Lá vou eu despertar a ira de alguns mas não me importo nem tenho receio. Como pode haver boa, humana e inteligente Justiça se as leis estão desajustadas e os juizes são na 1ª Instancia, jovens recem formados ssm qualquer conhecimento e experiencia da vida real? E assim vão envelhecendo no seio de um estanque e intocável corporativismo. As criticas surgem de todos os lados e tudo cntinua na mesma. É triste, muito triste.
Tive duas experiências profissionais nesta área. O suficiente para entender o funcionamento dos Tribunais de Menores, Serviços de Adopções e Acolhimento Familiar, a OTM (Organização Tutelar de Menores)...
O suficiente para concordar com PG. Cada caso é um caso. O suficiente para questionar, como diz o Zé Manel, se as leis estão desajustadas ou se é a sua aplicação que está enferma.
O que vivi nessas experiências diz-me que o interesse da Criança tem de ser o que prevalece. É o que diz a OTM. É o que diz a Convenção sobre os Direitos da Criança. É que diz o bom senso… Então se todos o dizem, porque falha? Porque temos magistrados inexperientes? Porque existe corporativismo? Porque não temos recursos humanos suficientes que acompanhem as famílias disfuncionais?
Porque falha o sistema de protecção social às crianças? Eu desconfio que por causa de um bocadinho de tudo….
Podia contar algumas histórias sobre crianças como as Joanas, Esmeraldas e Alexandras deste país. E outras mais felizes. Mas hoje, Dia Mundial da Criança, lembrei-me de uma em particular.
Após um ano de cumplicidades criadas com uma criança de 6 anos, que por circunstâncias que agora não interessam estava a viver com uma família de acolhimento, tinha chegado o momento de me despedir. O meu trabalho ali tinha acabado. Como despedir-me sem que isso representasse mais um final, mais um abandono, na vida daquela criança?
Contei-lhe a história de um Principezinho que cria laços com uma Raposa… Ouviu-me com uma atenção quase sobrenatural. No final, perguntou-me: “Mas tu és de outro planeta?”. A pergunta doeu-me. Ainda hoje dói. Mas percebi que ele tinha entendido. Eu ia embora, mas o essencial é invisível para os olhos. E às vezes imagino que ele olha para o céu à procura da minha estrela e espero que o que construímos juntos durante um ano lhe tenha trazido alguma esperança no Ser Humano.
Pais biológicos ou afectivos? Afectivos. Sem hesitações. O sistema falha. E muito. Às vezes temos pais biológicos com muita vontade de serem afectivos e que num determinado momento não o conseguem. É verdade. Mas o que não pode acontecer é que mais tarde se hipoteque o afecto de uma criança, para dar uma oportunidade a uns pais que não o puderam ser, porque existem laços de sangue.
E é isto que falta no nosso sistema de protecção social. A consciência de que existem Raposas e Principezinhos. O desconhecimento da palavra “cativar”.
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Trabalhou em Publicidade em Portugal, Brasil e Estados Unidos.
Colaborou, igualmente, na Rádio("As Noites Longas do FM estéreo"), na Televisão ("O Jornalinho")e na Imprensa escrita.
Publicou vários livros de short stories, "O Galo de Barcelos ao Poder"(Moraes editora ), "As Noites Longas"(Rádio Comercial ),"Gostastes?"( Bizâncio)e "Photomaton"(MDS).
É um dos autores d'"O Canto do Galo"( Bizâncio) e do "Tamanho não é Qualidade" (MDS).
Mais recentemente, de novo pela Bizâncio, publicou "Cozinha Fácil para Homens que não sabem estrelar um ovo".
Cada caso é um caso, embora a Justiça tenha que ser igual para todos.
ResponderExcluirComo sair deste impasse?
Lá vou eu despertar a ira de alguns mas não me importo nem tenho receio.
ResponderExcluirComo pode haver boa, humana e inteligente Justiça se as leis estão desajustadas e os juizes são na 1ª Instancia, jovens recem formados ssm qualquer conhecimento e experiencia da vida real?
E assim vão envelhecendo no seio de um estanque e intocável corporativismo.
As criticas surgem de todos os lados e tudo cntinua na mesma.
É triste, muito triste.
Mais que cega, a Justiça tem de ser humana.
ResponderExcluirTive duas experiências profissionais nesta área. O suficiente para entender o funcionamento dos Tribunais de Menores, Serviços de Adopções e Acolhimento Familiar, a OTM (Organização Tutelar de Menores)...
O suficiente para concordar com PG. Cada caso é um caso. O suficiente para questionar, como diz o Zé Manel, se as leis estão desajustadas ou se é a sua aplicação que está enferma.
O que vivi nessas experiências diz-me que o interesse da Criança tem de ser o que prevalece. É o que diz a OTM. É o que diz a Convenção sobre os Direitos da Criança. É que diz o bom senso… Então se todos o dizem, porque falha? Porque temos magistrados inexperientes? Porque existe corporativismo? Porque não temos recursos humanos suficientes que acompanhem as famílias disfuncionais?
Porque falha o sistema de protecção social às crianças? Eu desconfio que por causa de um bocadinho de tudo….
Podia contar algumas histórias sobre crianças como as Joanas, Esmeraldas e Alexandras deste país. E outras mais felizes. Mas hoje, Dia Mundial da Criança, lembrei-me de uma em particular.
Após um ano de cumplicidades criadas com uma criança de 6 anos, que por circunstâncias que agora não interessam estava a viver com uma família de acolhimento, tinha chegado o momento de me despedir. O meu trabalho ali tinha acabado. Como despedir-me sem que isso representasse mais um final, mais um abandono, na vida daquela criança?
Contei-lhe a história de um Principezinho que cria laços com uma Raposa… Ouviu-me com uma atenção quase sobrenatural. No final, perguntou-me: “Mas tu és de outro planeta?”. A pergunta doeu-me. Ainda hoje dói. Mas percebi que ele tinha entendido. Eu ia embora, mas o essencial é invisível para os olhos. E às vezes imagino que ele olha para o céu à procura da minha estrela e espero que o que construímos juntos durante um ano lhe tenha trazido alguma esperança no Ser Humano.
Pais biológicos ou afectivos? Afectivos. Sem hesitações. O sistema falha. E muito. Às vezes temos pais biológicos com muita vontade de serem afectivos e que num determinado momento não o conseguem. É verdade. Mas o que não pode acontecer é que mais tarde se hipoteque o afecto de uma criança, para dar uma oportunidade a uns pais que não o puderam ser, porque existem laços de sangue.
E é isto que falta no nosso sistema de protecção social. A consciência de que existem Raposas e Principezinhos. O desconhecimento da palavra “cativar”.
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ResponderExcluirΙt's always exciting to read through articles from other authors and practice a little something from other web sites.
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