terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O desapontamento de Marco

57

Uma autêntica desilusão.
Tanta preparação, tantas horas de vigilância e, afinal, para quê?
Marco olhou, uma vez mais, para a única foto que tinham conseguido obter.
Uma forma desfocada e escura de uma pessoa, impossível de distinguir se homem ou mulher, tapada dos pés à cabeça e que, dado o ângulo da fotografia, não se apercebia se era gorda ou magra, alta ou baixa.
Como prova, um zero à esquerda...

Olhou, com azedume, para o Leandro, membro da equipa e seu apoiante, desde a primeira hora, naquele projecto não-oficial.
Este, sentindo-se culpado, sem ter porquê, olhou os outros dois elementos que tinham participado na acção.
Também eles eram exemplo de um certo desânimo e cansaço.

"...Mas não podemos desistir. Nós, ao menos, temos agora a certeza de quem é o autor dos Crimes do Galo..." estas foram as palavras certas, no momento certo,
Nem mesmo, o desiludido Marco, conseguiu rebatê-las, por completo.
"Sim, só que sem provas efectivas, nada feito" tentou, ainda, argumentar.
Mas, o seu interlocutor não se ficava pelas meias palavras" Temos a arma do crime. Embora limpa de impressões digitais. E talvez possamos contar com o testemunho da menina da bilheteira do jardim, porque a pobre da Marisa...".

Realmente, a infeliz camareira do Copa tinha escapado à morte, por uma unha negra.
Ou, então, talvez a vela que a Dona Laurinda acendia toda a semana ao Padinho Padre Cícero tivesse mesmo funcionado.
A lâmina do estilete que entrara directa ao coração resvalara numa costela e os danos, embora profundos, não tinham sido mortais.
Contudo, a jovem entrara em estado de coma e os médicos não queriam avançar qualquer prognóstico.
Tinha perdido muito sangue, os traumas cardíacos eram graves e, por isso, estava tudo nas mãos de Deus, Oxalá, ou de quem vosmicês quiserem...

Os quatro elementos reunidos na casa da mãe de Marco, em pleno Méier, não se perdoavam o infantilismo de terem cercado o atelier, onde tudo se passara, mas deixarem totalmente livres todos os outros que, numa enfiada seguiam rua abaixo até junto do gradeamento que separava o jardim do exterior.
Também, não podiam adivinhar que os estúdios tinham portas de leigação entre si e que estas permaneciam sempre abertas, como averiguaram mais tarde.
"Bem, vamos com o plano para a frente ou paramos, por aqui?"de novo, uma injecção de adrenalina, que era o que o grupo precisava.
Quatro braços ergueram-se, num voto silencioso e afirmativo.

Começaram, então, a redigir a convocatória,

Um comentário:

  1. Pah, J.V.> d'aqui não há mãozinhas nas costas p'ra ninguém.
    Entendeste, ou precisas de um desenho ??

    :-)


    Parabéns por todos os que se antecedem.

    :-))

    ResponderExcluir