...(...)"Dissemos que se enamora quem está predisposto a enamorar-se, está disponível. Quer dizer, então, que nós nos enamoramos quando sentimos esse desejo? Quer dizer, então, que quem sente forte, ardente, o desejo de um novo grande amor está predisposto a enamorar-se? Não. Não há relação alguma entre o desejo de um amor e o enamorar-se verdadeiramente. (…) Na realidade, [os que encontram sempre um defeito qualquer] não estão predispostos a enamorar-se, ainda que o desejem; o enamoramento que pretendem, também ardente, não é uma necessidade de romper por completo com o passado, de repor em discussão a sua vida, de lançar-se no risco do totalmente novo.
Ninguém se enamora se está, embora parcialmente, satisfeito com o que tem e com o que é. (…) Não é a nostalgia de um amor que nos faz enamorar, mas a convicção de não termos nada a perder tornando-nos naquilo que somos; é a perspectiva do nada à nossa frente. Só então se constitui dentro de nós a disposição para o diverso e para o risco, aquela propensão de nos lançarmos no tudo ou nada, que os que estão de qualquer modo satisfeitos com o que são não podem experimentar.
(…) Só quem está a perder a sua existência se aproxima da porta que separa o real do contingente; isto vale para todos os estados nascentes, por isso é também válido para todos os movimentos. Neste período a “resposta” pode igualmente não lhe vir de uma outra pessoa, ou seja, é passível de não terminar no enamoramento. Se o sujeito que está preparado para a mudança de estado se insere num sistema social onde se acha prestes a explodir um movimento colectivo, ele reconhecer-se-á neste; não se enamorará de uma pessoa, mas entrará no estado nascente de um grupo.
(…), se quisermos, é fácil fazer com que alguém se enamore de nós? Sim. Isto é possível porque há sempre quem esteja preparado para o enamoramento, quem se encontre disposto a lançar-se no tudo e no nada de uma vida nova. Então, uma pessoa pode apresentar-se –lhe para demonstrar que tudo isso é possível e representar aos seus olhos a porta através da qual encontrará a liberdade e a alegria mais plena. É possível fazer enamorar alguém se, no momento adequado, uma pessoa lhe surge mostrando-lhe que o compreende profundamente, se o anima na sua vontade de renovação, se o impele nesta direcção, lhe dá coragem, se se declara disposta a partilhar com ele o risco do futuro, ficando junto dele ombro a ombro, do seu lado, de qualquer maneira e para sempre. Qualquer pessoa pode fazer enamorar uma outra, que esperava a chamada, se lhe faz ouvir a voz que o chama pelo nome e lhe diz que o seu tempo chegou; se lhe diz que está aqui para reconhecer o destino de que ele é portador (…) [tudo isto pode ser enganador]"...(...)
Conforme diria o professor, "o enamoramento é a revolução de outubro, e o amor são os sovietes..."
Trabalhou em Publicidade em Portugal, Brasil e Estados Unidos.
Colaborou, igualmente, na Rádio("As Noites Longas do FM estéreo"), na Televisão ("O Jornalinho")e na Imprensa escrita.
Publicou vários livros de short stories, "O Galo de Barcelos ao Poder"(Moraes editora ), "As Noites Longas"(Rádio Comercial ),"Gostastes?"( Bizâncio)e "Photomaton"(MDS).
É um dos autores d'"O Canto do Galo"( Bizâncio) e do "Tamanho não é Qualidade" (MDS).
Mais recentemente, de novo pela Bizâncio, publicou "Cozinha Fácil para Homens que não sabem estrelar um ovo".
...(...)"Dissemos que se enamora quem está predisposto a enamorar-se, está disponível. Quer dizer, então, que nós nos enamoramos quando sentimos esse desejo? Quer dizer, então, que quem sente forte, ardente, o desejo de um novo grande amor está predisposto a enamorar-se? Não. Não há relação alguma entre o desejo de um amor e o enamorar-se verdadeiramente. (…) Na realidade, [os que encontram sempre um defeito qualquer] não estão predispostos a enamorar-se, ainda que o desejem; o enamoramento que pretendem, também ardente, não é uma necessidade de romper por completo com o passado, de repor em discussão a sua vida, de lançar-se no risco do totalmente novo.
ResponderExcluirNinguém se enamora se está, embora parcialmente, satisfeito com o que tem e com o que é. (…) Não é a nostalgia de um amor que nos faz enamorar, mas a convicção de não termos nada a perder tornando-nos naquilo que somos; é a perspectiva do nada à nossa frente. Só então se constitui dentro de nós a disposição para o diverso e para o risco, aquela propensão de nos lançarmos no tudo ou nada, que os que estão de qualquer modo satisfeitos com o que são não podem experimentar.
(…) Só quem está a perder a sua existência se aproxima da porta que separa o real do contingente; isto vale para todos os estados nascentes, por isso é também válido para todos os movimentos. Neste período a “resposta” pode igualmente não lhe vir de uma outra pessoa, ou seja, é passível de não terminar no enamoramento. Se o sujeito que está preparado para a mudança de estado se insere num sistema social onde se acha prestes a explodir um movimento colectivo, ele reconhecer-se-á neste; não se enamorará de uma pessoa, mas entrará no estado nascente de um grupo.
(…), se quisermos, é fácil fazer com que alguém se enamore de nós? Sim. Isto é possível porque há sempre quem esteja preparado para o enamoramento, quem se encontre disposto a lançar-se no tudo e no nada de uma vida nova. Então, uma pessoa pode apresentar-se –lhe para demonstrar que tudo isso é possível e representar aos seus olhos a porta através da qual encontrará a liberdade e a alegria mais plena. É possível fazer enamorar alguém se, no momento adequado, uma pessoa lhe surge mostrando-lhe que o compreende profundamente, se o anima na sua vontade de renovação, se o impele nesta direcção, lhe dá coragem, se se declara disposta a partilhar com ele o risco do futuro, ficando junto dele ombro a ombro, do seu lado, de qualquer maneira e para sempre. Qualquer pessoa pode fazer enamorar uma outra, que esperava a chamada, se lhe faz ouvir a voz que o chama pelo nome e lhe diz que o seu tempo chegou; se lhe diz que está aqui para reconhecer o destino de que ele é portador (…) [tudo isto pode ser enganador]"...(...)
Conforme diria o professor, "o enamoramento é a revolução de outubro, e o amor são os sovietes..."
;-)