Não percebo muito bem porque é que o facto de me ter apercebido que a minha vizinha do lado usava, também ela, um perfume com aroma de canela me deixou num estado de choque que me fez sentar numa das desconfortáveis cadeiras de design italiano que tenho na cozinha e que apenas uso como decoração.
Na realidade, se quisesse enumerar a variedade de perfumes com que contactara nas minhas diversas e episódicas aventuras teria que escrever um catálogo bastante extenso.
A começar pelo célebre Chanel Nº5 com que me deparara na casa de banho da Michelle, na primeira noite que passara fora de casa, passando depois pelos Rive Gauche ou o Paris do lendário Yves Saint Laurent, o Miss Dior que, durante uns anos, fui oferecendo as todas as namoradas para evitar alguma mudança de aroma que me pudesse denunciar, e dezenas de outras marcas que agora me vinham à mente, o Amarige, o Anais, Anais, o Trésor .
De todos eles tinha recordações. Uns pelo perfume original, pela sensualidade dos ingredientes, pela sofisticação das embalagens, outros pelo aroma floral, pela mistura perturbadora com os cheiros do amor…
Mas confesso que era a primeira vez que me deparava, num tão breve intervalo, com duas pessoas a usarem um perfume, um sal ou espuma de banho, ou lá o que fosse, com cheiro a canela.
A não ser que…
Nesse momento tocou o telemóvel. Era o Ramirez…
Mas não estava com o mesmo estado de espírito de, há meia hora atrás, quando eu lhe ligara.
Começou na defensiva “É pá, de onde é que tu conheces o dono deste carro?”
Nunca gostei que me respondessem a uma pergunta com outra pergunta, mas neste caso abri uma excepção.
“ Não tenho a certeza de conhecer sequer este gajo mas pareceu-me um fulano que vi duas vezes, muito de corrida e queria confirmar…”
Percebi, pelo silêncio que se instalou que o meu amigo da PJ pesava os prós e os contras de ser franco comigo.
O polícia saiu derrotado pelo amigo de longa data.
“ É que este tipo, o Mário Gavião…” afinal, era mesmo ele “ é um ‘truta’ importante…”
Aguardei, sem querer interromper a informação seguinte que adivinhava importante.
“ Como sabes a Interpol reúne uma elite de agentes internacionais e o ‘nosso’ Mário é um dos quadros do escalão superior…”
Estava mais à espera de ver este admirador da desaparecida ‘Foxy Lady’ a pertencer aos ‘bad guys’ do que a fazer parte dos polícias e, ainda por cima, com esta estatura (…embora estatura não lhe faltasse).
Mas já o Ramirez continuava “ O Gavião está em viagem permanente ao redor do globo e só lhe entregam os casos mais difíceis que ele, pelo menos na maior parte dos casos, resolve com aparente facilidade.”
Então, além de importante o gajo era mesmo bom…
Mas o Ramirez ainda não tinha terminado “ …agora é melhor é sentares-te para ouvires isto que tenho para te dizer…”
Sentado já eu estava, portanto permaneci quieto.
“ A morada oficial que temos do Mário Gavião é a do teu prédio, no mesmo andar que tu…ao teu lado !!!”
segunda-feira, 29 de março de 2010
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Ai agora são vizinhos? essa é boa!vamos lá a desenrolar. Onde anda a Foxy?
ResponderExcluirComentário lateral sobre cadeiras...
ResponderExcluirAs do 'Nuno' devem ser deste género , sugiro a substituição por umas destas, assim ao menos pode ficar confortávelmente sentado à espera da 'Foxy'...
;-)
Quanto a perfumes, sempre preferi que fossem elas a escolhê-los, senão uma pessoa arrisca-se ao desastre por (é uma questão de pele... a coisa não combinar.