 216 minutos que durava a projecção. Eu gostei do Filme desde essa primeira vez...e nas seguintes, confirmei a minha opinião. estavamos perante uma obra de excepção.

Hoje mesmo, revi-o mais uma vez, e talvez tenha sido, de todas, aquela em que mais envolvido fiquei.
Lawrence da Arábia é realmente um Filme inesquecível, servido por um elenco extraordinário, uma realização soberba, cenários naturais inolvidáveis e, até, uma banda sonora de alta qualidade.
O Filme ganhou sete Óscares da Academia, Melhor Filme, Melhor Realização, Melhor Montagem, Melhor Fotografia,
Melhor Direcção de Actores, Melhor Som e Melhor Banda Sonora.


Quantos aos actores, Peter O'Toole, no protagonista T.E.Lawrence, conhecido entre os Árabes como
El Aurens, e Omar Sharif ,
o Xarife Ali dos Haritas,
têm aqui os papéis das suas vidas, e que na irregular carreira de ambos, nunca seriam ultrapassados.


No desenrolar da história podemos ver a evolução(?) do jovem e sonhador tenente do exército britânico, até se tornar no tresloucado, cheio de tiques, coronel Lawrence que, por breves instantes, conseguiu reunir tribos como os Howeitai e os Haritas, e os seus chefes Ali e Auda Ibu Tayi, com objectivos e personalidades muito diferentes.

Anthony Quinn, como Auda, tem igualmente um desempenho fabuloso, só ultrapassado na sua longa carreira, pelo Zorba, do filme homónimo.




A tensão que originaria a entrada de Lawrence no mundo de uma loucura excêntrica, tem o seu culminar
em Deraa, com o seu rapto e tortura.
Também nessa cena, surge José Ferrer, num odioso e cúpido general turco, a exorcizar os seus fantasmas.




As cenas de batalha, sublinhadas por uma banda sonora adequada e sempre presente, transportam-nas para o centro dos embates, assistindo assim à conquista de Aqaba,
ao massacre de Tefas ou ao fim de todos os sonhos em Damasco.


Todos os papéis secundários estão entregues
a Actores de primeira água como Alec Guiness
( que acompanhou o Realizador David Lean
noutro êxito, A Ponte do Rio Kwai)
no papel de Rei Faiçal,
Jack Hawkins, no general britânico,
Anthony Quayle, num seu subalterno ,
Arthur Kennedy, a fazer de fotógrafo americano,
que ajudou a endeusar a figura de Lawrence
e ainda Claude Rains, o polícia de Casablanca,
como Dryden.















Todo o Filme é percorrido por saborosos diálogos como quando o ganancioso Auda Ibu Tayi afirma "Sou pobre porque...I'm a river to my People"ou referindo-se à argúcia de Lawrence "...a tua Mãe acasalou com um escorpião".
Também o protagonista responde com um lacónico
"It's Clean" quando lhe perguntam o que mais o atrai no deserto.
Quase no final o Rei Faiçal afirma "...os vícios da Paz são os vícios dos Velhos - Cautela e Desconfiança".
Mas a frase que resume todo o Filme é, sem dúvida "Um homem pode ser tudo o que quiser..."


O filme realizado
por David Lean,
em 1962,
produzido pela
Horizon Pictures
e distribuido pela
Columbia Pictures,
teve argumento de
Robert Bolt e Michael Wilson,
e baseou-se no livro
Sete Pilares da Sabedoria
da autoria do próprio
T.E. Lawrence.


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