terça-feira, 13 de abril de 2010

Amor

"Aquilo que provamos
quando estamos apaixonados
talvez seja o nosso estado normal.
O amor mostra ao homem
como é que ele deveria ser sempre".


Anton Tchekhov

Um comentário:

  1. ...(...)"Dissemos que se enamora quem está predisposto a enamorar-se, está disponível. Quer dizer, então, que nós nos enamoramos quando sentimos esse desejo? Quer dizer, então, que quem sente forte, ardente, o desejo de um novo grande amor está predisposto a enamorar-se? Não. Não há relação alguma entre o desejo de um amor e o enamorar-se verdadeiramente. (…) Na realidade, [os que encontram sempre um defeito qualquer] não estão predispostos a enamorar-se, ainda que o desejem; o enamoramento que pretendem, também ardente, não é uma necessidade de romper por completo com o passado, de repor em discussão a sua vida, de lançar-se no risco do totalmente novo.

    Ninguém se enamora se está, embora parcialmente, satisfeito com o que tem e com o que é. (…) Não é a nostalgia de um amor que nos faz enamorar, mas a convicção de não termos nada a perder tornando-nos naquilo que somos; é a perspectiva do nada à nossa frente. Só então se constitui dentro de nós a disposição para o diverso e para o risco, aquela propensão de nos lançarmos no tudo ou nada, que os que estão de qualquer modo satisfeitos com o que são não podem experimentar.

    (…) Só quem está a perder a sua existência se aproxima da porta que separa o real do contingente; isto vale para todos os estados nascentes, por isso é também válido para todos os movimentos. Neste período a “resposta” pode igualmente não lhe vir de uma outra pessoa, ou seja, é passível de não terminar no enamoramento. Se o sujeito que está preparado para a mudança de estado se insere num sistema social onde se acha prestes a explodir um movimento colectivo, ele reconhecer-se-á neste; não se enamorará de uma pessoa, mas entrará no estado nascente de um grupo.

    (…), se quisermos, é fácil fazer com que alguém se enamore de nós? Sim. Isto é possível porque há sempre quem esteja preparado para o enamoramento, quem se encontre disposto a lançar-se no tudo e no nada de uma vida nova. Então, uma pessoa pode apresentar-se –lhe para demonstrar que tudo isso é possível e representar aos seus olhos a porta através da qual encontrará a liberdade e a alegria mais plena. É possível fazer enamorar alguém se, no momento adequado, uma pessoa lhe surge mostrando-lhe que o compreende profundamente, se o anima na sua vontade de renovação, se o impele nesta direcção, lhe dá coragem, se se declara disposta a partilhar com ele o risco do futuro, ficando junto dele ombro a ombro, do seu lado, de qualquer maneira e para sempre. Qualquer pessoa pode fazer enamorar uma outra, que esperava a chamada, se lhe faz ouvir a voz que o chama pelo nome e lhe diz que o seu tempo chegou; se lhe diz que está aqui para reconhecer o destino de que ele é portador (…) [tudo isto pode ser enganador]"...(...)


    Conforme diria o professor, "o enamoramento é a revolução de outubro, e o amor são os sovietes..."

    ;-)

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