Morreu ontem em Paris, aos 89 anos, o realizador Eric Rohmer, pseudónimo de Eric Scherer, também argumentista, crítico, professor e escritor, e que para mim, a par de Hitchcock, Felinni e Viscontti, foi um dos 'fazedores de filmes'que mais me marcou, numa determinada fase da minha vida.
Mesmo sendo um dos cineastas franceses mais admirados e conhecidos em todo o mundo, Rohmer, um dos principais representantes da Nova Vaga, não se tornou tão rapidamente popular como Truffaut, Chabrol ou Godard, tendo um reconhecimento foi mais discreto e tardio do que o destes.
Enquanto chefe de redacção dos Cahiers du Cinéma, entre 1957 e 1963, foi um dos criadores da "teoria do autor", que veio a encarnar, tendo assinado com Claude Chabrol, o primeiro grande estudo sobre o cinema de Alfred Hitchcock.
Alguns dos seus filmes, principalmente os que compõem a série Contos Morais, como L'Amour l'après-midi, Le genou de Claire ou Ma nuit chez Maude, foram vistos por este escriba dezenas de vezes e terão influenciado, digo eu, toda uma geração francófona.
Parte da filmografia deste realizador está organizada em três grandes ciclos: Seis Contos Morais (seis filmes, 1963-1972), Comédias e Provérbios (seis filmes (1981-1987) e Contos das Quatro Estações (1990- -1998).
Entre as suas restantes realizações contam-se estilizados filmes de época como A Marquesa de O (1976), Perceval (1978), A Inglesa e o Duque (2000), onde lançou mão da tecnologia digital para recriar os cenários, ou Os Amores de Astrea e Céladon (2007) e fitas tematicamente "soltas", como Quatro Aventuras de Reinette e Mirabelle (1987), L'Arbre, le Maire et la Médiathèque (1993), uma sátira à política cultural socialista, ou Agente Triplo (2004), uma história de espionagem.
Segundo Rohmer, "as pessoas nos meus filmes não expressam ideias abstractas - não há 'ideologia' neles, ou então muito pouca - mas revelam os que elas pensam sobre os homens e as mulheres, sobre a amizade, o amor, o desejo, as suas concepções da vida, a felicidade... o aborrecimento, o trabalho, o lazer".
Estas pessoas encontram-se, desencontram-se, desejam-se, seduzem-se, resistem à tentação, separam-se, hesitam em tomar decisões e fazer escolhas, reflectem sobre as suas acções e submetem-se ao acaso, ao mesmo tempo que se movimentam pela realidade quotidiana e falam longamente umas com as outras, dando expressão concreta à visão das relações humanas de Eric Rohmer.
Que sempre foi, também, a nossa...
Como deves calcular, tenho todos os fimes do Rohmer, acho que vi o "Ma Nuit chez Maud" em 1960 e troca o passo numa cinemateca dessas do 'estudantariado, ali pr'ós lados da Estrela/Campolide...
ResponderExcluirFiquei fascinado, e já na altura nem era católico nem nada...
A série dos 'Contes Moraux' (Boulangère de Monceau / La Carrière de Suzanne / Ma nuit chez Maud / La Collectionneuse / Le Genou de Claire / L'Amour l'après-midi) é absolutamente fascinante...
O último foi este , ainda não tive ocasião de espreitar...
No tempo em que o cinema francês dava cartas...
ResponderExcluirE Rohmer era um dos meus favoritos. Hoje, simplesmente,nauseia-me o cinema francês.
Q. entendo-te perfeitamente, mas talvex não seja de tomar a nuvem por Juno...
ResponderExcluirExperimenta Laurent Cantet ...
Eric Rohmer foi também um cineasta muito importante, em diversas fases da minha vida.
ResponderExcluirVi-o quase todo, em salas de cinema de Lisboa, já desaparecidas...
Preferências para L´Amour L´Après-Midi, Ma Nuit Chez Maud e La Marquise d´O, e ainda tantos outros!
Ou ainda, num tom mais ligeiro Cédric Klapisch (L'Auberge Espagnole, Les Poupées Russes, e o último Paris de (2008) , com a Binoche e o inevitável Romain Duris...
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