Tinha aceite fazer o turno da Olga e já estava arrependida, afinal estava um dia tão bonito e quem sabe se um passeio fora de portas com Ricardo, não lhes acertava o passo…
Mas era sempre assim!
Nunca era capaz de dizer que não quando lhe pediam trocas, folgas e sabe-se lá o que mais.
O turno estava calmo, parecia até que os doentes estavam também a fruir o dia de sol.
O turno estava calmo, parecia até que os doentes estavam também a fruir o dia de sol.
Antes assim, aos poucos ia-se sentindo melhor consigo, com o domingo trocado.
A chamada da Urgência sobressaltou a tranquilidade que enchia o piso.
A chamada da Urgência sobressaltou a tranquilidade que enchia o piso.
Ia subir um doente: homem, branco, 30 anos, acidente de viação, estado clínico muito reservado. “Tão novo, cada vez são mais novos”, pensava Patrícia enquanto se dirigia para o receber.
A situação aguda diagnosticada e todo o movimento decorrente, levou a que Patrícia prestasse mais atenção aos cuidados que ao próprio doente.
A preocupação deste em manifestar, logo de início e a muito custo, que não queria qualquer tipo de visitas, despertou-lhe interesse.
A situação aguda diagnosticada e todo o movimento decorrente, levou a que Patrícia prestasse mais atenção aos cuidados que ao próprio doente.
A preocupação deste em manifestar, logo de início e a muito custo, que não queria qualquer tipo de visitas, despertou-lhe interesse.
Mas não teria este homem, família, filhos, uma mulher, amigos?
Estaria a evitar alguma situação?
Intrigada, pegou na ficha e bastou-lhe o nome para as respostas surgirem de imediato.
Pois era António Raposo, jogador de futebol internacional, casado e com uma filha.
Pois era António Raposo, jogador de futebol internacional, casado e com uma filha.
Conhecia-se-lhe o caso escaldante com uma enfermeira mais velha que o tinha levado a sair de casa.
A transferência para um clube estrangeiro, tinha sido outra história do domínio público, não só pelas negociações e clubes envolvidos, como também e sobretudo pelo facto de ter sido deixado pela mesma enfermeira, depois de declarações expostas de amor e paixão.
Tinha família, amigos, conhecidos, mais, tinha fãs que o idolatravam e seguiam.
Tinha família, amigos, conhecidos, mais, tinha fãs que o idolatravam e seguiam.
Talvez estivesse agora explicado porque é que não ia querer ter visitas: à delicadeza da situação em termos profissionais, juntava-se certamente a falta de coragem para enfrentar os que tinha deixado.
Patrícia sentiu subitamente imenso calor, a garganta seca, a racionalidade a fugir-lhe. E ela? Certamente seria a última pessoa que ele gostaria ter à cabeceira…
Não conseguia deixar de pensar na ironia do destino, tanto cuidado em vedar as visitas de quem quer que fosse, e lá estaria ela quando reagisse.
Em segundos, reviu o ano que viveu com António, o Raposo nos “mentideros”.
Patrícia sentiu subitamente imenso calor, a garganta seca, a racionalidade a fugir-lhe. E ela? Certamente seria a última pessoa que ele gostaria ter à cabeceira…
Não conseguia deixar de pensar na ironia do destino, tanto cuidado em vedar as visitas de quem quer que fosse, e lá estaria ela quando reagisse.
Em segundos, reviu o ano que viveu com António, o Raposo nos “mentideros”.
Tinha sido o mais feliz mas também o mais vertiginoso da sua vida.
Apaixonou-se, amou-o, odiou-o!
Empenhou-se na relação, na vida que queria que os dois vivessem, sempre, para sempre.
António, apaixonado desde o primeiro minuto em que se conheceram acabou por lhe virar os sonhos.
António, apaixonado desde o primeiro minuto em que se conheceram acabou por lhe virar os sonhos.
Apaixonado, sempre loucamente apaixonado, não conseguia viver nos trilhos acertados por ela.
À genialidade na sua profissão acrescia a loucura no seu amor!
Ela não conseguiu aguentar o pequeno inferno das suas vidas e deixou-o, amargurada, culpada, sem esperar muito da vida.
Acabou por se ir recompondo e fechar aquele capítulo.
Ela não conseguiu aguentar o pequeno inferno das suas vidas e deixou-o, amargurada, culpada, sem esperar muito da vida.
Acabou por se ir recompondo e fechar aquele capítulo.
Nunca mais o tinha visto, embora acompanhasse desinteressadamente a sua vida, ou aquela que era publicada.
Não era suposto, mas ali estavam de novo, lado a lado, e tudo voltava a ser contraditório.
Não era suposto, mas ali estavam de novo, lado a lado, e tudo voltava a ser contraditório.
Os gestos e os pensamentos confundiam-se, o medo e desespero já a tinham tomado.
Não podia deixá-lo e também não o queria fazer, queria amá-lo mas será que podia?
Chegou mais uma vez perto de António, tinha apenas aquele momento, beijou então os seus lábios cerrados que eram agora frios.
Chegou mais uma vez perto de António, tinha apenas aquele momento, beijou então os seus lábios cerrados que eram agora frios.
Quin
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Já tenho lido melhor do(a) Quin, fiquei com um certo sabor a novela da TVI.
ResponderExcluirAcho que tem todo o direito a exprimir a sua opinião, Adriano,mas penso que está a ser injusto.
ResponderExcluirÉ uma história de amor que acaba mal, como muitas na vida real.
Daí até à TVI...
Parabéns Quin.
Bom Conto como a Quin, como é que se pode ter dúvidas que é uma mulher? já nos tem habituado...
ResponderExcluirInteressante a forma de revelar sentimentos.
ResponderExcluirA suavidade da escrita em torno de um tema eterno e quase doentio- o amor.
Se Amor é doença...vou morrer na cama (Eh!Eh!Eh!).
ResponderExcluirEstará para além da novela da TVI,mas concordo com o Adriano. Já tenho lido melhor de Quin.
ResponderExcluirParabéns Quin !
ResponderExcluirTodavia assino em baixo do que o A* e a Q*. disseram, sorry. :-)
Conheço mal as novelas da TVI, mas preferia a comparação com Anatomia de Grey (Foxlife) :-)
ResponderExcluirGostei de todos os vossos comentários!
Não sei se é de bom tom comentar depois da autora ter respondido mas eu gostei.E além disso tem fair play ( como os do post do Ajax).
ResponderExcluirSafadinha a Quin, hen?
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