sexta-feira, 22 de maio de 2009

Casablanca

Já na ponte de comando iniciei os preparativos para a viagem que o navio iria fazer até Casablanca, num dos seus cruzeiros programados para o período de Verão.
Sob o meu comando, uma tripulação de 250 homens e mulheres distribuídos pelas várias e imprescindíveis tarefas usuais a bordo de um paquete mesmo que de pequenas dimensões como este, serviriam os 950 passageiros que já tinham começado a embarcar e que estariam a instalar-se nos camarotes recentemente renovados.
Dentro de uma hora o navio largava do Cais da Rocha Conde de Óbidos. Impreterivelmente às 16 horas.
A viagem vai durar aproximadamente dois dias, tempo suficiente para algum divertimento a bordo proporcionado por um conjunto musical contratado e disponibilizado pelo Armador, pessoa de origem grega e profundo conhecedor da nossa actividade.
Acorreu-me ao pensamento a história de tantos navios de passageiros que fomos perdendo.
O “Infante D. Henrique” que tantos anos esteve apodrecendo em Sines e que depois alguém o comprou, recuperou e levou para as Américas onde fez cruzeiros durante muitos anos.
E o “Funchal” que foi adquirido também por um não português e que ainda viaja, aliás com muito êxito.
Enfim, um povo de grandes navegadores que perdeu em poucos anos a sua veia de marinheiro e que vive quase de costas voltadas para o mar.
Dei as minhas ordens, máquina principal lançada, lançantes e springs aliviados e depois recolhidos, máquina avante devagar, leme todo a a estibordo e assim iniciámos viagem rumo à barra e ao Oceano.
O navio foi ganhando velocidade, deixando Lisboa e passado algum tempo também cascais ficava pela nossa popa.
Não vos cansarei com a descrição da vida a bordo durante dois dias alegremente passados e sem incidentes, vida de piscina, a ginástica no tombadilho superior, as noites a dançar, o ameno convívio às refeições com convites para a minha mesa como é sempre de bom tom.
A aproximação ao porto de Casablanca deu-nos a oportunidade de ter uma pequena ideia do seu movimento pois fundeados ao largo aguardando para irem descarregar, estavam 17 navios de grande porte.
Já feita a nossa atracação orientada pelo piloto marroquino embarcado a uma milha do porto, cumpridas as formalidades legais e usuais, começou o desembarque dos passageiros, uns que iriam aproveitar a estadia para passeios em autocarros, outros que preferiram sair em direcção às principais ruas de Casablanca que parecem nascer nas portas da área portuária.
Também desembarquei pois tinha o propósito de ir passear acompanhado por um casal conhecido e amigo .
Entramos num táxi, um velho Fiat de cor vermelha e ali designado por petit táxi.
O motorista compreendia e falava francês, mal mas dava para nos entendermos e lá fomos a caminho da Corniche sempre junto à orla marítima.
Ao passar pela Mesquita Hassan II, inaugurada em 30 de Agosto de 1993 pelo Rei. perguntei se a poderíamos visitar, pois tivemos sorte porque se fosse dia ou hora de orações tal estava totalmente interdito a não muçulmanos.
A sua arquitectura é linda e harmoniosa e de inimaginável dimensão, predominando a cor verde
O minarete tem 200 metros de altura.
A sala principal pode acolher 25.000 crentes, o tecto desliza sempre que o tempo o permite e ressalta em todo lado, dentro e fora, a riqueza do trabalho de centenas e centenas de operários e artesãos cuja arte é reconhecida em todo o mundo.

Não posso alongar-me. O Galo não permite !
Valeu a pena a visita mas prometo voltar a falar desta estadia do navio em Casablanca.

Carapau de Corrida

2 comentários:

  1. Lîndo,Carapau (embora eu prefira Tânger).
    Marinha mercante ??

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  2. Negativo, Alvega.
    Apenas bons conecimentos do mar...

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