terça-feira, 20 de outubro de 2009

Abel...ou Caim?

José Saramago, mais envelhecido mas sempre pujante na produção literária, acaba de lançar o seu último trabalho - Caim ( penso que a grafia correcta é Caín).
Mais uma vez, o seu alvo preferencial é a Igreja Católica e o Catolicismo, como tem demonstrado nas polémicas afirmações proferidas.
A Igreja, por sua vez, dizendo não querer publicitar e empolar o assunto, dá as respostas clássicas, conservadoras e , também elas, envelhecidas, o que só ajuda a extremar posições.

As perguntas( respostas não temos) que aqui deixamos, são as seguintes:

- Da parte do Escritor, conhecido por assumir frontalmente as suas opções políticas e religiosas, esta posição é apenas uma manobra de marketing ou a exposição e defesa das suas ideias?

- A Igreja no geral, e os Católicos, no particular, têm razão ao sentirem-se ofendidos e a obrigação de defenderem as suas convicções ou estamos perante um simples caso de livre direito de expressão?

Uma conclusão é certa, o livro, independentemente do seu presumível valor literário, vai ser um êxito de vendas, em grande parte devido a esta polémica, que ainda está no início...

As repostas às perguntas acima, serão os Comentadores do "Galo" que as irão dar.
Eu fico à espera, no poleiro...

19 comentários:

  1. Polémica, haverá sempre que se ataca a Igreja. Se se trata de uma manobra de marketing? a resposta está na conclusão do Galo: independentemente do valor literário vai ser um êxito de vendas...
    Pessoalmente, o Saramago acentua a minha esquizofrenia, ou seja, gostei de tudo o que li dele, mas o senhor e a sua adjunta repugnam-me.

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  2. Palmas para a Quimera...
    A estratégia pode não partir do Saramago, mas que tem a mãozinha da tal Pilar lá isso tem!

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  3. Estou na mesma: gostei de todos os livros dele (para mim, nenhum se compara ao 'Ano da Morte de Ricardo Reis'), mas não gosto nada dele como pessoa.
    Quanto às perguntas do Galo:
    1- não acho que seja apenas uma manobra de marketing, mas é também uma manobra de marketing, com certeza;
    2 - não sou Igreja nem sei se sou Católica, mas não me parece que se devam sentir ofendidos, mas se quiserem dar a "versão" deles da história, também são livres de o fazer. Agora ódios e incentivos ao boicote também é demais;
    3 - Acho que é Caim, Caín é espanhol.

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  4. A minha dúvida era acerca da grafia do título do livro ( que ainda não vi "em pessoa" e que nas fotos me parece estar escrito Caín, mas talvez tenha visto a edição em espanhol...).

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  5. Já foi tudo dito...
    Gosto da Obra, não de tudo mas de muita coisa, mas detesto o Autor e a sua Sombra.

    E quem souber as suas histórias pidescas ou dignas da Inquisição,quando estava no DN, ainda o detesta mais...

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  6. Depois contem-me, tenho outras coisas para ler...

    :-)

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  7. Li várias obras de Saramago, de que gostei e outras tive de abandonar a meio (o que me deixa sempre uma sensação de frustração porque há algo de inacabado)...
    A sua personalidade irrita-me; ele é o justo, o certo, o imbatível...
    Contrariamente ao que se possa supor não são as suas interpretações da Bíblia, por diversas vezes copiadas de livro para livro, que mais me preocupam. Se assim fosse estava a seguir os passos dos que perseguem Salmon Rushdie!
    É mesmo a personalidade dele e da sua Lolita (ou Pilarzita, como quiserem)que me fazem ter uma leitura enviesada!
    Marketing? Claro! Quem duvida?

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  8. Já estou como o alv ega:
    vejo depois o filme.

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  9. Lolita, quem? Aquela perua?

    ...ninfeta sou eu!!!

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  10. ...é uma Lolita dos Chineses...mais a atirar para a Barbie :):):)

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  11. E no meio de toda esta polémica ( mas já um escritor não pode escolher o tema que quiser? ou só os muçulmanos é que são fundamentalistas?)sente-se um anticomunismo primário subjacente...

