Alice sempre tivera namorado, parceiro ou marido.
Agora não e sentia-se bem assim.
Os amigos estranhavam, habituados a maior intranquilidade. Faziam esforços para a acasalarem mesmo que temporariamente. Alice dava-se conta mas fazia de conta que não e sorria para dentro.
Eram os jantares de amigos em que havia sempre alguém disponível e estrategicamente colocado ao lado dela, eram as solicitações para um fim de semana fora em que também ia alguém que ela “ia gostar de conhecer” e em qualquer situação em que a vissem a conversar mais demoradamente com alguém, atiravam-lhe ansiosos “é interessante aquele tipo com quem estavas”.
Quando perceberam que o esforço não estava a compensar, decidiram ser mais directos e um dia, depois de um dos tais jantares, ficou a saber que o Alex lhe tinha achado muita graça.
E ela que já nem se lembrava de quem seria o Alex, acabou por perceber que era o rapaz com quem tinha conversado sobre assuntos profissionais comuns.
“Parece-me que ele ficou apenas interessado no lado profissional” disse ela a um dos amigos e acreditava mesmo no que dizia.
Mas, ou porque os amigos também queriam apadrinhar o Alex ou porque este lhe tinha achado mesmo graça, Alice começou a receber telefonemas insistentes e deu por si a gostar da situação. Acabaram por combinar um encontro e mais um.
Breves fins de tarde para um copo.
Até que se decidiram por um jantar de sábado à noite.
Noite quente de verão, comida indiana, seguida de um copo numa esplanada cheia de corpos bronzeados e música a condizer.
Um roçar de braços, um toque na mão justificado pelo acender de cigarros, um acompanhar da música com o corpo e aí estava ela a ser conduzida em direcção a casa dele.
Na manhã seguinte, Alex marcou pontos com um pequeno almoço a preceito.
Alice observava então a casa a que não dera importância na véspera.
O cenário de decorador profissional e a arrumação excessiva incomodaram-na.
E de repente ele começou a mostrar-lhe a inteligência do apartamento: um aspirador na parede, uma luz que avisava se havia necessidade de fazer compras, um botão que accionado se encarregava de tarefas inimagináveis.
E livros não havia.
Ainda suspeitou que houvesse um “escritóriozinho” que retirasse os livros da sala.
Mas não.
Por esta altura, Alex propunha um programa para domingo à tarde e Alice já se via na sua própria casa.
Antes de qualquer decisão impunha-se um duche rápido.
Alex tomou a dianteira e quando chegou a vez dela diz-lhe: “não te importas de usar a minha toalha?
Para não estar a lavar mais uma…”
Se dúvidas houvesse, esta toalha, sobrepondo-se aos livros, acabou com elas.
Não voltaram a estar juntos.
Pinta
sexta-feira, 1 de maio de 2009
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"Caganda" Pinta !! :-)
ResponderExcluir(por essas e por outras é que eu tenho toalhas separadas para as "visitas"...)
Gostei. Abraço.
ResponderExcluirA Pinta já há muito se transformou numa Franga de 1ª qualidade.
ResponderExcluirE este conto assim o demonstra.
Boa Pinta!
ResponderExcluirSabe-se lá o que vai na cabeça destes Alexes...para não ter lavar mais uma ou para a mulher a dias não perceber que tinha havido mais alguém, sabe-se lá...
Alice, já fui comprar mais um conjunto de toalhas.
ResponderExcluirPor favor contacta-me, depois de te ter conhecido nunca mais consegui falar com nenhuma outra mulher, a não ser a Mãezinha, claro...
Alex..
ResponderExcluirE máquina de lavar, você não tinha máquina de lavar???!!!
Com tantas "modernices"...