quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A desgraça e a patifaria - Baptista-Bastos

Como pode o Governo sair-se desta confusão, e como pode o PS ressarcir-se das amolgadelas que tem sofrido com insistente crueldade?
Chega a ser uma falta de compaixão as sovas monumentais que ambos apanham, sem tréguas nem sossego. A situação política portuguesa é pouco decorosa. Sócrates não sai por ego, orgulho e vaidade, igualmente incomensuráveis.
Mas também tem os votos a seu favor.
A última sondagem, há poucos dias, é-lhe expressamente favorável.
Ninguém se atreve a correr com ele, na situação em que a pátria se encontra.
Quando Capoulas Santos e António Costa, lisos, formais e lacónicos, colocaram a questão singela "Porque não apresentam uma moção de confiança?", toda a oposição gelou de cobardia. E depois do adeus?

A oposição está refém das circunstâncias e Sócrates, cativo de si próprio.
O pobre Alberto Jardim, com a sua forma selecta e os termos preciosos que lhe são comuns, propôs a delirante hipótese de todos os partidos formarem uma espécie de patuleia, chutarem o Governo e tomarem o poder de assalto. Nada a fazer.

Entretanto, o PSD, sentindo entrar-lhe pelas narinas o vago perfume do mando, prepara-se para assumir o seu destino de alternante. Prepara-se mal.
Os últimos episódios denotam que ninguém se entende na agremiação.
E que nenhuma convenção ou sinédrio melhorará as enfermidades.
Pedro Passos Coelho foi o primeiro no sinal de partida.
Tinha a difícil tarefa de enfrentar, pelo menos, um candidato da dr.ª Manuela; afinal, emergiu outro.
A história da rasteira que o dr. Rangel passou ao dr. Aguiar pertence aos anais dos atentados públicos contra a decência.
Esta divisão não "enriquece" o debate: provoca mais ressentimentos do que aqueles que vicejam no PSD. E fornece a Passos Coelho a forte possibilidade de ser o próximo presidente do partido.
Acresce, em seu favor, o facto de Pacheco Pereira, homem fatal, ter apoiado publicamente o dr. Rangel, o que fez afugentar, espavoridos, todos aqueles propensos a favorecer o vencedor das "europeias".
Pacheco dá azar, segundo a imensa maioria dos psd's, a qual o acusa de ser o organizador da estratégia que conduziu a dr.ª Manuela e o PSD à mais negra desgraça.

Perante estes imbróglios, tudo parece indicar que Pedro Passos Coelho tem o caminho facilitado.
Mas, atenção aos sábios!, José Sócrates está vivo, embora duramente espancado.
E não é para graças, independentemente dos defeitos de formação que se lhe apontam.
Os problemas de personalidade parecem não afectar os eleitores.
A ter em conta as tais sondagens de há dias, que submetem à esclarecida consideração da praça os paradoxos do nosso viver.

Baptista-Bastos

4 comentários:

  1. Eu gostaria que o António Costa (um homem culto e com classe, e vagamente meu vizinho) tivesse uma oportunidade de mandar naquilo antes de, sei lá, ter setenta anos...

    :-(

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  2. Este BB tem que se lhe diga!!
    De mansinho vai derrubando o psd mas desta vez o tiro fará ricochete.
    O (des)governo está doente e o pinóquio é o virus mas não deve ir embora, de forma alguma.
    Já que nos enterrou que resolva o problemão !
    Se for capaz, o que muitos já duvidam.
    Estou de acordo, o Costa deve ser o melhor dos ps, pelo menos parece...

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  3. Os desgraçados somos nós sem dúvida...
    E os patifes são muitos e variados.

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  4. Ao lado:

    PS: já disse
    PSD: também já disse, ou então o António C.
    CDS: Toninho
    PCP: tavez um dos meus tios
    BE : definitivamente a Joana A. D.


    Pois, fantasias há todos os dias...

    :-)

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