terça-feira, 21 de abril de 2009

O Muro




"...Corria a década de sessenta quando o muro ainda dividia Berlim, não se vislumbrando no horizonte quando seria possível ver a Alemanha de novo reunida. Cheguei ao Aeroporto, então quase completamente rodeado de prédios do lado Ocidental, obrigando os pilotos a cuidados redobrados, mas tudo correu sem sobressaltos e em poucos minutos estava no Hotel, situado muito perto da Avenida mais importante daquela cidade e onde se via uma Catedral ainda mostrando a destruição parcial provocada por um bombardeamento durante a Segunda Grande Guerra, que esteve na origem da divisão do País e, posteriormente, da construção do incrível Muro.
Para abreviar, não vos contarei o objectivo da viagem, relacionada com um Festival de Cinema e onde até tive o privilégio de conversar com o grande Peter Ustinov, porque o que mais me interessou foi ver de perto o Muro e, sobretudo, saber se o poderia atravessar.
Lá acabei por saber que os portadores de passaporte estrangeiro poderiam ir até uma estação de metropolitano e seguir até Berlim Oriental.
Foi o que fiz não sem algum receio. A composição passou por duas ou três estações sem parar, estavam semi obscurecidas e com policias nas plataformas, até que cheguei a uma paragem que servia como fronteira e onde o passaporte foi demoradamente examinado.
Foi então que, com alguma emoção, iniciei um inesquecível passeio a pé pelo centro daquela Berlim, totalmente diferente em alguma da arquitectura mais recente e no aspecto da população, nos carros e em muitos outros pormenores.
Tentei chegar perto do bonito monumento que era a Porta de Brandenburgo mas uma metralhadora apontada e encostada ao meu peito, fez-me recuar, em passo e coração acelerados !
O pior foi já no final do dia.
Estava perdido na Cidade e não sabia onde se situava a única estação fronteira para voltar no metro.
Com o meu mais que reduzido conhecimento da língua, pedi a uma idosa senhora, toda de preto vestida, qual seria o caminho.
Sem palavras, mas com uma torrente de lágrimas nos seus olhos azuis, apontou o edifício que afinal estava bem perto !
Era o choro de quem sabia que eu sairia dali para a liberdade e ela teria de ficar sem saber até quando !!..."
Zé Manel

3 comentários:

  1. Ainda algum dia haverá alguém a fazer uma História isenta do Muro e das duas Alemanhas.

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  2. Perdão MTH.
    Será que entendi mal?
    Onde pode existir historial isento sobre muros que separam populações? Na Palestina?
    Por favor não me desiluda...

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  3. MTH és uma tonta, go east s.f.f., mais 70 anos em direcção a coisa nenhuma... :-P
    Ku'damm ist meine Berlin! :-)
    Vielen Danke, Zé Manel :-)

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