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Quando Marisa acordou, amarrada como um salpicão, tentou gritar mas a mordaça que lhe cobria totalmente a boca, impediu-a.
Sentiu o pavor apossar-se dela.
O corpo estava coberto de tinta vermelha, que se assemelhava a sangue bem espesso.
Aqui e ali, salpicos de um azul intenso, contrastavam de forma violenta, com o queimado da sua pele.
Olhou à volta, quadros com nus cobriam a quase totalidade das paredes.
Na maior parte dos casos, imagens de mulheres retalhadas em planos que se sobrepunham desajustados, originando composições estranhas e poderosas mas que para ela, nas circunstâncias em que se encontrava, eram apenas assustadoras.
Algumas pareciam ilustrar o momento do orgasmo. Olhos fechados e bocas abertas num grito silencioso, como o que teimava em não conseguir sair da garganta de Marisa.
Vieram-lhe à cabeça os conselhos de sua mãe, Dona Laurinda, analfabeta que nunca cruzara as fronteiras do longínquo estado de Amapá, lhe dera antes de a deixar pegar o Ita que a iria transportar para o Eldorado brasileiro - o Rio.
"Nha fia, vosmicê num vá em cunversa dómi ó muié qui não conheça, e mesme esse, tenha muito cuidado e teja sempre com otra moça do lado" e perante o sorriso de superioridade da filha a sentir-se, quase, quase, uma carioca da gema" vi nas novela que o péssuau dessas terra é tarado dimais. Botam muié com muié, hómi com hómi, até com cachorro eles transam ... só pensam em isso, os safado".
Se a sua pobre mãe, que nunca conhecera outro homem que não seu pai,, Juvenal Bezerra Divaca, peão honesto e trabalhador, soubesse que sua filha Marisa, a mais bonita e inteligente da ninhada, já estivera na cama com velhos, casais de homossexuais e de lésbicas, já chicoteara uma jovem famosa com apelido de cadeia de hotel, e depilara, por completo e com gilette, um galã da Globo de quem a mãe era fã, a pobre senhora iria ter um treco, na hora...
...Mas não era, no momento, a eventual morte da progenitora, o que mais preocupava Marisa...
Sentiu um movimento mais brusco e olhou para a sua direita.
O que viu, deixou-a sem pinga de sangue.
Uma figura, de sexo e idade indefinida, coberta da cabeça aos pés por um macacão escuro e com um capuz preto enfiado na cabeça, aproximava-se dela, com algo, que brilhava, numa das mãos.
Um estilete! Um estilete de aço, bem aguçado, que se aproximava perigosamente do seu rosto...
Nesse momento, lembrou-se da sua companhia de há pouco.
Seria ela, custava-lhe a crer, aquela criatura demoníaca que se aproximava lentamente ou, estaria também amarrada num canto qualquer do estúdio?
E, nesse caso, quem seria aquele personagem que lhe apontava, agora, a lâmina a poucos centímetros do rosto?
Foi, então, que um forte clarão iluminou toda a sala, como o fogo de artifício das festas juninas da sua terra natal...
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
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Sou fã de Os Crimes mesmo não comentando muito.
ResponderExcluirVou querer ver na Globo, com a popozuda da Juliana Paes fazendo uma Marisa seminua, Vera Fisher de topmodel meio cota e a gata portuguesa Cláudia Vieira como Deozinha, ou então a Catarina Furtado, com todo aquele corpão..
Boa Sapho, mas acho que para Deo a Baba Guimarães ficaria melhor.
ResponderExcluirQ. completamente de acordo, mas eu gostaria que o maridinho viesse no pacote e fôsse também... enfim.
ResponderExcluir:-)
Desculpem-me, mas a Bárbara Guimarâes, quarentona enxuta um bocado tia, a fazer de uma suburbana de Massamá, com vinte e tal anos, se bem me lembro...é um erro de casting.
ResponderExcluirPor favor não estraguem Os Crimes do Galo com essas pirosas...
ResponderExcluirAtão, seu Jaimi Várela, também cônhêceu o hómi di Dona Laurinda, o tau di Juvenal Bezerra Divaca???!!!
ResponderExcluirMarisa têm um irmãu?!
Seu Vitáu Bezerra Divaca?!
C. só podi!
ResponderExcluir:-))
(Juturucurutu p'rá sempre !!)