quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Quem vê caras...

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Talvez tivesse colocado a fasquia muito alta, mas os resultados que me juraram verdadeiros, fizeram-me imaginar um outra dimensão da pessoa, em questão.
Falo, é lógico, do Teo Santana, detective particular que conseguiu para a minha amiga Kikas uma verba choruda dadas as provas irrefutáveis que reuniu acerca do Tonas, marido dado a facadinhas no matrimónio, que viu o seu largo pecúlio reduzido para metade.
E o Tonas até era discreto.
Alugara uma casa na Rua de Campolide, sob um nome falso, entrava e saía sempre sózinho do prédio, tendo o cuidado de deixar o carro longe e usar óculos escuros durante o percurso.
Porém este Teo, vá lá saber-se como, tinha conseguido fotografias comprometedoras, uma gravação bastante esclarecedora com a porteira do prédio e, até, declarações bombásticas duma ex do Tonas, roída de despeito.
O mesmo se passara com a Leonor que, cheia de suspeitas, contratara o Teo Santana e menos de uma semana depois viera a descobrir que o seu marido tinha um affair com o novo personal trainer, que não cansava de enaltecer.
É claro que o meu caso é muito mais melindroso, mas estou disposta a abrir os cordões à bolsa, porque afinal o que está em causa não é uma eventual traição, com que eu conviveria com tranquilidade mas, sim, uma vida…a minha vida.
O problema é este imbecil que, à minha frente, não para de me mirar os seios e as pernas, parecendo incapaz de qualquer atitude, raciocínio ou acção produtiva para além de, eventualmente, se babar.
Iria mesmo jurar que não ouviu uma única das palavras do monólogo que já dura há largas horas, sem uma interrupção, uma pergunta esclarecedora, uma dúvida inteligente.
O único momento positivo foi quando a serigaita da secretária, que parece estar apaixonada pelo boss, se foi despedir, olhando-me de soslaio e eu não me coibi de lhe atirar uma alfinetada.
Esse interlúdio, pareceu acordar o investigador que, dando um salto, na desengonçada cadeira me perguntou:
“- Pensa que o seu marido a quer matar ?!???” .
Descruzei as pernas, lentamente, e constatei que o desgraçado tentava desesperadamente manter os olhos presos nos meus.
“- Penso, não, tenho a certeza”.
Vi-o tamborilar, nervoso, o tampo da secretária.
Depois, agarrar um talo verde ( espargos, aipo, couve?) e começar a roê-lo, de forma ruidosa.
Era o que me faltava para esgotar a paciência.
Fiz menção de me levantar.
Mas nesse momento, Teo Santana com uma simples pergunta, mostrou que, afinal, as primeiras impressões, como eu já deveria saber, nem sempre correspondem à realidade.
“ – E porque é que a Gabriela não se dá bem na cama com o seu marido ?” .

6 comentários:

  1. ...(...)Tonas, marido dado a facadinhas no matrimónio(...)...

    Oh Tonas, atão isso faz-se, ó badameco ??? ;-)



    ...(...)Descruzei as pernas, lentamente(...)...

    Sharon Stone volta, estás perdoada. :-))



    “ ...(...)– E porque é que a Gabriela não se dá bem na cama com o seu marido ?”


    Female Viagra, not yet FDA aproved, cut the bull and get it on the internet. :-)))



    J., agora só te falta encontrar um bisneto do Corin Tellado e pedir-lhe para ilustrar....

    Just kidding.

    Abs,


    A.

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  2. Quando é que os carinhas começam tirando a roupa?
    O gabinete não tem sofá?
    Bota um triple X nesse cenário, ó Galo !!!

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  3. Então, então?? quem não tem paciência que tome viagra.

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  4. Estremecido Alvega
    Vejo com deleite que é pessoa douta e informada.
    E que, para além disso, fez uma leitura minuciosa, diria mesmo, cheia de minúcia, ao modesto folhetim que, cá de longe, em terras de Vera Cruz, tenho diariamente, todos os dias, enviado para esse blog que ostenta como símbolo um galináceo de rubra crista, vermelho sangue, ao vento que passa ( ...como dizia o Poeta, antes de se meter em campanhas ).
    Pois de um folhetim se trata, daqueles que, ainda eu vivia com meus saudosos Pais em Bragança,eram vendidos semanalmente, todas as semanas, nas ruas daquela linda e acolhedora cidade transmontana, que só de mencionar me faz aflorar lágrimas salgadas aos olhos lacrimejantes( Ó mar salgado, como dizia o Poeta, desta feita, outro...).
    Um folhetim cheio de estereotipos, vamps misteriosas, secretárias suburbanas apaixonadas pelo patrão, detectives de meia tijela, mafiosos atraentes e com contactos, ou contatos como se diz por cá,internacionais, sócios sinistros, e muito mais que se verá nos próximos números.
    O lugar comum é a ironia escolhida e não ingénua mas isso já o Dr.Alvega tinha, certamente, com toda a certeza, apreendido.
    Para entrar mais no seu território, o que se pretende alcançar, mas quem sou eu, modesto escriba exilado cá longe, para o conseguir, é uma pulp fiction ( será assim que se escreve,minha Mãezinha do Cantoá?).
    Quanto à ideia de conseguir ilustrações do bisneto da Corin Tellado, minha musa inspiradora a quem toda a noite dedico uma vela e uma oração, achei o máximo.
    Uma ideia dessas só podia brotar, explodir, fumegar de um cérebro previlegiado, diria mesmo, genial como o seu.
    E se o bisneto sair à bisavó, que vendeu milhões de livros, ainda melhor.
    Só tem um probleminha...
    Eu não tenho o contato, ou contacto como vocês dizem aí, do garoto!
    O Doutôr, tem ?

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  5. Ó seu Varela, você tá-nos enganando, não tá?
    Ando mesmo desconfiado...

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  6. Seu Varela, Alegre e Nobre depois...

    Deixando a Tonga da Mironga do Cabuletê para você...

    Nem sei o que dizer, excepto 'Brasil! Brasil !! Brasil!!!', e viva você!!!

    Aqui lhe dedico um poema de uma compatriota sua, cujo português é melhor que o meu, e que eu amo de há muito.





    Pus o meu sonho num navio
    e o navio em cima do mar;
    - depois, abri o mar com as mãos,
    para o meu sonho naufragar

    Minhas mãos ainda estão molhadas
    do azul das ondas entreabertas,
    e a cor que escorre de meus dedos
    colore as areias desertas.

    O vento vem vindo de longe,
    a noite se curva de frio;
    debaixo da água vai morrendo
    meu sonho, dentro de um navio...

    Chorarei quanto for preciso,
    para fazer com que o mar cresça,
    e o meu navio chegue ao fundo
    e o meu sonho desapareça.

    Depois, tudo estará perfeito;
    praia lisa, águas ordenadas,
    meus olhos secos como pedras
    e as minhas duas mãos quebradas.



    Grande abraço,


    A.

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