Love Story Graffiti

Sentia-me perdido na cidade.

As paredes, de cores agressivas, cercavam-me em explosões cabalistas.

Seres estranhos, lembrando galáxias distantes

indicavam-me caminhos que não eram os meus.

Por vezes, parecia-me ver algo mais decifrável

mas quando atentava melhor, o mistério mantinha-se insolúvel.

Foi então que a vi, lá ao longe, aparição surreal.

Os olhos saltaram-me das órbitas. Abri a boca de espanto.

Ela aproximava-se num andar insolente e sensual, em simultâneo.

As curvas generosas ondeavam ao ritmo do caminhar.

As palavras atropelaram-se na garganta.

Um arrepio na espinha. As mãos húmidas.

A palavra Amor escreveu-se, a fogo, na minha mente.

Love, liebe, amour, amore, em mais de cem línguas.

Como num sonho impossível, à partida

imaginei-a nua, a desfalecer nos meus braços.

O Amor transformava-se já em Paixão, em Desejo.

Inventei novas palavras para descrever o que sentia.

Entretanto ela aproximava-se, lânguida, como em câmara lenta.

A língua rosada, humedecia-lhe os lábios protuberantes.

Olhei em volta, nervoso, sem saber como reagir.

E, de repente, vi a enorme flor. Num gesto rápido, ofereci-lha.

Agradecida, colocou-a no cabelo, que se adivinhava sedoso.

De seguida murmurou, com um forte sotaque francês, duas palavras mágicas...

Moral da História: E foram felizes para sempre

numa qualquer parede ou muro, perto de si.