NICOLAU
Tive a oportunidade de assistir recentemente no Casino de Lisboa, a um espectáculo onde a figura única era Nicolau Breyner.
Devo começar estas linhas por confessar que este actor não se enquadrava nas minhas simpatias, mesmo reconhecendo o seu valor nos mais variados campos da representação mas não sei porque mistério mesmo desde os tempos do Senhor Feliz e do Senhor Contente que tanto êxito alcançou, nunca me sintonizei sobretudo com o visual da sua presença.
E foi por isso que comodamente sentado numa das primeiras filas da sala do Casino, encarei a sua aparição em palco com um misto de indiferencia e resquícios de pequena antipatia.
O espectáculo começou, o monólogo foi-se desenrolando e eu fui sendo vencido pela presença forte do Nicolau, um texto leve e critico numa bem definida primeira parte com alusões à sua Família e ao ambiente politico, acabando por passar a uma segunda parte sem intervalo, onde foi relatando diversos episódios da sua carreira no Teatro e recordando grandes nomes da Cena.
Aqui, muito do contado, deu azo a sentir-me transportado para a época em que tanto gostava de ir ao Parque Mayer ver Revistas e deliciar-me com Salvador, Humberto Madeira, Solnado e tantos outros que marcaram o período áureo daquele género de Teatro.
E foi neste momento que entre muitas gargalhadas, minhas e da assistência, senti a injustiça da minha antiga posição de homem de pouca fé perante o Nicolau e as suas qualidades de actor.
Comprovadamente em Portugal são poucos os humoristas de craveira, somos um Povo melancólico estando o Fado a servir de testemunha pois até nas leves Revistas do Parque Mayer encaixava quase sempre um número musical romântico ou mesmo triste mas nos anos recentes talvez pela invasão brasileira na música , na televisão e nas ruas parece que se assiste ao esboçar de mais sorrisos pese embora a violência que impera na Sociedade e o desabar da nossa economia, esta mal servida por quem nos tem andado a enganar.
Nicolau Breyner deu-me novas esperanças no humor e não só !
José Manuel de Sousa
quinta-feira, 29 de abril de 2010
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Curioso, que também eu nunca tinha apreciado devidamente o Nicolau e a sua carreira multifacetada, a dedicação à formação de actores, o seu olhar crítico sobre a sociedade. Aqui há tempos vi-o numa entrevista e melhorei muito a minha opinião. Foi altura de ressuscitar o seu papel em Vila Faia (1ª versão), Equador, Call Girl! Na verdade estava a ser muito injusta!
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