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Apesar da ilha em Angra dos Reis e da imensa cobertura na Delfim Moreira, o meu marido insiste, muitas vezes, em que fiquemos no Copacabana Palace.
O argumento é que lhe é mais conveniente para reuniões de negócios, contactos com políticos e autoridades que não se sentiriam tão à vontade ao irem visitá-lo a casa.
Eu não o contrario porque, também para mim, é mais agradável o movimento cosmopolita do hotel versus a vida enclausurada no apartamento gigantesco mas que ultimamente, já me vai causando momentos de pânico e claustrofobia.
O hotel, que conheceu os seus momentos de glória, nos anos 50 e 60, quando ainda pertença da família Guinle, recebeu estrelas como Ava Gardner, Gina Lollobrigida, Za Za Gabor, Brigitte Bardot ou Kim Novak, já foi ultrapassado por outros em modernidade e conforto, mas nunca em charme e carisma.
Jorguinho Guinle, pequeno em estatura mas grande, segundo ele, em sedução, namoriscou, também segundo ele, todas estas vedetas, com as quais gastou fortunas, vindo a morrer, recentemente, numa situação, se não de pobreza, pelo menos, remediada.
Sérgio Cassini, admirador confesso das suas aventuras galãs, a que junta as de Porfírio Rubirosa e de outros conquistadores sul-americanos, gosta de ficar aqui instalado, penso eu, para beber alguns eflúvios sedutores que ainda perdurem nestes corredores.
Mas falta-lhe muita classe para chegar aos calcanhares destes seus antecessores.
Temos alugada só para nós, uma ala inteira do hotel o que engloba a suite presidencial onde ficamos, composta por vários quartos, salão de refeições, escritório e um pequeno ginásio, outras suites mais pequenas para convidados e vários quartos para o guarda costas, o motorista e uma figura sinistra que começou a acompanhar-nos, alguns meses atrás – um alemão, saído directamente dum filme nazi, de nome Hans Hanh, e que, pelo menos oficialmente, exerce as funções de contabilista do grupo.
Quando me encontra sozinha, esse homem de feições angulosas e cabelo a rarear, despe-me com os olhos o que, sem ser uma experiência totalmente nova, me faz sentir suja e conspurcada.
Pensei transmitir esta situação ao meu marido mas, dado o estado de degradação em que a nossa relação se encontra, achei por bem não o fazer.
Contudo, este é um dos poucos motivos de desagrado da minha estadia no Copacabana, porque tudo o mais, do serviço, à comida, à proximidade da praia e aos diversos espaços interiores existentes, me é simpático e faz-me sentir confortável.
E confortável é a expressão exacta como me sinto, sentada junto à piscina do hotel, a tomar uma agradável café da manhã, como chamam ao pequeno almoço por estes lados, enquanto através das grandes vidraças vou vendo o movimento lá fora, no Calçadão, junto ao areal de Copacabana.
Há largos minutos que contemplo Teo Santana, de sentinela, como combinado, em frente à entrada do hotel quando para meu espanto vejo Miltinho, o guarda costas do meu marido ir ao seu encontro e ambos começarem a falar com grande gesticulação.
-De onde é que estes dois se conhecerão? pergunto-me, perplexa.
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terça-feira, 6 de outubro de 2009
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Vê-se que o autor conhece bem o Rio. Reli todos os capítulos anteriores, de seguida, e é muito engraçado ver a evolução geral da história, em capítulos sempre do mesmo tamanho e com um teaser final. Muito bom. Parabéns ao Jaime Varela !
ResponderExcluirPassei minha lua de mel, a única oficial, no Copacabana Palace.
ResponderExcluirNem quero lembrar, para não sair chorando como os Patrícios...
Esta história ainda tem estimulado mais a minha vontade de ir ao Rio.
ResponderExcluirComo fazer uma viagem sem gastar muito dinheiro, alguém me informa?
Onde dormir, comer, etc?
Em relação à comida, o problema não é grave, porque o Rio é uma das melhoes cidades para se comer bem e barato.
ResponderExcluirExistem imensos restaurante de buffet, onde pagando um preço fixo, pode comer e repetir, saladas, pratos variados de carne, doce e fruta.
Um fartote por pouco dinheiro...
As lanchonetes, dos tugas, já aqui mencionadas, são também um óptimo local onde, gastando pouco, se pode comer sandes de pernil, coxinhas de galinha, etc, tudo acompanhado por maravilhosos sucos ou "vitaminas", como só existem nesta terra.
Para dormir a coisa complica-se porque para vir ao Rio tem que ficar perto da praia...
Mas os preços variam muito se ficar mesmo na orla marítima ( Avenida Atlântica, Vieira Souto, Delfim Moreira)ou se ficar duas ou três quadras ( como eles chamam aos quarteirões)mais para dentro.
Penso que em Copacabana,na Barata Ribeiro ou na Nossas Senhora de Copacabana, poderá encontrar hotéis a bom preço.
Mas não vá à espera de grandes luxos.
Outra hipótese é arranjar um aparthotel onde poderá cozinhar algumas das suas refeições.
Na Internet ser-lhe-á fácil comparar alternativas.