Tive que me conter para não partir a cara àquele corrupto, venal e covarde pêquêpê, qua dava pelo nome de Seabra, Doutor Seabra, e era meu chefe num daqueles quiproquos em que a polícia do Brasil e, quem sabe, de outros países, é useira e vezeira.
Tentei não entrar na baixaria.
"Pode tomar seu lugar junto de seu Ustinov, por favor?"
O bunda mole ainda tentou reagir, mas um acenar de cabeça do Cassini, bem visível por todos, fê-lo sentar no lugar indicado, trémulo e ofegante.
"Como podem ver pelas duas cadeiras vazias ainda temos mais dois convidados, ou mesmo três se tudo correr bem..." olhei para a dondoca da Gabriela e amiga, para lhes fazer sentir que talvez viesse a precisar daquele lugar.
"Mas, entretanto, podemos ir recolhendo os passaportes..." e, levantando-me, comecei, da esquerda, por Teo, que me entregou um passaporte novinho em folha com um único carimbo, da entrada no Rio.
Devolvi-lho, sem uma palavra.
Em contrapartida, o de Gabriela, que guardei, tinha as folhas pejadas dos mais variados selos e carimbos demonstrando, sem sombra de dúvidas, ser um elemento socialite internacional.
Por Giselle, assim se chamava a acompanhante, passei sem lhe pedir nada.
Um, aparentemente tímido e sorridente Hans Hahn, foi o seguinte a quem apreendi o passaporte.
Também o dele, carregado de carimbos, aditamentos e vistos, o que era fácil de compreender, pois tratava-se de um elemento bem colocado na hierarquia da organização de Sérgio Cassini.
Este , assim como o seu guarda costas , Miltinho, ou o raio que fosse, e o gigante sérvio, viram, igualmente, os seus passaportes serem recolhidos.
Não evitei uma alfinetada ao meu chefe.
" O seu não preciso, Doutor...sei que só viaja a Miami, para controlar seu saldo bancário..."
Vendo-o ficar vermelho qual malagueta, me senti vingado pelos desaforos já ouvidos.
Nessa altura, Flôrzinha fez sinal que um outro convidado acabara de chegar.
O homem que entrou, bem baixinho, nervoso e com um bigode à Hercule Poirot, não tinha ar daquilo que, na realidade, era - o director do Jockey Clube do Rio de Janeiro, que se sentou ao lado do meu chefe.
Ficou, assim, uma única cadeira vazia, a da ponta direita do semi círculo, em frente ao lugar do detective português.
Clareei a voz, e disse:
"Estamos aqui reunidos para desmascararmos o assassino dos Crimes do Galo. Mas, primeiro, chamemos a pessoa que o descobriu..."
...Nesse momento, Deolinda Simões entrou no anfiteatro.
Antecipadamente, apresento minhas desculpas, aos leitores ( poucos mais fiéis)que sofreram com a "morte" da Deozinha ( com destaque para a sensível Quimera)mas foi um artifício necessário para o desenrolar do argumento.
ResponderExcluirAgora, já podem suspirar de alívio...
O Autor ( algures em terras paulistanas)
Bela surpresa guardada para o fim!!!
ResponderExcluirOu será que vamos ter mais surpressa e o fim...ainda não o é !!!
Não precisa pedir desculpas JV. O reaperecimento da Deo supera tudo!
ResponderExcluirFantástico seu J.V. !
ResponderExcluirA intriga adensa-se...
:-)
Num comentário ao lado, adoro as expressões bunda mole, desaforo, baixaria , que a 'gente' aqui ou não usa ou já deixou de usar.
E seu J.V. se 'ocê 'tá em SP procura mais a Boca do Luxo que a Boca do Lixo, tem viadinho por lá esperando com o truque matou, tem que comê !
ResponderExcluir;-) ;-)