Era a minha primeira viagem á Índia.
O aterrar no Aeroporto de Nova Delhi tinha sido já, uma aventura.
Conseguir receber a bagagem daria uma cena de filme de suspense se não se tivesse extraviado uma mala.
Assim, o género foi mais o do terror…
A alfândega com funcionários à procura de alguma coisa que lhes pudesse proporcionar uma propina especial, outra experiência, a fazer lembrar os seus homólogos de Luanda.
Enfim as situações únicas, e que tornam viajar algo de enriquecedor, adivinhavam-se muitas e variadas.
Já estivera nas Filipinas e na Tailândia, na Coreia do Sul e na China, estava habituado, pois, a diferenças culturais, religiosas, gastronómicas, nada disso me fazia confusão.
Mas mesmo assim não estava preparado para o que me aconteceu a seguir…
Quando saí do Aeroporto, com a mala de cabine, que me tinha restado, e depois do choque contrastante entre o frio do ar condicionado e o calor húmido do exterior, vi uma multidão que se precipitava para mim.
Seres, que, numa primeira observação apressada, pareciam famintos e andrajosos.
O que me foi dado ver, nos dias e viagens seguintes, ajudou-me a perceber que famintos e/ou andrajosos na Índia significa outra coisa bem distinta do que me era dado ver, no momento.
Aqueles homens eram, apenas, motoristas de táxis a tentarem captar um novo cliente. Ocidental, ainda por cima. E com pouca bagagem…
Mas a violência entre eles, os acotovelamentos, os empurrões iam num tal crescendo que, para minimizar as eventuais consequências, escolhi rapidamente um dos taxistas que me pareceu ter um ar mais normal(?).
O problema foi passar depois por aquela urbe de gente zangada que proferia impropérios, imagino eu, contra a minha mãezinha e, muito provavelmente, os ancestrais do condutor, seleccionado de forma tão aleatória.
Quando deixámos para trás os colegas que já se precipitavam para um novo eventual passageiro, acabado de sair do edifício do aeroporto, olhei inquiridor para o “meu” chauffer, para perceber onde estava o carro.
Ele pareceu perceber a minha pergunta muda porque apontou vagamente lá mais para a frente.
Quinhentos metros depois, foi a vez de ter o segundo, ou terceiro, já nem sei, choque do dia.
O “táxi” que nos aguardava, meio escondido por um pilar de um viaduto, era um chaço que nem um sucateiro sovina aceitaria para destruir.
De cor indefinida, grandes amolgadelas, espalhadas um pouco por todo o lado, estofos com rasgões que deixavam entrever molas de aspecto enferrujado.
Ainda pensei voltar para trás e recomeçar tudo de novo, mas a minha pequena maleta, que há muito me tinha sido arrancada das mãos, já estava acondicionada no banco do pendura.
Contrariado, lá entrei para aquele que iria ser um dos meus mais emocionantes
trajectos feitos num táxi….
…Mas essa é outra história que merece um capítulo à parte !
Travis Bickle
domingo, 20 de dezembro de 2009
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T.B. New Deli é um encanto e um pavor, believe me please, been there, done that, white but 1/16 indian, lived there,cousins there, monsoons out not a problem...
ResponderExcluirNesta altura do campeonato a Índia está a crescer "n" por cento ao ano, e há uma porrada de 'tugas' (licenciados e tudo, em informática, electrotecnia e essas merdas...) a trabalhar em Mumbai (ex-Bombaím), no Rajahstan, e para os maharatas de ao lado (de Gôa).
Ah, será que me esqueci de dixer ? A famílória do meu falecido Pai é de lá (mas são 'tugas')
Eu vivi lá em miúdo, estive lá há pouco tempo, não li isto num jornal...
Eu se fosse a si continha-me...
:-)
Este Travis Bickle nunca esteve no Egipto...
ResponderExcluirNote-se que eu estava só a brincar consigo T.B.... na parte do "conter-se".
ResponderExcluirNevertheless tudo o que eu disse acima it's true, e ainda encontrei por lá o Águalusa e tudo...
:-)