Os personagens, quase sempre sós, olham através de janelas, montras, vidraças, a Vida que passa lá fora.
Em todos os trabalhos existem portas que não levam a lugar nenhum, como se de grades se tratasse.
As figuras paradas, lembram manequins na sua perfeição anatómica mas, também, na ausência de movimento, de expressão, na falta de ânimo, com que fazem os actos banais de um dia corriqueiro, o levantar, o espreitar a rua, o beber um café ou um copo, o aguardar por uma boleia...
E no entanto, as obras de Edward Hopper mexem connosco, comigo pelo menos, precisamente pela sua aparente frieza, pelo seu ilusório academismo.
Em cenários, e nunca a palavra cenários foi tão bem aplicada em relação a quadros, em cenários, diziamos, facilmente identificáveis com a América dos Anos 30/40, estes modelos fantasmas, ficam estáticos, sem uma palavra, um som, uma exclamação.
É perceptível a angústia, o desespero, a interiorização que emana destas pinturas de um dos grandes pintores norte-americanos do século XX.
Hopper, fortemente infuenciado pelos estudos psicológicos de Freud e Bergson, retratou paisagens urbanas, desertas e melancólicas, que transmitem desolação, tristeza e estagnação.
Hopper utilizou a mulher, a pintora Josephine Nivison, como modelo em muitos quadros, e especializou-se em símbolos bem comuns da vida norte-americana como estações de gasolina, caminhos de ferro,
bares ou ruas desertas.
Alguns dos seus trabalhos, como Aves da Noite (mostrado mais acima) que é um símbolo da Arte Pop, tendo sido utilizado em inúmeros pastiches com a substituição dos personagens por James Dean, Marylin Monroe, Elvis ou Bogart, ilustram, lado a lado, com o bem humorado e conservador Norman Rockwell, o nosso imaginário da vida de uma pequena cidade do Midwest.
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