quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Uma tarde nas Corridas

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O Jockey Clube do Rio de Janeiro resulta da união, ocorrida em 1932, de dois clubes de corridas de cavalos - o Jockey Club, fundado em 1868 por um grupo de cariocas elegantes, entre os quais o Conde de Herzberg e o Major Suckow e o Derby Club.

Muito mais do que ser um Centro Hípico, o actual Jockey Clube, para além das corridas que se realizam todas as 6ªs, Sábados, Domingos e 2ªs, conjuga desporto com espectáculos e moda, possuindo piscinas, courts de ténis, salas de escritórios, lojas e um auditório.

Era para esse auditório que convergiam os diversos convocados por Marco Tupinambá, num fim de tarde que, como é habitual no Rio, se aproximava rapidamente da mais negra escuridão mas que, por enquanto, ainda apresentava o céu raiado de vermelho por um sol que desaparecia na linha do horizonte.

Os primeiros a chegar foram Sérgio Cassini e a sua permanente sombra, Miltinho do Pagode, também ele convidado para esta reunião, que se adivinhava repleta de surpresas.

Marco Tupinambá, que era afinal o anfitrião e motor do convívio forçado, indicou-lhes umas cadeiras, de um conjunto de dez colocadas em semi círculo, com mais uma adicional, ao centro.

Embora Sérgio tivesse insistido, aos quatro capangas que o acompanhavam não lhes foi permitida a entrada no anfiteatro.

Ficaram então, a remoer vinganças, numa outra sala, conhecida como foyer, com um pequeno balcão, num dos cantos, onde era servido o eterno cafézinho brasileiro, já previamente adocicado, e muito, servido em pequenos copos de plástico.

Nas duas portas de acesso , estavam, como porteiros vigilantes, Leandro Sarmento, que nós já conhecemos como fotógrafo improvisado e Flôrzinha, como era chamado um dos outros ajudantes de Marco, apesar dos músculos bem definidos e da pose de machão.

Pouco depois, entrou Teo. Após um banho demorado e uma escanhoadela com vagar, apresentava já um ar mais compatível com a fama de galã das noites lisboetas.
Escolheu o lugar mais afastado de Sérgio e Miltinho que cumprimentou com um leve aceno de cabeça.

Quase de seguida, chegou Gabriela, acompanhada por Giselle.
Perante o levantar de sobrancelhas inquisitivo de Marco, respondeu "Se ela não ficar, eu também não fico" e sentou-se ao lado de Teo, o que deixou, apenas, uma cadeira de intervalo entre Giselle e Sérgio que nem se dignaram um olhar.

Pouco depois, foi a vez de Velic, com o contabilista Hans qualquer coisa...
Como este se sentou rapidamente na cadeira vaga, entre Sérgio e Giselle, a opção do sérvio foi esticar as longas pernas ao lado de Miltinho, ficando três cadeiras vagas à sua esquerda.
Miltinho olhou-o com um ódio indisfarçável...

Marco Tupinambá ocupou, então, a sua cadeira equidistante de todas as outras e, depois de consultar o relógio, ia começar a falar quando o seu chefe, o Dr.Seabra, irrompeu aos gritos pela sala.

" Desta vez foi longe de mais, seu côninhas. Vou botar você como manobrista em Maceió..."

9 comentários:

  1. Os suspeitos todos reunidos numa sala como o polícia.
    Cena clássica que antecede sempre o fim...infelizmente.

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  2. :-)

    Memória é como fosse um pedaço de mim...

    :-))

    Belo nº 59, seu J.V. !

    Acrescentando um pouco de côr local: tinha aí muito perto uma cervejaria com uma esplanada enorme chamada Sagres, imagine-se... (mas não era nada de especial, acrescente-se).

    Essa parte do Rio e depois a Lagoa também, é fantástica, eu me alugaria ao bandoleiro principal se ele me desse lá casa...

    :-)))

    Nunca encontrei óbviamente Cassini e os capanga, mas como tinha uma "amiga de amigos" morando um pouco à frente (Botafogo) e ela era guia turística de profissão não foi complicado conhecer tudo isso, a pé, táxi, ónibus.

    Só entrei uma (uminha !) vex no hipódromo do Jockey, e já não lembro o que fui lá faxer, embora cavalo seja 'a minha praia', entendo do bicho, já pratiquei no CM e antes num picadeiro que agora é um teatro, mas já não pratico. Um dos meus brothers ainda...

    Com a negra iscuridão do Rio posso eu bem, 'homi' 'tá tudo iluminado !
    Mêmo (e sobretudo...) p'ra portuga !!

    Bateu saudade, seu J.V. , parabenizando uma vex mais.

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  3. Alvega bota freio e bridão, nais uma linda testeira e cisgola, não recorda assim esse Rio dos nossos amores !!!

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  4. Z.M. lol !!

    Se ele fôr realmente para manobrista em Maceió ainda acaba trabalhando p'rá família do Collor (ex-presidente do Brasil, mais playboy e corrupto que ele era difícil de encontrar) ele vai se dar mal... se esses gajús ainda forem os donos de Alagoas.

    :-))

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  5. E eu a pensar que era expert em Brásiu antes de perceber que ao lado dos meus colegas de blog, sou um mísero amador...

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  6. Adriano se você insistir eu posso dar classes de tropicalismo para você!

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  7. Adriano , como sabe, o Brasil é um mundão de deus.

    Tem um montão de coisa lá que eu conheço não... e o Adriano também não, estava em apostar.

    :-)

    Ano e meio lá chega p'ra nada.

    :-(

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  8. Um amiguinho dos velhos tempos mandou-me o link, talvez sirva para banda sonora deste post.

    Estes gajús funkam com o som 'circular' das guitarras eléctricas que se fazia em Inglaterra nos anos 80, e depois são lenhadores ou lá o que o valha do Oregon (U.S. of A.)...

    Vê-se pela "estética".

    Tomáramos nós ter esta espécie de 'parolos'...



    Anything to make you smile...


    de aqui , uma das 'coisas' mais excitantes que alguma vez apareceu nessa cidade pluviosa, a Band of Horses.


    No one's gonna ever love you more than I do...



    Boa ideia também para presente de natal, o álbum chama-se "Cease to Begin" (2007, creio eu), trad. muitíssimo livre, Deixa-te de merdas...

    :-)

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