As claques são várias contradições em si mesmas. Logo, no nome.
Claque vem de bater palmas. É francês e refere aqueles, os claqueurs, que batiam palmas, eram pagos para isso, nas óperas.
Ontem, aplaudiam; hoje, assobiam e insultam, criam, enfim, aquilo que foi pedido para Alvalade por um directivo imprudente: um "ambiente extremamente difícil."
Essa a primeira contradição, mas há mais.
Ontem, os das claques eram diversificados: havia os pleureurs, os que choravam segundo a trama da ópera, os chatouilleurs, que brincavam quando era caso disso, os biseurs, que pediam encores aos tenores e sopranos.
Hoje, numa claque não há especialidades, é uma cambada, e só.
Mas a contradição maior na claque de futebol não está em claque, mas futebol.
Que faz aí essa palavra maravilhosa? Futebol é aquela nesga vista por Eto'o e que arrumou com o Chelsea, é o silêncio que o estádio faz antes de Ronaldo marcar o livre, é Messi resolvendo o que estamos claramente a ver que é impossível resolver.
E quando isso acontece o que faz a cambada? Vira as costas, guinchando.
Está lá dentro, nas bancadas, mas de costas para as maravilhas.
E esses são os mais interessados pelo futebol.
Porque, vimos ontem, há claques que nem entram no estádio.
Oficiam cá fora, ao seu nível, da sarjeta.
Ferreira Fernandes in Um ponto é tudo ( Diário de Notícias)
sexta-feira, 19 de março de 2010
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Talvez não seja dificil de concluir que as actuais claques são um espelho do nivel educacional do País e do tremendo entulho que forma as Direcções de alguns clubes de futebol.
ResponderExcluirE quando os meios de comunicação social apenas condenam a intervenção forte da policia, está tudo dito !
As reportagens transmitidas ontem, do estádio do sporting, deixaram-me estupefacta. Por várias ordens de razões - a violência em si, a falta de previsão de efectivos policiais e a "encenação" que o repórter fez dizendo que estava perante um cenário de guerra...comentando nervosamente os acontecimentos! Uma tristeza, enfim!
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