segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A marca do crime

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Nem eu sei a verdadeira razão que me levou a começar a assinar os assassinatos com um galo…
Dada a diversidade dos locais do crime, quis apressar os investigadores a aperceberem-se que estavam na presença dum serial killer, mas podia ter escolhido uma qualquer outra assinatura…ou talvez não.
A ideia andou a amadurecer na minha cabeça, durante meses.
Pesei os prós e os contras, decidi avançar, recuei e pensei até abortar a ideia, mas um dia…
Foi fácil levar a jovem Nicolle até aos Bosque de Bolonha, que ela conhecia, em pormenor.
Amarrei-lhe os pulsos, primeiro com uma corda de algodão, no que ela pensou serem preliminares para uma noite de sexo.
Depois amordacei-a e senti, de imediato, um prazer intenso.
O que começara dum modo racional, estava a transformar-se numa forte experiência sensual.
Amordacei-a, enquanto ela continuava a sorrir.
Só quando a retalhei, pela primeira vez, os seus olhos se arregalaram numa expressão de espanto e pavor que não a abandonaria até ao estertor final.
Substituí então a corda pelo arame que, julguei, iria dar o toque de sadismo necessário.
De seguida coloquei, com cuidado, a pequena figura do galo que comprara no aeroporto em Lisboa, ao lado do cadáver.
Quando entrei no carro que estacionara perto, senti o corpo invadido por ondas de prazer.
Estava a juntar o útil ao agradável.
Negócios e prazer. Jurei repetir a situação, mas com cautela.
Não queria cometer uma qualquer imprudência que deitasse tudo a perder.
Quando voltei a Portugal, seleccionei, com cuidado, a segunda vítima.
A Maria de Lurdes, Miguxa como era conhecida no meio, era oriunda de São João da Madeira, tinha dito aos pais que trabalhava na capital como bailarina mas, na realidade, exercia a mais velha profissão do mundo, embora gostasse de ser apelidada de call girl.
O local surgiu-me, de imediato, a parte norte do Parque Eduardo VII, zona de prostituição masculina e feminina, sombras frondosas, recantos escondidos.
O problema é que ela era mais desconfiada e tentou escapar, antes que eu tivesse tido hipótese de a amarrar.
Uma pedra, que lhe esborrachou parte do cérebro, foi a solução.
Com Paquita, sevilhana a viver sozinha em Madrid e gerente de uma sex shop da Gran Via, resolvi abandonar os exteriores e iniciar-me nos indoors.
Mantê-la dentro de água não foi difícil, dado o desequilíbrio de forças.
Depois, entretive-me demoradamente nos meus golpes e entalhes, em que me vinha aprimorando, de dia para dia.
E qual será, agora, o destino do meu próximo crime ?
Londres, Nova Iorque…Saravejo ?

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3 comentários:

  1. Se o assassino fôr apanhado e julgado em Portugal não corre o perigo de ir parar à cadeia...

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  2. Cá para mim, o assassino é o mordomo...

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  3. "Os crimes do Galo" têm vindo num crescente de emoção e suspense, mas agora estou a ficar com medo!!!
    Depois de ouvir o nosso Presidente falar em escutas, manipulações, conspirações e de os comentadores escalpelizarem o facto à exaustão está criado um clima...ainda vamos apanhar com mais um PREC!
    Realmente só um crime do Galo nos pode salvar!

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