quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Souvenir forever ou I love Paris in the Springtime

Tinha apenas 17 anos, quando tudo isto aconteceu...
Era a minha primeira viagem a Paris, tive que pedir
uma autorização especial para sair cá do burgo,
pois muitos jovens da minha idade escapavam-se para fora
para não ir dar com os costados no, então chamado, Ultramar.

A tarde primaveril, estava um bocado fria apesar do sol,
o que não me impediu de escolher uma mesa na esplanada
do Aux Deux Magots,
onde me preparei para saborear um chocolat chaud.
O dinheiro não abundava, mas uma estravagância pequena
ainda me era permitida.

Foi quando levava a chávena à boca, que vi parar a limusine.
A porta abriu-se e mal olhei aquele tornozelo branco,
a perna bem desenhada que aparecia, soube que era ela.
Vira dezenas de vezes o Some Like it Hot,
o Diamonds are a girl best friends e até, o recente, The Misfits,
para conhecer todos os pormenores, todas as curvas e sinuosidades,
da minha estrela favorita.
Sofrera com os seus desgostos amorosos com o Joe di Maggio,
estrela do baseball e com Arthur Miller, escritor que passara a odiar.
Vibrara com os prémios atribuídos,
coleccionava as arrojadas fotos com decotes vertiginosos,
fizera-me sócio de um Cineclube para ver os Filmes
antes de chegarem, quando chegavam, às salas de cinema.

Mas o que não estava à espera, é que ela olhasse à volta,
acenasse para os inúmeros admiradores que a aplaudiam,
e depois se dirigisse à minha mesa, e com um sorriso
que me deixou emudecido, levasse a minha chávena à boca ,
a mais desejada em todo o mundo, e bebesse um gole profundo.
Depois, agradecendo-me num silencioso thanks, tocou ao de leve,
com os lábios generosos no guardanapo de papel,
escreveu umas breves palavras e desapareceu, de novo,
no interior da longilínea viatura, que arrancou de imediato.
Eu fiquei, longos minutos, sem fazer qualquer movimento...

...Depois, acordei, levantei-me da cama
e fui tomar um duche de água fria !

6 comentários:

  1. Este sonho quase verdade, mostra bem o comportamentp psicológico do seu autor, um verdadeiro macho latino...escondido sob a capa de inocente e imberbe criatura.E se ele for quem eu desconfio, a vós confesso que me revejo nas suas investidas...criativas!!!

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  2. Foi-se o sonho, mas ficou o guardanapo com os lábios marcados a vermelho "benfica"

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  3. Lembro-me bem da 1ª vex que fui a Paris e de começar a a amar a cidade desde aí, (fiquei no Quartier Latin e passava a vida nos jardins du Luxembourg, era de borla) mas nunca encontrei a Marilyn (não devia ter a a 'idade certa'... ou a sorte.)

    :-)

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  4. Ah, e a gente aqui também via tudo nos cineclubes (volta não volta um era 'fechado' pela PIDE ou pela bófia ou por lá quem fôsse) e a gente passava p'ra outro, sempre foi assim, assim será...

    :-)

    A minha kóltura nisso vem dos cineclubes de Lxª.

    :-))

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  5. Só faltou um arrepio a percorrer-te a espinha...

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  6. A mim aconteceu-me uma história em Londres... Mas a história é simples e certamente só tem graça para mim - ia eu a atravessar uma das ruas da city quando dei com uma cara conhecida, eu conhecia mas ele nunca me tinha visto na vida! Cumprimentei afectuosamente como se cumprimentasse um vizinho do meu prédio...ele, educadamente correspondeu! Só quando cheguei ao outro lado da rua é que me lembrei de quem era - o Diogo Infante! Ups

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