Há uns meses comprei uma Ameixoeira.
Fosse lá isso o que quer que fosse...
Um pauzinho bem torcido e ressequido com ar de cana de pesca terceiro mundista.
Depois fiz uma cova, enterrei-lhe a raiz igualmente famélica na terra e reguei sem parcimónia.
Confesso que nunca mais pensei nessa minha nobre acção de reflorestamento...
De vez em quando passava pela criatura e lá estava ela imóvel e imutável.
Hoje levantei-me e olhei um céu azul e luminoso que quase me torna crente.
Desviei a cabeça para o lado e a tal Ameixoeira ( mas seria a mesma?) estava fantasiada de Rainha da Bateria de uma qualquer Escola de Samba...
De uma qualquer, não.
Da Mangueira, com os seus tons Rosa, nas flores, milhares de pequenas flores e no Verde, das folhas, dos ramos.
A minha Ameixoeira tornara-se estrela do Lido.
Fiquei embasbacado a olhar para os ramos ainda tenros mas fervilhando de vida e viço.
Apercebi-me que a Primavera chegara à minha Vida.
Reparem que eu não disse chegava outra vez, de novo, ou regressava. Disse, apenas, chegava...
Porque o bom da Primavera é que é um eterno recomeço e não uma repetição.
Como se a Vida começasse de novo e não como se se repetisse de novo.
Porque, em verdade, nunca vivemos dois Verões iguais.
Nem dois dias na praia, dois mergulhos no mar.
Nem dois Amores...
Dois beijos ao luar, ou entre quatro paredes.
Dois livros, dois filmes ( mesmo que vistos ou lidos dez vezes).
Nada se repete, tudo se transforma.
E sabe sempre de um modo diferente...
Por isso hoje, ao ver aquela Ameixoeira, começou a Primavera para mim.
Não mais uma Primavera...
Apenas...A Primavera.
sábado, 27 de março de 2010
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Pois eu plantei uma nespereira que nem para trás nem para a frente. Mas a Primavera já começou, ai isso já.
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