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  12. Confesso que estou dividido:
    Como escritor Saramago proporcionou-me o melhor e o pior: Devorei alguns livros sem conseguir parar de ler … e abandonei outros ao fim de algumas páginas!
    A questão do Marketing e da personagem da mulher é-me totalmente irrelevante. Ele escreve, ela promove a obra; onde está o mal? Alguém duvida que todos os grandes escritores têm a sua Pilar? Seja a mulher, a secretária ou a consultora de imagem …

    O que mais me perturba nesta questão é a ridicula e desproporcionada atitude da Igreja Católica.
    Ontem ouvi um dos mais altos dignitários da igreja portuguesa dizer qualquer coisa como isto: “Ele tem todo o direito de não ser crente. Mas, se não acredita, então deixe os que acreditam em paz!” Ora, isto é o maior atentado à inteligência humana que se pode fazer… Os vendedores da ideia da religião andam há séculos a envenenar a humanidade com os seus “ dogmas de fé”; perseguiram e mataram milhões de pessoas que professavam outras ideias … e agora arrogam-se o direito de pedir que não sejam incomodados por quem pensa pela própria cabeça?
    Em nome da liberdade que também ajudei a conquistar eu tenho todo o direito de gritar aos senhores da igreja: “ não sou crente e tenho o direito de combater as vossas ideias. Contraponham com factos concretos e respeitem o direito à diferença”

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  13. Preciso de clarificar:

    Eu acho que o Saramago é um escritor acima de decente...
    Não é o meu "cup of tea" ?

    Not a big deal, outra gente há-de gostar, era mais o que me faltava se fossem todos iguais a mim, chatice...

    :-))

    Substância: demorei um tempinho a entrar, mas depois até gostei do 'Memorial', Sebastião Sete-Sóis é um nome e um personagem que nunca vou esquecer.

    O resto, 'tresli'/desisti, há tanta coisa para ler e as horas do dia não são extensíveis.

    Prémio Nobel, Pilar, Sousa Lara, etc ?
    Nas tintas<, folclore.
    A arte não passa por aí.

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  14. Para que se possa avaliar da minha (im)parcialidade neste assunto, começo por fazer duas declarações:

    1- Não sou católica;
    2- Gosto do Saramago; li vários dos seus livros (incluindo O Evangelho Segundo Jesus Cristo); o Memorial do Convento é para mim uma obra-prima da nossa literatura (caro Alvega: é Baltasar Sete-Sóis e Blimunda Sete-Luas).

    Todo este caso me incomoda e me revolta. Pelos motivos do costume. A (i)maturidade da nossa "eternamente" jovem democracia e a sua liberdade de expressão. A intolerância pelas ideias que beliscam outras ideias. A constatação (mais uma vez) de que existem entidades com as quais "não se brinca"- os Intocáveis. O nosso desprezo pelas nossas figuras culturais politicamente incorrectas e incómodas.

    Pode-se gostar ou não do seu estilo literário. São gostos. Eu não gosto da Agustina Bessa-Luís (que foi objecto de um post aqui há uns dias) e não me passa pela cabeça negar-lhe a qualidade literária.

    Continuamos a exacerbarmo-nos com o trivial, com o que nos entra pelos olhos adentro pela televisão. Sem questionar. Sem refletir. Siga! Qual é o próximo escândalo?

    E partilho convosco um momento da minha vida. Finais dos anos 90, fui a um Congresso sobre a Infância. Entre os académicos convidados a botar discurso, estava o nosso recentemente laureado Nobel da Literatura.

    Falou, no seu estilo, de Infância. Com uma ternura que nos fazia vir as lágrimas aos olhos. Com uma ironia que fazia vir o riso à boca. E lá estavam, no meio do discurso, as alfinetadas à Igreja, mas também ao Governo. Ao vegetarianismo. A tudo! Porque é um Homem Livre e tinha sido convidado a expressar a sua opinião sobre a vida (e a morte).

    A nossa memória colectiva é curta e temos problemas de déficit de atenção. O caso Sousa Lara? A Ministra da Educação (outra que não a actual) a defender a obrigatoriedade do ensino da religião católica nas escolas, esquecendo as outras confissões religiosas no nosso país multicultural e o facto de termos um Estado Laico? A idolatria dos "Grandes Portugueses" como o Mourinho e o Ronaldo? E podíamos continuar...

    Por isso, fico sem palavras e com a angústia à flor da pele quando um político vem exigir que o José Saramago renuncie à nacionalidade. Mas o que é isto?????

    Sem mais, que já vai longo. Um Olé com Duende ao nosso Nobel!!! Arza!!

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  15. La Payita, I stand corrected, é Baltasar...

    O seu comment é notável, e eu assino em baixo de quase tudo.

