O Guilherme convidou-me a irmos hoje comer ostras.
Este meu amigo, além de excelente pintor, é o que usualmente se chama um 'bom garfo'.
Tem atelier na Bica, mora em Cascais, mas é capaz de ir almoçar a Setúbal só para se deliciar com uns belos Robalos ou viajar até ao Alentejo para petiscar umas Migas de Espargos.
Mas voltemos ao tema principal...
Sempre que ouço falar em Ostras, lembro Paris.
Nas três/quatro viagens anuais que faço a essa cidade ( muitas vezes por apenas um, dois dias) uma das refeições é habitualmente iniciada com um belo prato de ostras.
Reservo uma da noites em que vou flanar pelo Boulevard des Capucines ou pela Rive Gauche para escolher uma brasserie com aquele toque de Art Deco e Belle Èpoque em que os parisienses são exímios, acomodo-me numa mesa da esplanada, coberta ou ao ar livre dependendo da temperatura, e lá peço um prato de ostras que surgem sempre sobre uma cama de gelo picado.
Gravettes lado a lado com Belons ou Pied-de-Cheval, acompanhadas com molho vinaigrette ou au naturel...
Algumas delas até são chamadas de Petites Portugaises, embora o nome científico seja o de Crassostrea Angulata.
Então se no ambiente parisiense aprecio este molusco, em que o sabor a mar é tão intenso, porque é que em terras lusitanas nunca me lembro de fazer tal pedido?
A resposta não a sei. O que sei é que hoje, frente ao rio a ouvir a sempre enriquecedora conversa deste meu amigo, vou atacar a primeira ostra, regada com umas gotas de limão e vou-me deparar com uma pérola do tamanho de um berlinde.
Ó lá se vou...
sexta-feira, 16 de abril de 2010
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Também adoro ostras, gosto do sabor a mar, e de as ver a retorcerem-se todas quando lhes cai em cima a gota de limão ou a gota de Tabasco.
ResponderExcluir(Ensinou-me o meu falecido amigo João M. de C. que também era um cozinheiro de eleição, e quando não andava por esse mundão di deuz também tinha casa em Cascais, e conhecia todas as tasquinhas de Setúbal, por exemplo...)
:-)
Mas para mim as recordações com elas estão associadas ao estabelecimento do Mário Rui e da Celina aí na margem sul, ou aqui na Praia num restaurante que tem vista para a dita, e viveiros próprios um pouco mais a norte, e ainda a Bayonne, nas tasquinhas em cima do rio Nîve que servem aquelas ollonaises enormes...
As portugaises são mais pequeninas, e reza a lenda que se chamam assim porque um navio 'tuga' com um carregamento delas naufragou nas costas de França e elas adaptaram-se a viver naquelas praias.
Eram as preferidas do Hemingway, (até porque eram as mais baratas e o gajo na altura 'tava teso...) que as consumia nos bistros de Paris com meia carafe de vinho branco enquanto escrevia, ele descreve isso em 'A Moveable Feast'.
A recordação mais rara que tenho com ostras passou-se quando cheguei a Natal (RN), e fui com um montão de amigos brasileiros petiscar em cima da praia de Areia Negra, ou Ponta Prêta, já não lembro bem.
Os empregados olharam para mim como se eu fosse um alien quando eu disse que as queria cruas e com meio limão galego on the side, os gajús lá acham de bom tom envolvê-las num polme qualquer estranho e fritá-las...
Detesto ostras, só pelo aspecto!
ResponderExcluirMas a descrição do João e do James estão ambas excelentes. Até parece que sinto o bruaa de Paris ou o cheiro intenso a mar Cantábrico. :)
Bom fim de semana e carpe "ostras"!
Haja pérola!
ResponderExcluirJá tenho o presente garantido...