segunda-feira, 27 de abril de 2009

As Razões do Amor

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.

Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no elipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Carlos Drummond de Andrade

5 comentários:

  1. Estamos a começar bem a semana, com um dos meus poetas, de língua portuguesa, preferidos.
    Mais, por favor.

    ResponderExcluir
  2. Eu te amo porque te amo...
    Que mais podemos falar?
    Drummond , um dos maiores.

    ResponderExcluir
  3. E ainda em brasuca, tomáramos nós saber falar assim...







    "E aqui estou, cantando.




    Um poeta é sempre irmão do vento e da água:
    deixa seu ritmo por onde passa.


    Venho de longe e vou para longe:
    mas procurei pelo chão os sinais do meu caminho
    e não vi nada, porque as ervas cresceram e as serpentes
    andaram.


    Também procurei no céu a indicação de uma trajetória,
    mas houve sempre muitas nuvens.
    E suicidaram-se os operários de Babel.


    Pois aqui estou, cantando.


    Se eu nem sei onde estou,
    como posso esperar que algum ouvido me escute?


    Ah! Se eu nem sei quem sou,
    como posso esperar que venha alguém gostar de mim?"



    Cecília Benevides de Carvalho Meireles (1901-1964)

    http://en.wikipedia.org/wiki/Cecilia_Meireles

    ResponderExcluir
  4. (enviado pela Contessa, por meu intermédio)


    Soneto Do Amor Total

    Vinicius de Moraes


    Amo-te tanto, meu amor... não cante
    O humano coração com mais verdade...
    Amo-te como amigo e como amante
    Numa sempre diversa realidade.

    Amo-te afim, de um calmo amor prestante
    E te amo além, presente na saudade
    Amo-te, enfim, com grande liberdade
    Dentro da eternidade e a cada instante.

    Amo-te como um bicho, simplesmente
    De um amor sem mistério e sem virtude
    Com um desejo maciço e permanente.

    E de te amar assim, muito e amiúde
    É que um dia em teu corpo de repente
    Hei de morrer de amar mais do que pude.

    ResponderExcluir
  5. E banda sonora, em estrangeiro:

    "The Long Road" - Eddie Vedder & Nusrat Fateh Ali Khan (R.I.P.)

    http://www.youtube.com/watch?v=_x_ZNwjoWHs

    ResponderExcluir