    Acho que lho vou 'roubar', mas os credits serão sempre seus.

    Abs,

    A.

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  16. Esta vai directo aqui, o assunto já não vale um post...
    Mas sempre é de um gajo que escreve melhor do que eu.

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    O Édipo do Zé
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    Miguel Esteves Cardoso? - 20091022



    Lisboa é a melhor cidade do mundo; no Porto descobriram-se 32 novos planetas; Saramago volta a provocar os bocejos da Igreja; e o IM previu o regresso da chuva. Tudo isto vinha no PÚBLICO de anteontem. Numa mesma edição, coexistem o previsível (Saramago ser contra Deus e chover em Outubro) e o imprevisível (os 32 planetas que, no Porto, Nuno Santos ajudou a descobrir e o facto de Lisboa ter ganho tantos World Travel Awards).

    O Saramago e a chuva acabam por ser as notícias reconfortantes, até porque se assemelham. Apanha-se uma saramagada como se apanha uma chuvada. Odeia-se mas, ao mesmo tempo, acha-se graça ao azar que se teve.

    Ser possível descobrir, de uma só assentada, 32 novos planetas extra-solares é que é inquietante. A mim, bastar-me-ia um – vá lá, dois – por ano. Bem sei que o universo é grande e que será sempre maior do que se pensa, porque nem o pensamento lá pode chegar.

    A olho nu, já assusta. Não me ajuda nada saber, de repente, que andam mais 32 planetas lá por cima, como se não fossem suficientes os que já lá andavam.

    Que relação terão estes novos planetas com a chuva? Sabemos que, de alguma forma, tudo afecta tudo e, sobretudo, que nunca se sabe. As coisas lá em cima vivem num mundo à parte. Ou acaba por ser o mesmo? É tudo uma questão de posições e de distâncias relativas.

    Por outras palavras: foi Deus que criou Saramago? Ou só criou o universo e deixou o Saramago de fora? Se calhar, é por isso que ele está tão zangado.

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  17. E há ainda mais a opinar sobre o 'causo'...
    aqui.


    Basta baixar.

    :-)

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  18. Descobri este blog através do recente livro do meu querido amigo e colega Jornalista Pedro Foyos que já está no meu blog amorpeloslivros.blogspot.com
    Apostei na recente questão que envolve a polémica lançada peço último livro de José Saramago que admiro desde sempre pela frontalidade demonstrada, pela originalidade da escrita que de facto criou e que nada me custa a compreender, pelo amor à liberdade que sempre defendeu, enfim, tantas e tantas razões que não quero cansar quem eventualmente me ler e pelo que já li seriam quase todos os comentadores a discordar de mim. Apenas, salvo erro, o Armando está comigo. Francamente deixem o homem em Paz. Se não gostam da sua obra e não concordam com as suas ideias, têm esse direito. Tal como ele tem o direito de ter as dele. Sou ateu "graças a Deus" - disse G.G.Marques. E acrescento: se Deus existe - o que duvido - então fez-me ateu. Tudo isto como já entenderam para deixar aqui o meu desacordo com algumas palavras sobre o homem-escritor, praticando afinal o mesmo "pecado" que a ele acusam. Apenas - e Saramago já pediu desculpa - excedeu-se na utilização delas a respeito do que pensa da Igreja e da Bíblia. Sabem os meus amigos quem a encomendou? Com certeza que sabem. Foi Constantino, o romano, o fundador de Constantinopla que até poderia ter sido o primeiro Papa. Até ele por onde andavam os cristãos? Onde os escritos que a Igreja diz que havia?
    Bem. Não me adianto. Sou apenas um homem que ama os livros, muitos livros e entre eles os de Saramago que me falam, tal como digo no meu site-blog atrás indicado. E já agora o nome do livro é Caim. O nome que a Igreja criou é que é de facto Caín. E mais não digo. Antes de Saramago, quantas e quantas vezes, ao longo dos anos, outros têm dito coisas semelhantes sobre a Bíblia e nunca houve tanto alarido. Mas lá porque é comunista e teve um Nobel que alguns consideram devia ter ido para outro escritor, vá de atacar. Ele até - e isso é dito por um comentador - tem ternura para dar aos outros (e deixem a Pilar descansada - Chaplin também casou na sua avançada idade com uma jóvem e há pouco Lobo Antunes com alguém muito mais nova - que tem isso de importância? Tudo vos serve para atacar) Por aqui me fico. Desta vez é certo. Se quiserem eu volto.

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